A microcefalia é uma anomalia
congênita, que se manifesta antes do nascimento e pode ser resultado de
uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias
químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e
radiação. Em coletiva de imprensa realizada em (17/11), o Ministério da
Saúde (MS) informou que uma das possibilidades que está sendo
considerada por alguns especialistas seria a transmissão vertical do
vírus zika - diagnósticos laboratoriais do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz) que constataram a presença do genoma do vírus zika em amostras relativas a duas gestantes
do estado da Paraíba. Ou seja, a malformação poderia estar relacionada à
infecção pelo vírus zika em gestantes nos primeiros meses de gestação.
O vírus zika muitas vezes é confundido
com dengue e chikungunya. No Brasil, desde 2014 temos a presença desses
três vírus. Mas ainda há a necessidade de se ampliar a divulgação
sobre os sintomas e, principalmente, as diferenças entre essas três
infecções.
Dengue, chikungunya e zika são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti.
E, embora zika, chikungunya e dengue apresentem sinais clinicamente
parecidos, como febre, dores de cabeça, dores nas articulações, enjoo e
exantema (rash cutâneo ou machas vermelhas pelo corpo), há alguns
sintomas marcantes que as diferem. A principal manifestação clínica de
chikungunya, por exemplo, são as fortes dores nas articulações, a
artralgia. Essa artralgia pode se manifestar em todas as articulações,
mas, em especial, nas dos pés e das mãos, como dedos, tornozelos e
pulsos. Na chikungunya, essas dores são decorrentes de um processo
inflamatório nas articulações e podem ser acompanhadas de edemas e
rigidez.
Também é possível haver esse tipo de
dores na dengue e no zika, mas a diferença está, segundo especialistas,
na intensidade da dor. Enquanto o paciente com dengue ou zika pode
apresentar dores de leves a moderadas, o paciente infectado com
chikungunya apresenta dores de nível elevado, tendo como consequência a
redução da produtividade e da qualidade de vida. Na fase subaguda ou
crônica da doença, as dores podem persistir por meses ou até mesmo
anos, particularmente em pacientes mais velhos. Segundo dados do
Instituto Pasteur, um estudo sobre os casos ocorridos na África do Sul
relatou que pacientes ainda sofriam de dores intensas nas articulações
de 3 a 5 anos após a infecção aguda de chikungunya.
Com relação à febre, dengue e
chikungunya são marcadas pela febre alta, geralmente acima de 39°C e de
início imediato. Já os pacientes de zika apresentam febre baixa ou,
muitas vezes, nem apresentam febre. Os sintomas relacionados ao vírus
zika costumam se manifestar de maneira branda e o paciente pode,
inclusive, estar infectado e não apresentar qualquer sintoma. Mas uma
manifestação clínica que pode aparecer logo nas primeiras 24 horas e é
considerada uma marca da doença é o rash cutâneo e o prurido, ou seja,
manchas vermelhas na pele que provocam intensa coceira. Há, inclusive,
relatos de pacientes que têm dificuldade para dormir por conta da
intensidade dessas coceiras.
Outro sintoma que pode servir nos
diagnósticos clínicos dessas doenças é a vermelhidão nos olhos.
Enquanto a dengue provoca dores nos olhos, o paciente infectado com
zika ou chikungunya pode apresentar olhos vermelhos, com uma
conjuntivite sem secreção.
Dentre as três doenças, dengue tem sido
considerada a mais perigosa pelo número de mortes. Segundo boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em outubro deste ano,
já são 693 mortes por dengue confirmadas apenas em 2015. Mortes
relacionadas à chikungunya são muito raras e ocorrem por complicações
em pacientes com doenças pré-existentes. E, embora ainda não se tenha
relato de morte relacionada à infecção por zika, esse vírus é o único
dentre os três que tem sido associado a complicações neurológicas,
conforme relatado durante epidemias simultâneas de zika e dengue na
Polinésia Francesa.
O diagnóstico clínico feito pelo médico
ou profissional de saúde é essencial, uma vez que é o método mais
rápido e o paciente já pode iniciar o tratamento mais adequado. No
entanto, de acordo com as falas de pesquisadores durante o seminário Vigilância em Saúde das Doenças Virais Chikungunya, Zika e Dengue: desafios para o controle e a atenção à saúde,
realizado na Fiocruz nos dias 3 e 4/11, os profissionais de saúde
ainda necessitam de capacitação no manejo clínico dessas doenças, uma
vez que zika e chikungunya entratam no Brasil apenas em 2014.
A confirmação do diagnóstico clínico
pode ser feita por meio de exames laboratoriais. O Instituto Oswaldo
Cruz (IOC/Fiocruz) e o Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) têm
laboratórios de referência para a detecção dos vírus da dengue, zika e
chikungunya. A Fiocruz Paraná também está trabalhando no
desenvolvimento de um kit para diagnóstico rápido de infecção por
chikungunya.
Para investigar os casos de microcefalia
que têm sido notificados no Brasil, o MS está realizando exames
clínicos, de imagens e laboratoriais com mães e bebês, além de
entrevistas e investigação do histórico do pré-natal e obstétrico.
Ainda não há vacina para nenhuma das três doenças. A prevenção para
dengue, zika e chikungunya é o combate ao mosquito Aedes aegypti
e o uso de repelentes. Como a cocirculação dos três vírus nas Américas
é recente, ainda são necessários muitos estudos, especialmente com
relação à coinfecção e o efeito da infecção sequencial desses
diferentes vírus.
Entenda mais sobre cada uma dessas doenças no Glossário de Doenças:
Dengue
Chikungunya
Zika
Dengue
Chikungunya
Zika
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