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“A patologia molecular já traz informações relevantes no manejo de vários cânceres, como o linfoma, o de mama, o de intestino e o melanoma, uma versão mais violenta de tumor de pele”, elenca Paulo Hoff, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Exemplo: no tal melanoma, a análise do DNA de uma fração do tecido doente pode encontrar uma mutação no gene BRAF. “Na presença dela, o remédio vemurafenibe traz uma resposta até duas vezes melhor que os convencionais”, conta Stephen Stefani, oncologista do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Agora, se a alteração não existir, de pouco adianta gastar tempo e dinheiro com a droga.
Há uma perspectiva real de, no futuro, a medicina lançar mão da patologia molecular inclusive para detectar um tumor em estágio incipiente e sem avaliações invasivas ou demoradas. “A ideia é captar, em uma gota de sangue, fragmentos do DNA das primeiras células malignas, que não são visíveis em outros exames”, projeta a patologista Renata Coudry, coordenadora médica do Laboratório de Anatomia Patológica do Sírio-Libanês.
A essa proposta se dá o nome de biópsia líquida – e ela até já é utilizada para checar, por exemplo, se um câncer de pulmão tem alto risco de desenvolver resistência ao tratamento. Contudo, para pegar o oponente em fase inicial com um exame de sangue, é preciso conhecer melhor quais pedaços do genoma tumoral são despejados na circulação desde o princípio. E também de uma tecnologia mais certeira, capaz de identificar, com margem de erro mínima, essas moléculas dedo-duro em meio a milhões de células saudáveis. “No contexto do câncer, um engano gera consequências desastrosas”, conclui Hoff. Não há avanço da ciência que seja mais essencial do que a confiança para tomar uma decisão correta.
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