5.05.2014

A hospitalidade para com os haitianos: quão humana é a nossa sociedade?



Por Leonardo Boff:
O drama de centenas e centenas de haitianos, vítimas de devastador terremoto, que, via o Estado do Acre, buscam hospitalidade no Brasil, representa um teste de quanto humana é ou não é a nossa sociedade. Não queremos nos restringir somente aos haitinos, mas aos tantos que são expulsos de suas terras, posseiros, indígenas, quilombolas e outros, pelo avanço do agronegócio, das hidrelétricas ou desalojados como recentemente do prédio da OI no Rio de Janeiro e que tiveram que se refugiar na praça da Catedral da cidade. Organismos da ONU nos dão conta de que existem no mundo alguns milhões de refugiados por guerras, por problemas de fome ou climáticos e outras causas semelhantes. Quais Abraãos andam por ai buscando quem os acolha e terra para trabalhar e viver. E não encontram. E quantas naves são rejeitadas tendo que vagar pelos mares no meio de todo tipo de necessidades e desesperanças.
Basta lembrar os refugiados de África que chegam à ilha italiana de Lampeduza. Receberam a solidariedade do Papa Francisco, ocasião em que fez as mais duras críticas à nossa civilização por ser insensível e perder a capacidade de chorar sobre a desgraça de seus semelhantes. Todos estes padecem sob a falta de hospitalidade e de solidariedade.
No Brasil, nos jornais mas especialmente na mídias sociais, se deslanchou acirrada polêmica sobre como tratar os haitianos desesperados e depauperados que estão chegando ao Brasil. O Governador Tião Viana do Acre mostrou profunda sensibilidade e hospidade acolhendo-os a ponto de, com os meios parcos de um Estado pobre, não dar conta da situação. Teve que pedir socorro ao Governo Central. Mas foi de forma desavergonhada injuriado por muitos nas redes sociais e no twitter. Aí nos damos conta quão desumanos e sem piedade algumas pessoas podem ser. Nem respeitam a regra de ouro universal de tratar os outros como gostariam de ser tratados. Segundo o notável biólogo chileno Humberto Maturana, tais pessoas retrocedem ao estágio pre-humano dos chimpanzés que são societários mas autoritários e pouco hospitaleiros.
É neste contexto que a virtude da hospitalidade ganha especial relevância. A hospitalidade disse-o o filósofo Kant em seu último livro A Paz Perpétua (1795): é a primeira virtude de uma república mundial.

Um comentário:

Unknown disse...

Os haitianos ve o Brasil como uma esperanca e cheio de vontade de trabalhar e vencer na vida. Pessoas assim merece um voto de confianca. Dai eu vejo, no Brasil esta cheio de pessoas que nao enxergam essas oportunidades e vai para o mundo do crime alegando falta de oportunidade. E lamentavel.
Outra coisa:as igrejas principalmente a catolica que e uma das instituicoes mais ricas do planeta fazem vista grossa ao problema mas sempre que alguem toma alguma atitude critica. Sao todos materialista. Ja canonizaram muitos santos que esses realmente merecem pois abriu mao da riqueza para fazer caridade.