Maior laboratório farmacêutico público do país chega aos 40 anos com planos de expansão
Vinculado à Fiocruz, Farmanguinhos é o laboratório público brasileiro com maior capacidade de produção de remédios, cerca de 40. O que não significa que sua operação seja a maior atualmente. Como atende à demanda do Ministério da Saúde, o instituto depende de programas do governo federal para definir quantos e quais medicamentos serão fabricados, todos para o SUS. O diretor executivo, Hayne da Silva, explica que, desde 2005, a escala produtiva foi reduzida, mas, por outro lado, os produtos foram aperfeiçoados.
— Além de repassar dinheiro, o Ministério da Saúde entregava kit de medicamentos. Mas, nesse ano, houve uma mudança na forma de financiamento da assistência de medicamento básico aos municípios. A partir de 2005, o governo federal passou a somente repassar dinheiro, e o município decide onde compra remédios. Agora, ficamos só com programas estratégicos do ministério, como os de combate à Aids, hepatite C, esquistossomose, tuberculose e filariose. Em compensação, nós nos aperfeiçoamos e hoje entregamos remédios de maior valor — diz. Com cerca de 700 funcionários, Farmanguinhos produz hoje 11 tipos de medicamento, sendo seis na própria fábrica, em Jacarepaguá; e cinco por meio de parcerias com laboratórios privados. Esse tipo de operação permitiu, inclusive, a criação de um novo biolarvicida, que começará a ser comercializado agora, contra o mosquito Aedes aegypti. A tecnologia foi desenvolvida pela equipe de pesquisa do instituto, mas será produzida por outro laboratório.
— O Brasil tem conhecimento para produzir tecnologia, mas falta política de incentivo — explica Silva, que ocupa o cargo de diretor executivo de Farmanguinhos desde 2009 e antes era funcionário da área de pesquisas do instituto.
EXPANSÃO EM PAUTA
— O novo biolarvicida que desenvolvemos é um exemplo da nossa capacidade técnica. Mas não conseguimos hoje produzir tecnologia própria em escala industrial. Estamos caminhamos para um projeto que mudaria esse paradigma. Até porque precisamos desenvolver produtos ignorados pelo mercado, como drogas para doenças tropicais, malária, filariose. Hoje o que dá dinheiro, e assim se direcionam as pesquisas privadas, são diabetes e hipertensão — afirma.
Na área sanitária, a tecnologia de ponta já é uma realidade em Farmanguinhos. Única autarquia federal com certificação de gestão ambiental, concedida pelo BSI Group, o laboratório trata todo o efluente e o lodo produzidos pelo complexo. A engenheira Érica Ribeiro conta que existe até um processo correndo na Cedae para obtenção de isenção de pagamento de taxa de esgoto.
— Nossa própria estação de tratamento dá conta de todo o lixo. Temos uma tecnologia de tratamento biológico que limpa o efluente antes de ele chegar ao Arroio Fundo. Agora estamos desenvolvendo um projeto de reúso, para utilizar essa água na jardinagem, por exemplo — explica a responsável pela área.
PORTAS ABERTAS A VISITANTES
Para quem olha de fora, é difícil imaginar que na bela casa da Estrada dos Bandeirantes 421 funciona uma fábrica farmacêutica. Desde 2009 no local, o Grupo Servier, originário da França, está completando em abril 40 anos de presença no Brasil. Para marcar a data, abrirá suas portas a visitantes durante o próximo mês. E, na próxima semana, anunciará a produção de cerca de 15 novos remédios nos próximos cinco anos, além de uma parceria com a Fiocruz.
— A ideia da ação veio do orgulho que nós temos de poder contribuir com a melhora da saúde e do bem-estar das pessoas. Percebemos que poucas têm noção de como funciona uma indústria farmacêutica, dos desafios enfrentados no desenvolvimento de novos medicamentos e do longo processo para transformar essas descobertas científicas em remédios disponíveis para todos — explica o diretor-geral do Grupo Servier Brasil, Christophe Sabathier.
O laboratório é voltado para o desenvolvimento e a produção de medicamentos para doenças como diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca. O telefone para agendamento de visitas é 2142-1430.
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