De acordo com a professora Káthia M.
Honório, da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a
partir deste trabalho foi possível entender as principais
características moleculares das substâncias em estudo e que estão
relacionadas com a atividade biológica desejada. “Em um ou dois anos
esperamos planejar, computacionalmente, novas substâncias que deverão
ser sintetizadas e submetidas a testes biológicos”, acredita a docente,
que foi coorientadora da pesquisa de doutorado de Luciana Luzia de
Carvalho, defendida no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP,
e que teve como orientador o professor Albérico B. F. da Silva. Para os
testes biológicos, Káthia antecipa que irá contatar grupos de pesquisa
que tenham experiência com o tema.
A professora explica que a enzima HIV
integrase é responsável pela integração do DNA viral no cromossomo alvo
do hospedeiro, sendo essa etapa fundamental para a replicação do vírus.
“Em estratégias de Química Medicinal, um dos principais objetivos é
propor novas substâncias químicas com o intuito de inibir a enzima HIV
integrase de forma a impedir, eficazmente e com menores efeitos
colaterais, a replicação do vírus”, descreve.
Modelos computacionais -
Káthia conta que, para estudar um conjunto de substâncias químicas que
apresentam atividade biológica frente à enzima HIV integrase, foram
utilizadas as técnicas de QSAR 2D e 3D, que geram modelos computacionais
que relacionam as propriedades bi e tridimensionais das substâncias
químicas com a atividade biológica.
“Por exemplo, a partir de um modelo de
QSAR, podemos inferir que moléculas muito volumosas apresentam
significativa atividade biológica e, a partir desse resultado, podemos
planejar novos compostos levando essa característica em consideração”,
explica.
Além disso, a cientista ressalta que os métodos de acoplamento molecular (docking), também utilizados no estudo, fornecem informações sobre as principais interações entre os compostos e o sítio ativo da enzima. “Os métodos de docking realizam a simulação de cada substância dentro do sítio ativo do alvo e as moléculas que realizarem o maior número de contatos dentro do alvo biológico deverão apresentar a atividade biológica desejada.”
O conjunto de substâncias estudado nesta pesquisa foi sintetizado e testado biologicamente por outros grupos de pesquisa.
“Nós apenas construímos os modelos computacionais para entender quais
propriedades químicas estão relacionadas com os dados de atividade
biológica e, a partir desses resultados, entender o mecanismo de ação e
propor modificações moleculares para obtenção de novas substâncias,
candidatas a novos fármacos.”
Fonte: Agência USP de Notícias
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