Cerca de 15% dos pacientes submetidos à cirurgia para redução de estômago voltam a engordar
O Dia
Rio - O Brasil
já é o segundo país no mundo que mais realiza cirurgias bariátricas,
com 80 mil registros por ano, e fica atrás apenas dos Estados Unidos.
Também conhecida como cirurgia de redução do estômago, ela costuma dar
importantes resultados na perda de peso e na qualidade de vida dos
pacientes. No entanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica (SBCBM) alerta que cerca de 10% a 15% dos pacientes ganham
peso acima do aceitável e 5% recuperam novamente todos os quilos
perdidos com o auxílio da cirurgia.
Fernanda perdeu 50 quilos e já ganhou 15: 'Descontei toda a minha ansiedade na má alimentação'
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
O principal estudo científico sobre os resultados
da cirurgia bariátrica em longo prazo, realizado na Suécia, o Swedish
Obese Study (SOS), mostrou que cinco anos depois,
metade dos pacientes operados ganham 20% do peso perdido e, após 10
anos da cirurgia, apenas um terço dos pacientes mantêm o peso perdido
nos primeiros dois anos.
“A obesidade é uma doença crônica. Ela tem controle, mas não tem cura. Se a pessoa faz a cirurgia, emagrece, mas não consegue
manter o controle da alimentação e dos exercícios físicos e volta a ter
a vida de antes, a obesidade vai voltar”, afirma o presidente da SBCBM,
Josemberg Campos. O fator psicológico conta muito. É o que
explica Vanesca Medeiros, psicóloga especialista em compulsão e
tratamento de obesidade, que também passou pela cirurgia bariátrica há
12 anos. “O paciente fica muito empolgado com a perda de peso, mas
depois ele começa a relaxar e aí vem a compulsão e ele acaba descontando
na comida”, disse Vanesca, que sofre com a obesidade desde a infância. Aos 28 anos e com 145 quilos decidiu fazer a bariátrica e emagreceu 50 quilos. “Tive dois momentos de ganho
de peso e emagreci novamente. Minha experiência ajuda muito os meus
pacientes. Sempre digo: recomece agora tudo aquilo que lhe foi ensinado
no momento em que você estava sendo preparado para a cirurgia”,
ressalta. A jornalista Fernanda Galvão é operada há oito anos e há
um ano voltou a ganhar peso. “Cheguei a ganhar 15 quilos porque parei
com o tratamento psicoterápico. Descontei toda a minha ansiedade na má
alimentação.” Para reverter o ‘efeito-sanfona’, ela reforçou a dieta e
voltou a praticar exercícios físicos e a fazer tratamento psicoterápico. Aparelho bucal ajuda a reduzir peso Novas
técnicas surgiram para atender pacientes que já passaram pela cirurgia
bariátrica, mas que não conseguem perder peso. É o caso do tratamento
com gás de argônio, que atua fechando a anastomose do estômago e
reduzindo ainda mais o espaço de passagem dos alimentos, aumentando a
sensação de saciedade. Aparelhos bucais restritivos também ajudam
na perda de peso. O Dioral, desenvolvido pela Odontologia Cambraia com
sucesso em Minas Gerais, chega agora ao Rio de Janeiro. De acordo com a
dentista Ilvelane Cambraia, o resultado pode ser comparado ao do balão
intragástrico. “Ele atua no mecanismo da saciedade alimentar, que é
diretamente ligado ao tempo que o indivíduo leva para ingerir o
alimento”, explica. O dispositivo é fixo aos dentes, restringindo o
espaço livre bucal e obrigando o paciente a prolongar o tempo de
mastigação. O Dioral deve ser usado por um período mínimo de seis meses,
tempo necessário para sedimentar os novos hábitos alimentares. O método
é indicado para maiores de 18 anos. Reportagem de Aline Cavalcante
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