LONDRES - Preocupados com um problema que vem crescendo no mundo inteiro, o cyberbullying - quando uma criança ou adolescente sofre algum tipo de violência intencional via algum meio virtual, repetidas vezes, por ser, de alguma maneira, menos poderoso que seus agressores - leitores do New York Times mandaram perguntas para Elizabeth K. Englander, professora de Psicologia e diretora do Centro de Redução de Agressões de Massachusetts, em Bridgewater State College, sobre como ajudar seus filhos. As respostas, a maioria no sentido de os pais monitorarem de perto o que acontece no mundo virtual dos filhos, abre diversas polêmicas sobre como a educação deve permear o dia a dia das crianças neste mundo inevitavelmente - e não necessariamente para o lado ruim - mais tecnológico. Confira as respostas da especialista.
" É importante perceber a diferença entre carregar um celular que permita ligar para a mãe e o pai e ter um computador em miniatura - que pode navegar na web e receber e enviar fotos e textos "
Leitora: Como posso preparar a minha filha para o cyberbullying, já que ela passa horas em frente ao computador e tem o seu próprio celular?
Elizabeth K. Englander: O ideal é falar sobre o problema antes que ele aconteça de fato. Pergunte aos seus filhos sobre o cyberbullying, se já ouviram falar, se conhecem alguma criança que tenha enfrentado o problema. Contem a eles o que vocês sabem sobre cyberbullying. Algumas orientações são dadas no site da instituição (em inglês, pelo endereço www.MARCcenter.org ). Outro ponto que gostaria de falar é que a idade mínima para ter uma conta no Facebook é de 14 anos. Sei que muitas crianças falsificam suas idades e acho que dar essa permissão a elas é enfatizar o não cumprimento de regras. Meu método com os meus filhos é dizer a eles que só terão uma conta no Facebook seguindo as regras, e uma delas é não mentir sobre a idade. É claro que muitas abrem suas contas sem os pais nem saberem e mentem sobre suas idades, mas acho que isso é diferente de quebrar uma regra com o consentimento da família.
Leitora: Quando as crianças devem ter a permissão para ter seu próprio celular ou acessar sozinhas os sites de seus interesses? Percebo que eles precisam de uma educação (e os pais também) sobre como se comportarem no mundo virtual. As escolas também têm um importante papel nisso?
Elizabeth K. Englander: É importante perceber a diferença entre carregar um celular que permita ligar para a mãe e o pai e ter um computador em miniatura - que pode navegar na web e receber e enviar fotos e textos. Os pais devem monitorar o que os filhos fazem online ao invés de dar às crianças um aparelho que pode acessar a internet sem nenhuma educação prévia. Pensamos nos celulares como telefones. Mas nossos estudos em Massachusetts mostram que eles só usam o aparelho para ligar em 20% do tempo ou menos.
Acho que o ideal é informar seu filho sobre os riscos do celular, e que você estabeleça com o seu filho um código de confiança em que você espere que ele respeite os outros online e as regras estabelecidas pelos pais. Celulares dados e com as contas pagas por mamãe e papai são um privilégio, não um direito. Como todos os nossos filhos terão que usar todos esses aparelhos eletrônicos , a educação, os conselhos, e o bate-papo são fundamentais.
O GLOBO
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