Pesquisa inédita aponta que as mulheres ainda têm dúvidas sobre as atitudes que garantem a higiene íntima.
Reportagem: Chloé Pinheiro - Edição: MdeMulher
Deixar a calcinha de lado antes de se deitar faz bem para a sua vagina.
Foto: Bruno Marçal
Foto: Bruno Marçal
"Não é que dormir sem calcinha seja obrigatório, mas melhora a circulação e ajuda a arejar a área, além de diminuir corrimentos e o excesso de suor em quem sofre com esses problemas", explica Paulo Novak, ginecologista da Universidade Federal de São Paulo. "Se a região ficar muito abafada, tende a ocorrer um acúmulo de secreções, o que desequilibra a flora vaginal", completa. Daí, corre-se o risco de algum micro-organismo crescer além da conta e causar chateações. "A falta de arejamento favorece a proliferação de bactérias que não toleram oxigênio, justamente as responsáveis por boa parte dos problemas que acometem o sexo feminino na sua intimidade", aponta o ginecologista Eliezer Berenstein, de São Paulo.
Sem tirar a calcinha
Agora, se a mulher acha desconfortável abrir mão da lingerie, sem crise. Basta priorizar uma peça de tecidos porosos. O sempre citado algodão? Pode até ser. "À noite, uma calcinha bem folgada de renda traz mais vantagens do que uma apertada de algodão", pondera o ginecologista Paulo Giraldo, da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo. O pijama é outro item importante. "Vestir camisolas ou calças e shorts amplos é até mais importante do que usar ou não calcinha", opina, ainda, Giraldo. Em relação aos protetores diários - absorventes usados fora do período menstrual -, não há conversa. São contraindicados porque dificultam a circulação de ar nas partes baixas.Sabonete íntimo
Apesar das dúvidas a respeito de abolir a calcinha à noite, a higienização pré-descanso é um hábito adotado por quase todas as entrevistadas: 84% delas tomam banho antes de apoiar a cabeça no travesseiro, algo muito recomendado pelos especialistas. Das que não entram no chuveiro, boa parcela recorre a duchas com sabonetes íntimos, o que nos leva a outra questão que gera bafafá: produtos específicos para essa parte do corpo precisam ser usados por toda mulher?"Além de terem o pH semelhante ao da vagina da mulher, os sabonetes íntimos apresentam pouca detergência. Por isso, tiram a gordura na medida certa, evitando ressecamento da mucosa", defende Giraldo. O pH é crucial nessa história porque regula a flora vaginal, aquele universo de micro-organismos que moram na região. "Ali convivem fungos e bactérias, todos em níveis equilibrados. O problema começa quando um deles passa a sobressair", avisa Novak. Aí, sim, as mais diversas encrencas costumam dar as caras. "Candidíase e até gonorreia podem aparecer mesmo sem ter ocorrido uma relação sexual desprotegida", alerta Berenstein.
Os produtos para higiene íntima levam ainda a vantagem de normalmente não contarem com substâncias alergênicas e serem fluidos - o que diminui o risco de contaminação em comparação aos sabonetes em barra. Mas, calma lá, não há por que excluir do box o sabão comum. "Se a mulher está acostumada com ele e não possui condições que podem ser agravadas por causa de sua utilização, não tem motivo para trocar", diz Novak. Para manter a vagina saudável, um banho diário é suficiente, exceto nos dias agitados que provocam transpiração demais.
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