Prossegue a todo vapor campanha do Financial Times contra o governo brasileiro, executada com perfeito timing eleitoral
Por Marcelo Zero*
O FT, a bíblia britânica do capital financeiro e da ortodoxia econômica, que defende as políticas econômicas que ocasionaram a recessão mundial e que atrasam a recuperação dos países que as adotam, não se conforma com as políticas contracíclicas adotadas por Dilma. Eles preferem, é claro, as medidas impopulares que promete Aécio.
As mesmas que são adotadas hoje na Europa fragilizada e em crise, inclusive no Reino Unido. As mesmas que vêm aumentando as desigualdades e o desemprego; e diminuindo salários, aposentadorias e direitos.
Em novo artigo pomposamente intitulado Brazil´s Olympian World Cup Blues, o FT critica Dilma pelo atraso nas obras da Copa e pela economia “ladeira abaixo”. Chegam a afirmar que Rousseff é “Merkel-seeming but Marx brothers-delivering” (com aparência de Merkel, mas com resultados dos Irmãos Marx). Os nossos conservadores com alma de vira-latas vibram com o desrespeito vulgar à nossa presidenta, achando que o FT é a voz de Deus. Senão do Todo Poderoso, pelos menos do Mercado, o Deus ex Machina do liberalismo.
O gozado é que o FT há pouco comemorou o resultado do PIB britânico de 2013, o qual, depois de corrigido, mal chegou a 1,7%, resultado bem inferior ao Brasil, que foi de 2,3%.
Ressalte-se que, mesmo com esse resultado, o PIB britânico continua 1,3% inferior ao PIB de 2008, como se mostra na linha inferior do gráfico abaixo. Essa linha mostra também uma recuperação muito lenta e penosa, refreada pelas políticas ortodoxas que o FT tanto recomenda. Ninguém, nem mesmo os irmãos Marx, conseguiriam fazer humor com esse desastre.
Em
contraste, o PIB do Brasil, estimulado pelas “desastrosas” políticas
contracíclicas adotadas pelo governo brasileiro, está hoje, mesmo com a
redução recente do crescimento econômico, 14% acima do seu nível de
2008.
Essa recuperação britânica muito lenta e difícil também afeta o mercado de trabalho. Há atualmente, no Reino Unido, um número menor de empregados de tempo integral do que havia em 2008. Mesmo com a pequena e lenta recuperação recente, houve a destruição líquida de 135 mil de empregos desse tipo, desde 2008. Na realidade, até 2012, o Reino Unido havia perdido 2,7 milhões de ocupações. O pequeno crescimento recente recuperou as ocupações perdidas, mas essa geração de ocupações se concentrou no trabalho autônomo e no trabalho em tempo parcial. Os empregos de qualidade, os empregos em tempo integral, ainda continuam em nível inferior ao dos tempos pré-crise.
Em contraste, o governo dos “irmãos Marx” de Dilma Rousseff gerou
nada menos que 4,8 milhões de empregos com carteira assinada em apenas
três anos. Como são eficientes esses Irmãos Marx brasileiros!
No que tange aos rendimentos do trabalho, 2014 será a primeira vez, em seis anos (!), que os salários mínimos do Reino Unido crescerão além da inflação, isto é, terão algum ganho real. Nada de mais, somente algo em torno de 2%. Isso não fará nem cócegas na diminuição dos rendimentos reais do trabalho, naquele país.
Em contraste, nos governos do PT o salário mínimo cresceu, em termos reais, cerca de 70%. Nem a imaginação dos irmãos Marx faria o salário mínimo crescer tanto.
O contraste maior, entretanto, está nas desigualdades. As políticas ortodoxas adotadas no Reino Unido desde o período de governo de Margaret Thatcher, que o FT sempre aplaudiu, vêm aumentando bastante as desigualdades naquele país. O índice de Gini passou de 0,240, ao final dos anos 70, para 0,340, em 2012. Hoje, apenas as cinco mais ricas famílias do Reino Unido têm mais que os 20% mais pobres da população. Algo surreal, digno do humor cáustico dos irmãos Marx.
CRESCIMENTO das Desigualdades No Reino Unido
No que tange aos rendimentos do trabalho, 2014 será a primeira vez, em seis anos (!), que os salários mínimos do Reino Unido crescerão além da inflação, isto é, terão algum ganho real. Nada de mais, somente algo em torno de 2%. Isso não fará nem cócegas na diminuição dos rendimentos reais do trabalho, naquele país.
Em contraste, nos governos do PT o salário mínimo cresceu, em termos reais, cerca de 70%. Nem a imaginação dos irmãos Marx faria o salário mínimo crescer tanto.
O contraste maior, entretanto, está nas desigualdades. As políticas ortodoxas adotadas no Reino Unido desde o período de governo de Margaret Thatcher, que o FT sempre aplaudiu, vêm aumentando bastante as desigualdades naquele país. O índice de Gini passou de 0,240, ao final dos anos 70, para 0,340, em 2012. Hoje, apenas as cinco mais ricas famílias do Reino Unido têm mais que os 20% mais pobres da população. Algo surreal, digno do humor cáustico dos irmãos Marx.
CRESCIMENTO das Desigualdades No Reino Unido
O Reino Unido é hoje um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido
Já no Brasil, as políticas de eliminação da pobreza a e de diminuição
das desigualdades adotadas pelos governos à la irmãos Marx, na
definição do FT, vêm diminuindo rapidamente as desigualdades. Vejam o
gráfico abaixo.
O FT quer
fazer gracinhas com o Brasil de hoje, que não segue, como no passado, o
script desastroso das políticas ortodoxas. Mas se esquece de um pequeno
detalhe: a realidade.
Quando se compara um modelo com o outro só se pode chegar a uma conclusão: se o governo de Dilma Rousseff é algo semelhante a uma comédia dos Irmãos Marx, então as análises do FT são dignas dos filmes dos Três Patetas.
Quando se compara um modelo com o outro só se pode chegar a uma conclusão: se o governo de Dilma Rousseff é algo semelhante a uma comédia dos Irmãos Marx, então as análises do FT são dignas dos filmes dos Três Patetas.
*Marcelo Zero é formado em Ciências Sociais pela UnB
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