ISABELLA BRANDÃO
Tudo o que eu preciso pra viver carrego sem ocupar as mãos.
Tudo o que eu preciso pra ser feliz não se transporta numa caixa, não se guarda numa na bolsa, nem pesa nos ombros.
Carrego comigo o que é possível pra me movimentar livre, nesse mundo tão cheio de coisas.
As coisas que eu carrego não têm peso, nem forma, nem volume.
São coisas que me alimentam sem que eu precise comer.
Que me locomovem sem que eu precise caminhar.
Que me alegram sem que eu precise comprar.
Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais.
A dignidade conquistada com o meu trabalho.
As lições aprendidas na dor.
O amor dos meus afetos.
E a força da minha fé.
Com isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem.
Assim fica mais fácil viver e andar por aí.
Porque coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão.
As coisas que não cabem no coração, pesam nos braços.
Por isso eu carrego só coisas que caibam aqui, nos sonhos que eu inventei pra ser feliz.
Como explicar o amor
Como explicar o amor? Os poetas tentam exprimi-lo em palavras, as canções tentam traduzir seu sentido e os loucos pensam que conhecem seus mistérios. Alguns o buscam incansavelmente, outros fogem dele, assustados. Muitos o tem como um tesouro mais precioso, enquanto outros carregam as amargas cicatrizes por tê-lo perdido pelo caminho... mas, como explicar esse sentimento que nasce no peito da gente num estampido furtivo, numa explosão calma e invisível, que nos transforma a todos? Que transforma o mais valente em fraco e que enche de coragem o coração do mais covarde? Que transforma o mais honesto em mentiroso e que enche de compreensão o coração do mais selvagem? Que transforma trevas em luzes, desertos em jardins floridos? Como explicar esse sentimento atrevido, que nos invade, fazendo nosso corpo tremer sem ter frio, nosso coração disparar sem motivo, nossas mãos suarem, nossos olhos brilharem, toda vez que a gente vê aquela pessoa à nossa frente? Aquela pessoa! Que poderes tem aquela pessoa, um simples mortal como eu, mas que é mais do que qualquer pessoa? Aquela pessoa é o próprio instrumento do amor, creio. Como explicar?
E por que o amor dói dentro da gente? Por que será que, muitas vezes, ele nos aflige, nos afugenta, nos acorrenta, nos escraviza? Por que queima? Essa chama que não vemos, que corrói e não sabemos onde? Nossa alma? Nosso corpo? E onde é o começo dele e o fim? Sabemos? Onde está o irremediável segundo em que nos entregamos a ele? Em que momento, exatamente, nos deixamos cegar por ele? Como e quando nos deixamos atrair, indefesos, pelas suas garras magnéticas? Seria possível, ao mais intelectual, ao mais racional, ao mais insensível e ao mais cruel dos seres conseguir se desvencilhar das garras do amor, no momento fatal em que ele ataca?
O amor escraviza e... liberta! Te liberta para conhecer o outro lado. Te liberta para ver a beleza de tudo ao redor. Te liberta para ser feliz, daquela felicidade singela e pura, que é a felicidade de ser... simplesmente ser! Te faz sorrir, sonhar, esperar, cantar, e sua força é tanta, que a vontade é extravasar, dividir, gritar aos quatro ventos que ama, como se o amor nos fizesse orgulhosos de amar...
Aos que são mais comedidos, o amor se apresenta sorrateiro e ele tem os seus disfarces. Aos mais afoitos, ele vem transparente, claro, como uma onda, como um abraço. Aos temerosos, ele se chega manso, terno. O fato é que ele sempre vem, infalivelmente, e te pega de jeito, prega a peça, te encurrala e te apanha. De nada valem os protestos, a indignação, a contradição, a contra posição... de nada adianta! Ele te apanha e te embala em seus braços, ele te apanha e te hipnotiza, ele te apanha e te cobre de ouro.
A Lua aproxima os corações que amam, o Sol aquece suas intenções, as estrelas refletem seus gemidos silenciosos. O mar deixa de ser grande, as montanhas deixam de ser intransponíveis, o infinito deixa de se perder na imensidão... por causa do amor. Como explicar essa grandeza? Como entender?
Seria o amor, uma porção menor de Deus dentro de nós mesmos? Seria como uma herança divina, abençoada, sagrada? Seria o amor exatamente o que precisamos para nos tornar dignos de um perdão? Dignos de uma absolvição qualquer? Dignos de uma eternidade? Seria o amor a peça que nos falta para entender tudo o que não entendemos? O bálsamo para as feridas? O exato refúgio de nossos pecados? O preciso alívio das desventuras? O que seria o amor, então?
E quantas formas ele tem? De quantas maneiras podemos amar? Quantas vezes tropeçaremos nele? Quantas pessoas no vasto mundo podem deter a força que o move dentro da gente? Quantas faces pode o amor ter? Muitas, eu diria. Muitas faces, muitas possibilidades, caminhos diversos, gerados do mesmo princípio cósmico: o amor!
Quisera eu pudesse entender a sua essência, quisera eu pudesse dominá-lo em suas profundezas, quisera eu pudesse saber a fórmula matemática perfeita que o ativa e o desativa, sua química, sua física, sua lógica! Quisera eu pudesse livrar do sofrimento aqueles que amam sem ser correspondidos, aqueles que amam e esperam, aqueles que amam à distância, aqueles que amam quem já se foi e até mesmo aqueles que nunca amaram... Quisera eu pudesse, mas não posso, afinal, não sou, eu mesmo, uma de suas vítimas?
Sou um simples mortal à procura de respostas. Fisgado e acorrentado aos mistérios do amor. Que sustenta sua leveza, que o acomoda dentro do peito, que o assiste, implacável. Sou apenas um ser que ama, sem saber explicar ao certo, o que vem a ser esse sentimento meu, íntimo em meus pensamentos, presente em meus gestos e palavras. Um sentimento tão meu e tão fora de meu controle. Um mal desejado, doença sem remédio, veneno sem antídoto, mas desejado pelo bem que me faz.
Janete Callahan
Tudo o que eu preciso pra ser feliz não se transporta numa caixa, não se guarda numa na bolsa, nem pesa nos ombros.
Carrego comigo o que é possível pra me movimentar livre, nesse mundo tão cheio de coisas.
As coisas que eu carrego não têm peso, nem forma, nem volume.
São coisas que me alimentam sem que eu precise comer.
Que me locomovem sem que eu precise caminhar.
Que me alegram sem que eu precise comprar.
Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais.
A dignidade conquistada com o meu trabalho.
As lições aprendidas na dor.
O amor dos meus afetos.
E a força da minha fé.
Com isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem.
Assim fica mais fácil viver e andar por aí.
Porque coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão.
As coisas que não cabem no coração, pesam nos braços.
Por isso eu carrego só coisas que caibam aqui, nos sonhos que eu inventei pra ser feliz.
Como explicar o amor
Como explicar o amor? Os poetas tentam exprimi-lo em palavras, as canções tentam traduzir seu sentido e os loucos pensam que conhecem seus mistérios. Alguns o buscam incansavelmente, outros fogem dele, assustados. Muitos o tem como um tesouro mais precioso, enquanto outros carregam as amargas cicatrizes por tê-lo perdido pelo caminho... mas, como explicar esse sentimento que nasce no peito da gente num estampido furtivo, numa explosão calma e invisível, que nos transforma a todos? Que transforma o mais valente em fraco e que enche de coragem o coração do mais covarde? Que transforma o mais honesto em mentiroso e que enche de compreensão o coração do mais selvagem? Que transforma trevas em luzes, desertos em jardins floridos? Como explicar esse sentimento atrevido, que nos invade, fazendo nosso corpo tremer sem ter frio, nosso coração disparar sem motivo, nossas mãos suarem, nossos olhos brilharem, toda vez que a gente vê aquela pessoa à nossa frente? Aquela pessoa! Que poderes tem aquela pessoa, um simples mortal como eu, mas que é mais do que qualquer pessoa? Aquela pessoa é o próprio instrumento do amor, creio. Como explicar?
E por que o amor dói dentro da gente? Por que será que, muitas vezes, ele nos aflige, nos afugenta, nos acorrenta, nos escraviza? Por que queima? Essa chama que não vemos, que corrói e não sabemos onde? Nossa alma? Nosso corpo? E onde é o começo dele e o fim? Sabemos? Onde está o irremediável segundo em que nos entregamos a ele? Em que momento, exatamente, nos deixamos cegar por ele? Como e quando nos deixamos atrair, indefesos, pelas suas garras magnéticas? Seria possível, ao mais intelectual, ao mais racional, ao mais insensível e ao mais cruel dos seres conseguir se desvencilhar das garras do amor, no momento fatal em que ele ataca?
O amor escraviza e... liberta! Te liberta para conhecer o outro lado. Te liberta para ver a beleza de tudo ao redor. Te liberta para ser feliz, daquela felicidade singela e pura, que é a felicidade de ser... simplesmente ser! Te faz sorrir, sonhar, esperar, cantar, e sua força é tanta, que a vontade é extravasar, dividir, gritar aos quatro ventos que ama, como se o amor nos fizesse orgulhosos de amar...
Aos que são mais comedidos, o amor se apresenta sorrateiro e ele tem os seus disfarces. Aos mais afoitos, ele vem transparente, claro, como uma onda, como um abraço. Aos temerosos, ele se chega manso, terno. O fato é que ele sempre vem, infalivelmente, e te pega de jeito, prega a peça, te encurrala e te apanha. De nada valem os protestos, a indignação, a contradição, a contra posição... de nada adianta! Ele te apanha e te embala em seus braços, ele te apanha e te hipnotiza, ele te apanha e te cobre de ouro.
A Lua aproxima os corações que amam, o Sol aquece suas intenções, as estrelas refletem seus gemidos silenciosos. O mar deixa de ser grande, as montanhas deixam de ser intransponíveis, o infinito deixa de se perder na imensidão... por causa do amor. Como explicar essa grandeza? Como entender?
Seria o amor, uma porção menor de Deus dentro de nós mesmos? Seria como uma herança divina, abençoada, sagrada? Seria o amor exatamente o que precisamos para nos tornar dignos de um perdão? Dignos de uma absolvição qualquer? Dignos de uma eternidade? Seria o amor a peça que nos falta para entender tudo o que não entendemos? O bálsamo para as feridas? O exato refúgio de nossos pecados? O preciso alívio das desventuras? O que seria o amor, então?
E quantas formas ele tem? De quantas maneiras podemos amar? Quantas vezes tropeçaremos nele? Quantas pessoas no vasto mundo podem deter a força que o move dentro da gente? Quantas faces pode o amor ter? Muitas, eu diria. Muitas faces, muitas possibilidades, caminhos diversos, gerados do mesmo princípio cósmico: o amor!
Quisera eu pudesse entender a sua essência, quisera eu pudesse dominá-lo em suas profundezas, quisera eu pudesse saber a fórmula matemática perfeita que o ativa e o desativa, sua química, sua física, sua lógica! Quisera eu pudesse livrar do sofrimento aqueles que amam sem ser correspondidos, aqueles que amam e esperam, aqueles que amam à distância, aqueles que amam quem já se foi e até mesmo aqueles que nunca amaram... Quisera eu pudesse, mas não posso, afinal, não sou, eu mesmo, uma de suas vítimas?
Sou um simples mortal à procura de respostas. Fisgado e acorrentado aos mistérios do amor. Que sustenta sua leveza, que o acomoda dentro do peito, que o assiste, implacável. Sou apenas um ser que ama, sem saber explicar ao certo, o que vem a ser esse sentimento meu, íntimo em meus pensamentos, presente em meus gestos e palavras. Um sentimento tão meu e tão fora de meu controle. Um mal desejado, doença sem remédio, veneno sem antídoto, mas desejado pelo bem que me faz.
Janete Callahan
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