Perda de memória recente causa dificuldade de reconhecer pessoas e objetos
O jogador move o personagem, que sofre de Alzheimer, fazendo-o andar por vários cenários. Sempre que ele chega perto de objetos ou outras figuras humanas, caixas de texto aparecem na tela e mostram frases que expressam exemplos de pensamentos que poderiam passar pela mente do portador da doença. Numa das cenas, o personagem encontra-se com a sua mulher, em casa. Ela o conforta, dizendo que eles podem “passar pelo problema juntos”. Enquanto isso, ele a olha, sem reconhecê-la, e pensa: “Isso é uma coisa... grande. Não estou certo de para quê serve”.
Daniel Schachter, neurologista do
Hospital São Vicente de Paulo, explica que esta dificuldade para
distinguir um ser humano de um objeto pode ocorrer em fases mais
avançadas de demência. Ele diz que o distúrbio não tem a ver com
alterações na visão do doente, mas sim com a sua incapacidade de reter
na memória acontecimentos recentes.
“Para interpretar o que vemos, e
lembrar de um objeto, o cérebro recorre à recordação de como ele se
parecia. Se não consegue encontrar registros daquilo, começa a ‘supor’ o
que seja, e, nisso, acaba fazendo associações bastante estranhas”,
analisa Schachter.
No jogo, fica claro como o doente tem
dificuldades de entender mudanças à sua volta. Dentro do metrô, ele
chega a ver pessoas que desaparecem no segundo seguinte. Isso também
ocorre devido à perda da memória recente. “Ele até viu que alguém
entrou, mas como não fixou a cena na lembrança, ao olhar de novo,
interpreta como se a pessoa tivesse ‘aparecido’”, explica.Perda de capacidades
A doença de Alzheimer acomete com mais frequência adultos maiores de 65 anos, e é causa de cerca de 70% dos casos de demência no mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O mal ocorre quando um tipo de proteína começa a se acumular em algumas partes do cérebro, o que provoca perda gradual da memória, da capacidade de realizar tarefas (engolir, levantar etc), e de expressão.
Segundo Daniel Schachter, há formas de retardar o processo degenerativo, mas não como evitá-lo. “Prescrevemos remédios específicos para isso, mas também ajuda o acompanhamento de um fonoaudiólogo e fisioterapeuta.” Os familiares também podem estimular o doente a fazer jogos simples que ajudam a ‘ativar’ o cérebro, como caça-palavras.
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