Casos de poliomielite e ebola no mundo geram preocupação com a vinda de estrangeiros
Cerca de 600 mil turistas estão sendo esperados só na cidade do Rio de Janeiro por conta dos grandes eventos esportivos que acontecem no Brasil, de acordo com dados da Embratur divulgados pelo prefeito Eduardo Paes em uma reunião que aconteceu sexta-feira (2) no Centro de Operações, Centro do Rio. Com 56% dos ingressos para as partidas da Copa no Rio vendidos para estrangeiros, uma das grandes preocupações é se os setores de saúde do país estão preparados para atender doenças que podem vir junto com turistas nos aeroportos.Recentemente, 74 pessoas morreram na Guiné desde o início do ano por ocorrências de Ebola. Segundo Ministério da Saúde local, 121 casos foram confirmados e o vírus se propagou para a Libéria. Além disso, o conselho de Agricultura de Taiwan notificou o primeiro caso de infecção com o vírus H5N2 da gripe aviária em frangos de um mercado registrado na capital da ilha, Taipé. Casos como estes preocupam a população do Brasil, visto que são esperados turistas de vários lugares do mundo para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
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De acordo com o infectologista Alberto Chebabo, chefe do serviço de doenças infecciosas e parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), os casos de ebola não são uma ameaça forte para o Brasil. “As ocorrências de ebola foram com uma população que pouco provavelmente virá para o Brasil na Copa. Além disso, o vírus da ebola não é um vírus de disseminação muito rápida, são surtos localizados e é um vírus de efetividade um pouco mais baixa”, explicou.
O Ministério da Saúde sinalizou que, com base no perfil dos países participantes da Copa do Mundo, na época do ano e no perfil epidemiológico brasileiro, as principais doenças que estão sendo monitoradas são sarampo e influenza. Além disso, o Ministério declarou estar atento a qualquer notificação de síndrome exantemática, diarreica aguda e respiratória. A recomendação é a de que profissionais da área de saúde fiquem atentos a todos os sintomas que aparecerem no período da competição.
O infectologista Chebabo ressalta também os perigos de surtos de sarampo, levantando a questão da vinda da doença por parte dos países europeus, onde é muito comum as pessoas não se vacinarem. “A maior preocupação na área de saúde é trazer doenças infecciosas como o sarampo. Têm ocorrido alguns casos no Ceará já há algum tempo, a maioria vindo da Europa. Países como Itália, França e Suíça registram muitos casos de sarampo por conta das pessoas não se vacinarem e acabam sendo essas pessoas que introduzem o sarampo no Brasil”, contou.
Outro vírus preocupante de acordo com o infectologista é o chikungunya, um vírus parecido com o da dengue e é transmitido também pelo mosquito Aedes aegypti. “Aqui no Brasil a gente tem o mosquito, mas não tem o vírus. O chikungunya vem da Ásia e existe uma preocupação do caso de ele entrar”, pontuou.
A assessoria do Ministério da Saúde informou que desde 2011 estão sendo reforçadas ações de prevenção de doenças transmissíveis em todas as 12 sedes da Copa do Mundo e, mais recentemente, nas cidades que serão centros de treinamento das seleções. De acordo com o Ministério da Saúde foi intensificada, por exemplo, a cobertura contra sarampo entre os profissionais que atuam no contato direto com torcedores, turistas e profissionais relacionados ao evento.
Outra medida que o Ministério da Saúde anunciou foi a realização da vigilância internacional de doenças em parceria com a Organização Mundial da Saúde.
Sobre medidas específicas para as Olimpíadas que acontecem no Rio de Janeiro, a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado declarou integrar junto ao Ministério da Saúde e à Secretaria Municipal de Saúde do Rio um comitê organizador na área de saúde para os grandes eventos, porém não entrou em detalhes acerca de quais medidas de prevenção estão sendo tomadas.
Para se proteger, o infectologista Alberto Chebabo recomenda medidas de prevenção na ida e na volta das viagens. “Para quem está chegando, avisar se uma pessoa está febril e orientar essa pessoa a procurar atendimento da Anvisa nos aeroportos. A febre pode não ser nada, mas também pode ser alguma coisa mais grave. E para as pessoas que estão saindo, elas devem procurar se vacinar antes e também buscar informações. As pessoas tem que se acostumar a procurar esses serviços com pelo menos um mês antes de viajar”, disse Chebabo, lembrando que, no Rio de Janeiro, as pessoas podem entrar em contato com o HUCFF/UFRJ para receber todas as orientações médicas antes de viajar.
Surto de poliomielite
Uma notícia que gerou preocupação foi a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado nesta segunda-feira (5) estado de emergência para a poliomielite, que se propagou em vários países. A estimativa da OMS é de que o maior risco de propagação da poliomielite esteja no Paquistão, Camarões e Síria, mas a doença também foi detectada no Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria. Todos esses países estão incluídos no estado de emergência.
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A OMS chamou as autoridades locais a lançar campanhas de vacinação para todos que precisam viajar e a manter este controle por no mínimo seis meses depois de verificar que não serem mais identificados novos casos da doença. As principais vítimas da poliomielite são crianças de até cinco anos, e se trata de uma doença contagiosa que pode causar paralisia e até mesmo levar à morte.
Com relação à poliomielite, o Ministério da Saúde lembra que não há registro de casos da doença dentro do país desde 1990. Além disso, o país possui certificado da OMS de eliminação da doença e, anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza campanhas de vacinação, com coberturas superiores a 95%, o que confere alto grau de proteção à população brasileira.
Sobre o comunicado da OMS, o documento não faz restrição de viagens para os países que tiveram circulação do vírus nos últimos meses. Entretanto, a assessoria do Ministério da Saúde ressaltou a recomendação de que os brasileiros que queiram visitar estes países mantenham atualizada a caderneta de vacinação.
O infectologista Alberto Chebabo concorda que o risco de surto no Brasil é baixo. “Primeiro porque, assim como no caso da Ebola, a população dos países atingidos pelo surto não é a que deve vir para a Copa, por serem populações mais pobres. Segundo, porque temos uma cobertura vacinal muito boa no Brasil, temos pouquíssimas pessoas suscetíveis à doença no país por conta da vacinação”, avaliou.
A vacina contra a poliomielite é ofertada gratuitamente nos postos de saúde e, segundo o Ministério da Saúde, é feito um monitoramento permanente da situação da doença em outros países.
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