Por Mário Simas Filho
Embora o Brasil não seja visado pelos agentes do terror, o fato de sediar o maior evento esportivo do mundo o coloca como potencial cenário para as covardias jihadistas
Os atentados
ocorridos na França colocam ao Brasil um desafio enorme. Depois da
trágica sexta-feira 13 de novembro, em Paris, o evento capaz de atrair a
atenção de todo o planeta tem nome, data e local definidos: Jogos
Olímpicos de 2016, em agosto, no Rio de Janeiro.
É certo que antes disso teremos a COP 21 na
França, no mês que vem, com a presença de mais de 100 chefes de Estado,
mas trata-se de um encontro que não chega aos pés de uma Olimpíada
quando se tem na alça de mira o apelo popular e a visibilidade
planetária. Nos jogos do Rio de Janeiro estarão presentes 10,5 mil
atletas representando 205 países, 500 mil turistas estrangeiros e
audiência global estimada em quatro bilhões de pessoas.
O cenário perfeito para quem quer ser visto
ou produzir ações que disseminem o pânico. A Olimpíada por si só já
fornece números superlativos, e acrescente-se a eles o fato de o Brasil
não ter em sua agenda diária a preocupação com atos de terrorismo, muito
menos a convivência com homens-bomba, embora tenhamos na violência uma
de nossas principais mazelas.
Embora o Brasil não seja visado pelos
agentes do terror, o fato de sediar o maior evento esportivo do mundo o
coloca como potencial cenário para as covardias jihadistas. Não vamos
nos esquecer que os Jogos de Munique, em 1972, e de Atlanta, em 1996,
foram usados por terroristas. Portanto, depois do 13 de novembro, o
desafio que se impõem a nossos agentes de segurança ganhou uma nova
dimensão. Como garantir a integridade de tantos atletas e torcedores?
Será possível terminar o evento com a imagem de um País pacifico e capaz
de ser tolerante, de conviver com a diversidade e de ser implacável na
defesa dos valores ditos civilizatórios?
Para fazer do limão uma limonada,
precisamos mais que o treinamento específico aos nossos policiais. Com
rapidez, as autoridades brasileiras precisam se mostrar capazes de ter
acesso e unificar informações em poder dos mais eficientes serviços de
inteligência do mundo. Afinal, a informação prévia é a única arma que em
tese pode conter alguém capaz de se explodir em nome de uma causa. Sem
abrir mão de sua autonomia, os brasileiros precisam demonstrar
capacidade de articulação para promover políticas de prevenção que
reúnam em um só esforço interesses difusos e contraditórios e colocar
sob seu comando os agentes de diversas culturas e nacionalidades.
Até aqui, no que se refere aos Jogos
Olímpicos, o Brasil, e particularmente o Rio de Janeiro, vêm
surpreendendo por ações absolutamente positivas. Não há informação sobre
desvios de recursos e boa parte das obras encontra-se absolutamente
dentro do calendário estabelecido. Nada além da obrigação, mas muito se
considerarmos o que ocorreu com a preparação para a Copa no ano passado.
Agora, é torcer por medalhas nas arenas esportivas e por eficiência e
competência extra jogo.
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