11.25.2015

Chico Buarque fala sobre música, família e fama em documentário

Filme do cineasta Miguel Faria Jr. chega hoje(25-nov.) aos cinemas

Karina Maia
Chico Buarque abriu as portas de seu apartamento no Leblon para Miguel
Foto: Divulgação
Rio - Chico Buarque pode até ter fama de reservado e avesso a entrevistas, mas o cineasta Miguel Faria Jr. garante que o cantor é superaberto. A conclusão veio não só dos muitos anos de amizade com o compositor, mas também do tempo que conviveu com ele para concluir o documentário ‘Chico — Artista Brasileiro’, com estreia marcada para amanhã nos cinemas. Isso porque o compositor abre as portas do apartamento, no Leblon, e fala não só da carreira artística, mas de assuntos mais íntimos, como a forma que encontrou para se aproximar do pai na juventude ou do empenho a lembrar as notas de uma música no violão para fazer um dueto com a neta.
“Ele sabia que eu não ia fazer um filme de fofocas e vida pessoal, nem uma entrevista jornalística”, defende o diretor. Mesmo assim, usando dez canções como fio condutor do filme, não havia como só se falar de música. “Queria entender o processo de ser um artista popular que atravessou tantas transformações do Brasil ao longo da carreira”, explica Miguel.
A mesma ideia já tinha sido posta em prática em 2005, com o documentário ‘Vinicius’. “Vinicius de Moraes foi um cara que nasceu em 1913 e parou de trabalhar quando o Chico estava despontando”, comenta o diretor, que emenda: “Ele fez muito sucesso, mas levou muita porrada também. Foi muito marcado e machucado”, completa, referindo-se à censura que enfrentou na ditadura.
Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, o compositor conta que a forma que encontrou para se aproximar do pai foi mergulhar na biblioteca que ele cultivava em casa. “Lia um livro e depois conversávamos sobre”, diz ele a Miguel no longa. Foi assim que ganhou essa definição de Tom Jobim: “O cara fala bem italiano, francês, inglês, sabe compor, cantar... Sabe tudo. Por isso, dou umas músicas a ele de vez em quando. Mas só de vez em quando, para não atrapalhar o menino”.
Aliás, o tom bem-humorado do longa não está presente só no depoimento do maestro, retirado de uma antiga entrevista. “O Chico é do tipo que vai contar uma história e, quando acha graça dela, ri tanto que mal consegue chegar ao fim”, diz Miguel. Mas para o cineasta, a parte mais marcante das filmagens foi ter acompanhado Chico em sua busca pela identidade de um irmão desconhecido na Alemanha e o registrar em sua câmera ao dizer: “Me contaram que o meu irmão gostava da versão alemã da minha música ‘A Banda’. Olha isso! Então, quer dizer que ele me conheceu de certa forma”.

Um comentário:

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Um gênio. Documentário histórico.