Uma queimadura é uma lesão do tecido produzida pelo efeito do calor, dos produtos químicos ou da electricidade.
A maioria das pessoas pensa que o calor é a única causa de queimaduras, mas algumas substâncias químicas e a corrente eléctrica também podem provocá-las. Apesar de a pele ser, normalmente, a parte do corpo que se queima, os tecidos que se encontram por baixo também podem ser afectados e até, por vezes, podem ficar queimados os órgãos internos mas não a pele. Por exemplo, o facto de se ingerir um líquido muito quente ou uma substância cáustica, como o ácido, pode queimar o esófago e o estômago. A inalação de fumo e de ar quente provenientes do fogo de um edifício em chamas pode queimar os pulmões.
Os tecidos queimados podem morrer. Quando os vasos sanguíneos ficam danificados por uma queimadura, escapa-se líquido do seu interior e isso provoca inchaço. Numa queimadura extensa, a grande perda de líquido a partir do funcionamento anormal dos vasos sanguíneos pode provocar um quadro de choque.
Nesta grave situação, a tensão arterial baixa tanto que muito pouco sangue chega ao cérebro e a outros órgãos vitais.
As queimaduras provocadas pela electricidade podem ser devidas a temperaturas de mais de 5000ºC, geradas pela passagem de uma corrente eléctrica, desde a fonte de energia até ao corpo. Este tipo de queimaduras, por vezes chamadas queimaduras de arco eléctrico, costumam destruir e carbonizar completamente a pele no ponto em que a corrente entra no corpo.
As queimaduras provocadas pela electricidade podem ser devidas a temperaturas de mais de 5000ºC, geradas pela passagem de uma corrente eléctrica, desde a fonte de energia até ao corpo. Este tipo de queimaduras, por vezes chamadas queimaduras de arco eléctrico, costumam destruir e carbonizar completamente a pele no ponto em que a corrente entra no corpo.
Como a resistência (capacidade do corpo para deter ou desacelerar o fluxo de corrente) no ponto onde a pele entra em contacto com a fonte de electricidade é alta, grande parte dessa energia converte-se em calor e, por isso, queima a superfície. A maioria das queimaduras provocadas pela electricidade também danificam gravemente os tecidos localizados sob a pele. Estas queimadura variam em extensão e profundidade e podem afectar uma área muito maior do que a pele queimada sugere. Os grandes choques eléctricos podem paralisar a respiração e alterar o ritmo cardíaco, provocando batimentos perigosamente irregulares (arritmias).
As queimaduras por agentes químicos podem ser provocadas por produtos irritantes e venenosos, incluindo ácidos e alcalis fortes, fenóis e cresóis (solventes orgânicos), gás mostarda e fósforo. Estas lesões são capazes de provocar a morte do tecido, que pode progredir lentamente durante horas, inclusivamente depois da queimadura.
Sintomas
A gravidade de uma queimadura depende da quantidade de tecido afectado e da profundidade da lesão, que se descreve como de primeiro, de segundo ou de terceiro grau.
As queimaduras de primeiro grau são as menos graves. A pele queimada torna-se vermelha, dorida, muito sensível ao tacto e húmida ou inchada. A área queimada torna-se branca ao tocá-la ligeiramente, mas não se formam bolhas.
As queimaduras de segundo grau provocam um dano mais profundo. Formam-se bolhas na pele, cuja base pode ser vermelha ou branca, as quais estão cheias de um líquido claro e espesso. A lesão, dolorosa ao tacto, pode tornar-se branca ao tocá-la.
As queimaduras de terceiro grau provocam uma lesão ainda mais profunda. A superfície cutânea pode estar branca e amolecida ou negra, carbonizada e endurecida. Como a zona queimada pode ter uma coloração pálida, pode-se confundi-la com pele normal nas pessoas de tez clara, embora não se torne branca ao tacto. Os glóbulos vermelhos danificados da zona lesionada podem fazer com que a mesma adquira uma cor vermelha intensa.
Em certos casos, na pele queimada aparecem bolhas e os pêlos desta zona costumam ser facilmente arrancados pela raiz. A área afectada perde a sensibilidade ao tacto. Geralmente, as queimaduras de terceiro grau não doem, porque os terminais nervosos da pele ficam destruídos.
A distinção entre as queimaduras de segundo grau, profundas, e as de terceiro grau é difícil antes de vários dias após a lesão.
Prognóstico
A cura depende da profundidade e da localização da queimadura. Nas queimaduras superficiais (queimaduras de primeiro grau e de segundo grau superficiais), as camadas da pele morta soltam-se e a mais externa (epiderme) volta a crescer para cobrir as inferiores. Uma nova camada de epiderme pode crescer rapidamente a partir da base de uma queimadura superficial, sem deixar nenhuma cicatriz ou, quando muito, uma pequena. Estas queimaduras não destruem os estratos profundos da pele (derme), que não tem capacidade de regeneração.
As queimaduras profundas provocam danos permanentes na derme. Uma nova camada de epiderme cresce lentamente a partir das orlas da zona queimada ou de qualquer resto de epiderme. Em consequência, a regeneração é muito lenta e formam-se cicatrizes consideráveis. A área queimada também tem tendência para se retrair, distorcendo a pele e interferindo no seu funcionamento.
As queimaduras ligeiras no esófago, no estômago e nos pulmões costumam curar-se sem problemas. No entanto, as mais graves podem provocar cicatrizes e estreitamentos, denominados estenoses. Estas podem obstruir a passagem de alimentos pelo esófago e interferir na transferência de oxigénio do ar para o sangue nos pulmões.
Tratamento
Cerca de 85 % das queimaduras são de pouca importância e podem ser tratadas em casa, no consultório do médico ou nas urgências de um hospital. É necessário despir o queimado (sobretudo se tiver roupa que arda facilmente, como camisas de fibras sintéticas, ou que esteja coberta de alcatrão quente ou impregnada de algum produto químico), pois assim ajuda-se a deter a progressão da queimadura e evitam-se novas lesões. Os produtos químicos, como os ácidos, os alcalis e os compostos orgânicos, limpam-se da superfície cutânea com água abundante, o mais cedo possível.
A hospitalização do queimado é mais aconselhável nas seguintes situações:
Queimaduras da cara, das mãos, dos órgãos genitais ou dos pés.
Dificuldades no tratamento ao domicílio.
O queimado tem menos de 2 anos ou mais de 70.
Danos em alguns órgãos internos.
Queimaduras ligeiras
Sempre que seja possível, as queimaduras ligeiras deverão ser submersas de imediato em água fria. As queimaduras com produtos químicos deverão ser lavadas com grandes quantidades de água, repetidamente. No consultório do médico ou nas urgências, a queimadura é cuidadosamente limpa com água e sabão para eliminar a sujidade. Se houver pó agarrado à superfície da pele, pode-se anestesiar a zona e eliminá-lo com uma escova. As bolhas que tiverem rebentado ou que poderão rebentar com facilidade costumam ser extraídas. Uma vez limpa a zona, aplica-se um creme com um antibiótico, como a sulfadiazina de prata.
Em seguida, coloca-se uma ligadura, normalmente feita de gaze, para proteger a zona queimada do pó e de outras possíveis lesões. Manter a área limpa é extremamente importante, porque, se a camada superior da pele (epiderme) estiver danificada, pode sobreinfectar-se. Os antibióticos podem ajudar a evitar a infecção, mas nem sempre são necessários. Se a imunização do doente não estiver actualizada, aplica-se uma dose de reforço da vacina antitetânica.
Um braço ou uma perna queimados costumam manter-se a uma altura mais elevada do que o coração, para reduzir o edema. Manter esta posição só é possível no hospital, onde parte da cama pode ser elevada ou é possível recorrer-se à tracção. Se a queimadura afectar uma articulação e for de segundo ou de terceiro grau, pode ter que ser imobilizada com uma tala, pois o movimento poderá piorar a ferida. Muitos queimados precisam de analgésicos, geralmente derivados opiáceos, durante pelo menos alguns dias.
Queimaduras graves
As queimaduras mais graves, que põem a vida em perigo, requerem atenção imediata, de preferência num hospital equipado para tratar queimaduras. A equipa de socorro ou da ambulância costuma administrar oxigénio às vítimas de incêndio, utilizando uma máscara facial, com o fim de as ajudar a superar os efeitos do monóxido de carbono, um gás venenoso que se forma nos incêndios. Na sala de urgências, os médicos e as enfermeiras certificam-se de que o doente pode respirar bem, confirmam que as outras feridas não põem em perigo a sua vida e começam o tratamento para repor os líquidos perdidos e para evitar infecções. Para tratar as queimaduras graves, em certos casos utiliza-se a terapêutica com oxigénio hiperbárico, na qual o doente é colocado numa câmara especial, com oxigénio a uma pressão mais elevada do que o habitual. No entanto, deve ser posta em prática nas primeiras 24 horas depois de se ter produzido a queimadura e nem todos os centros de atendimento dispõem desta câmara.
Se durante um incêndio as vias respiratórias e os pulmões tiverem sido lesionados, coloca-se um tubo na garganta para apoiar a respiração. A decisão de colocar este tubo (entubar) depende de factores como o ritmo respiratório, uma vez que o facto de respirar demasiado depressa ou muito lentamente impede que os pulmões se encham suficientemente e que chegue ao sangue uma quantidade adequada de oxigénio.
Enxerto de pele
Pode ser necessário entubar se tiver sido provocada uma lesão directamente na cara ou quando o edema da garganta ameaça a respiração. Em certos casos entuba-se quando o médico suspeita que existe uma lesão respiratória antes de ela ser evidente; por exemplo, quando a vítima esteve exposta a um tipo de fogo que, geralmente, danifica as vias respiratórias (especialmente um incêndio num espaço fechado ou uma explosão), quando se encontra fuligem no nariz ou na boca ou então quando os pêlos das fossas nasais são queimados. Se a respiração for normal, basta administrar oxigénio por meio de uma máscara facial.
Uma vez limpa a zona, aplica-se um creme ou um unguento com antibiótico. Depois, cobre-se com ligaduras esterilizadas. Essa ligadura é mudada duas ou três vezes por dia. Como as queimaduras extensas são extremamente susceptíveis às infecções graves, são administrados antibióticos por via endovenosa. Dependendo do estado das vacinas anteriores dos queimados, também se pode aplicar um dose de reforço da vacina antitetânica.
As queimaduras extensas podem provocar uma perda de líquidos capaz de pôr em perigo a vida do doente. Também são administrados fluidos por via endovenosa para repor as perdas.
As queimaduras profundas podem provocar mioglobinúria, uma situação em que os músculos lesionados libertam a proteína mioglobina, que danifica os rins. Pode verificar-se insuficiência renal, a menos que se administrem líquidos suficientes.
As situações de perigo devem ser evitadas
A pele queimada converte-se numa superfície espessada e crostosa denominada escara, que se pode retrair, endurecer e impedir que o sangue chegue normalmente à zona. A diminuição do fornecimento de sangue pode ser perigosa se a queimadura abrange completamente um braço ou uma perna. O médico talvez tenha de cortar a escara (escarotomia) para assim conseguir aliviar a pressão que se exerce sobre o tecido são que se encontra por baixo.
Uma queimadura profunda pode ser curada por si só se a zona afectada for pequena (não maior que uma moeda) e se mantiver meticulosamente limpa. No entanto, se a derme subjacente tiver sofrido um dano significativo, geralmente é necessário um enxerto de pele para cobrir a zona lesionada. Um enxerto é uma porção de pele sã, que é extraída doutras zonas do corpo da vítima (autoenxerto), doutra pessoa viva ou morta (aloenxerto) ou doutras espécies (xenoenxerto), geralmente de suínos, porque a sua pele é muito semelhante à humana. Os auto-enxertos são permanentes, mas os enxertos de pele doutras pessoas ou de animais são temporários e protegem a zona enquanto o organismo recupera, até que, ao fim de 10 ou 14 dias, são rejeitados pelo organismo.
Geralmente, é necessário recorrer à fisioterapia e à terapia ocupacional para reduzir ao mínimo a quantidade de cicatrizes e manter, dentro do possível, o funcionamento das zonas afectadas. Para manter as articulações distendidas e evitar que os músculos e a pele fiquem tensos e se contraiam, devem ser colocadas talas o mais rapidamente possível. Estas talas não devem ser retiradas até que a zona esteja completamente curada.
Antes de se fazer um enxerto de pele, as articulações afectadas são mobilizadas de forma a incrementar-se a sua capacidade de movimento, até conseguir um nível normal. Uma vez feito o enxerto, o médico costuma imobilizar a articulação durante 5 a 10 dias, para se certificar de que está bem fixado, antes de voltar a começar os exercícios.
As vítimas de queimaduras precisam de consumir uma adequada quantidade de calorias e de nutrientes para que as lesões se curem. Quem não puder comer o suficiente pode beber suplementos nutricionais ou então recebê-los através de um tubo introduzido pelo nariz até ao estômago (sonda nasogástrica). Se os intestinos não funcionarem devido a uma lesão ou a operações sucessivas, é possível administrar os nutrientes por via endovenosa.
Como as queimaduras graves levam muito tempo a curar-se, por vezes anos, a pessoa que as sofra pode desenvolver uma depressão. A maioria dos centros para queimados dão apoio psicológico aos seus doentes através de assistentes sociais, psiquiatras e outros profissionais.
As queimaduras por agentes químicos podem ser provocadas por produtos irritantes e venenosos, incluindo ácidos e alcalis fortes, fenóis e cresóis (solventes orgânicos), gás mostarda e fósforo. Estas lesões são capazes de provocar a morte do tecido, que pode progredir lentamente durante horas, inclusivamente depois da queimadura.
Sintomas
A gravidade de uma queimadura depende da quantidade de tecido afectado e da profundidade da lesão, que se descreve como de primeiro, de segundo ou de terceiro grau.
As queimaduras de primeiro grau são as menos graves. A pele queimada torna-se vermelha, dorida, muito sensível ao tacto e húmida ou inchada. A área queimada torna-se branca ao tocá-la ligeiramente, mas não se formam bolhas.
As queimaduras de segundo grau provocam um dano mais profundo. Formam-se bolhas na pele, cuja base pode ser vermelha ou branca, as quais estão cheias de um líquido claro e espesso. A lesão, dolorosa ao tacto, pode tornar-se branca ao tocá-la.
As queimaduras de terceiro grau provocam uma lesão ainda mais profunda. A superfície cutânea pode estar branca e amolecida ou negra, carbonizada e endurecida. Como a zona queimada pode ter uma coloração pálida, pode-se confundi-la com pele normal nas pessoas de tez clara, embora não se torne branca ao tacto. Os glóbulos vermelhos danificados da zona lesionada podem fazer com que a mesma adquira uma cor vermelha intensa.
Em certos casos, na pele queimada aparecem bolhas e os pêlos desta zona costumam ser facilmente arrancados pela raiz. A área afectada perde a sensibilidade ao tacto. Geralmente, as queimaduras de terceiro grau não doem, porque os terminais nervosos da pele ficam destruídos.
A distinção entre as queimaduras de segundo grau, profundas, e as de terceiro grau é difícil antes de vários dias após a lesão.
Prognóstico
A cura depende da profundidade e da localização da queimadura. Nas queimaduras superficiais (queimaduras de primeiro grau e de segundo grau superficiais), as camadas da pele morta soltam-se e a mais externa (epiderme) volta a crescer para cobrir as inferiores. Uma nova camada de epiderme pode crescer rapidamente a partir da base de uma queimadura superficial, sem deixar nenhuma cicatriz ou, quando muito, uma pequena. Estas queimaduras não destruem os estratos profundos da pele (derme), que não tem capacidade de regeneração.
As queimaduras profundas provocam danos permanentes na derme. Uma nova camada de epiderme cresce lentamente a partir das orlas da zona queimada ou de qualquer resto de epiderme. Em consequência, a regeneração é muito lenta e formam-se cicatrizes consideráveis. A área queimada também tem tendência para se retrair, distorcendo a pele e interferindo no seu funcionamento.
As queimaduras ligeiras no esófago, no estômago e nos pulmões costumam curar-se sem problemas. No entanto, as mais graves podem provocar cicatrizes e estreitamentos, denominados estenoses. Estas podem obstruir a passagem de alimentos pelo esófago e interferir na transferência de oxigénio do ar para o sangue nos pulmões.
Tratamento
Cerca de 85 % das queimaduras são de pouca importância e podem ser tratadas em casa, no consultório do médico ou nas urgências de um hospital. É necessário despir o queimado (sobretudo se tiver roupa que arda facilmente, como camisas de fibras sintéticas, ou que esteja coberta de alcatrão quente ou impregnada de algum produto químico), pois assim ajuda-se a deter a progressão da queimadura e evitam-se novas lesões. Os produtos químicos, como os ácidos, os alcalis e os compostos orgânicos, limpam-se da superfície cutânea com água abundante, o mais cedo possível.
A hospitalização do queimado é mais aconselhável nas seguintes situações:
Queimaduras da cara, das mãos, dos órgãos genitais ou dos pés.
Dificuldades no tratamento ao domicílio.
O queimado tem menos de 2 anos ou mais de 70.
Danos em alguns órgãos internos.
Queimaduras ligeiras
Sempre que seja possível, as queimaduras ligeiras deverão ser submersas de imediato em água fria. As queimaduras com produtos químicos deverão ser lavadas com grandes quantidades de água, repetidamente. No consultório do médico ou nas urgências, a queimadura é cuidadosamente limpa com água e sabão para eliminar a sujidade. Se houver pó agarrado à superfície da pele, pode-se anestesiar a zona e eliminá-lo com uma escova. As bolhas que tiverem rebentado ou que poderão rebentar com facilidade costumam ser extraídas. Uma vez limpa a zona, aplica-se um creme com um antibiótico, como a sulfadiazina de prata.
Em seguida, coloca-se uma ligadura, normalmente feita de gaze, para proteger a zona queimada do pó e de outras possíveis lesões. Manter a área limpa é extremamente importante, porque, se a camada superior da pele (epiderme) estiver danificada, pode sobreinfectar-se. Os antibióticos podem ajudar a evitar a infecção, mas nem sempre são necessários. Se a imunização do doente não estiver actualizada, aplica-se uma dose de reforço da vacina antitetânica.
Um braço ou uma perna queimados costumam manter-se a uma altura mais elevada do que o coração, para reduzir o edema. Manter esta posição só é possível no hospital, onde parte da cama pode ser elevada ou é possível recorrer-se à tracção. Se a queimadura afectar uma articulação e for de segundo ou de terceiro grau, pode ter que ser imobilizada com uma tala, pois o movimento poderá piorar a ferida. Muitos queimados precisam de analgésicos, geralmente derivados opiáceos, durante pelo menos alguns dias.
Queimaduras graves
As queimaduras mais graves, que põem a vida em perigo, requerem atenção imediata, de preferência num hospital equipado para tratar queimaduras. A equipa de socorro ou da ambulância costuma administrar oxigénio às vítimas de incêndio, utilizando uma máscara facial, com o fim de as ajudar a superar os efeitos do monóxido de carbono, um gás venenoso que se forma nos incêndios. Na sala de urgências, os médicos e as enfermeiras certificam-se de que o doente pode respirar bem, confirmam que as outras feridas não põem em perigo a sua vida e começam o tratamento para repor os líquidos perdidos e para evitar infecções. Para tratar as queimaduras graves, em certos casos utiliza-se a terapêutica com oxigénio hiperbárico, na qual o doente é colocado numa câmara especial, com oxigénio a uma pressão mais elevada do que o habitual. No entanto, deve ser posta em prática nas primeiras 24 horas depois de se ter produzido a queimadura e nem todos os centros de atendimento dispõem desta câmara.
Se durante um incêndio as vias respiratórias e os pulmões tiverem sido lesionados, coloca-se um tubo na garganta para apoiar a respiração. A decisão de colocar este tubo (entubar) depende de factores como o ritmo respiratório, uma vez que o facto de respirar demasiado depressa ou muito lentamente impede que os pulmões se encham suficientemente e que chegue ao sangue uma quantidade adequada de oxigénio.
Enxerto de pele
Pode ser necessário entubar se tiver sido provocada uma lesão directamente na cara ou quando o edema da garganta ameaça a respiração. Em certos casos entuba-se quando o médico suspeita que existe uma lesão respiratória antes de ela ser evidente; por exemplo, quando a vítima esteve exposta a um tipo de fogo que, geralmente, danifica as vias respiratórias (especialmente um incêndio num espaço fechado ou uma explosão), quando se encontra fuligem no nariz ou na boca ou então quando os pêlos das fossas nasais são queimados. Se a respiração for normal, basta administrar oxigénio por meio de uma máscara facial.
Uma vez limpa a zona, aplica-se um creme ou um unguento com antibiótico. Depois, cobre-se com ligaduras esterilizadas. Essa ligadura é mudada duas ou três vezes por dia. Como as queimaduras extensas são extremamente susceptíveis às infecções graves, são administrados antibióticos por via endovenosa. Dependendo do estado das vacinas anteriores dos queimados, também se pode aplicar um dose de reforço da vacina antitetânica.
As queimaduras extensas podem provocar uma perda de líquidos capaz de pôr em perigo a vida do doente. Também são administrados fluidos por via endovenosa para repor as perdas.
As queimaduras profundas podem provocar mioglobinúria, uma situação em que os músculos lesionados libertam a proteína mioglobina, que danifica os rins. Pode verificar-se insuficiência renal, a menos que se administrem líquidos suficientes.
As situações de perigo devem ser evitadas
A pele queimada converte-se numa superfície espessada e crostosa denominada escara, que se pode retrair, endurecer e impedir que o sangue chegue normalmente à zona. A diminuição do fornecimento de sangue pode ser perigosa se a queimadura abrange completamente um braço ou uma perna. O médico talvez tenha de cortar a escara (escarotomia) para assim conseguir aliviar a pressão que se exerce sobre o tecido são que se encontra por baixo.
Uma queimadura profunda pode ser curada por si só se a zona afectada for pequena (não maior que uma moeda) e se mantiver meticulosamente limpa. No entanto, se a derme subjacente tiver sofrido um dano significativo, geralmente é necessário um enxerto de pele para cobrir a zona lesionada. Um enxerto é uma porção de pele sã, que é extraída doutras zonas do corpo da vítima (autoenxerto), doutra pessoa viva ou morta (aloenxerto) ou doutras espécies (xenoenxerto), geralmente de suínos, porque a sua pele é muito semelhante à humana. Os auto-enxertos são permanentes, mas os enxertos de pele doutras pessoas ou de animais são temporários e protegem a zona enquanto o organismo recupera, até que, ao fim de 10 ou 14 dias, são rejeitados pelo organismo.
Geralmente, é necessário recorrer à fisioterapia e à terapia ocupacional para reduzir ao mínimo a quantidade de cicatrizes e manter, dentro do possível, o funcionamento das zonas afectadas. Para manter as articulações distendidas e evitar que os músculos e a pele fiquem tensos e se contraiam, devem ser colocadas talas o mais rapidamente possível. Estas talas não devem ser retiradas até que a zona esteja completamente curada.
Antes de se fazer um enxerto de pele, as articulações afectadas são mobilizadas de forma a incrementar-se a sua capacidade de movimento, até conseguir um nível normal. Uma vez feito o enxerto, o médico costuma imobilizar a articulação durante 5 a 10 dias, para se certificar de que está bem fixado, antes de voltar a começar os exercícios.
As vítimas de queimaduras precisam de consumir uma adequada quantidade de calorias e de nutrientes para que as lesões se curem. Quem não puder comer o suficiente pode beber suplementos nutricionais ou então recebê-los através de um tubo introduzido pelo nariz até ao estômago (sonda nasogástrica). Se os intestinos não funcionarem devido a uma lesão ou a operações sucessivas, é possível administrar os nutrientes por via endovenosa.
Como as queimaduras graves levam muito tempo a curar-se, por vezes anos, a pessoa que as sofra pode desenvolver uma depressão. A maioria dos centros para queimados dão apoio psicológico aos seus doentes através de assistentes sociais, psiquiatras e outros profissionais.
Manual Merck
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