Cientistas estrangeiros são bem vindos para pesquisar no Brasil
A bióloga Maria Amorim, formada pela Universidade de Chicago e pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, vai fazer doutorado no Brasil.
A decisão veio após ela ter participado, em abril, de um minicurso realizado pelo Hospital do Câncer A.C. Camargo, em São Paulo, sobre pesquisas diretamente voltadas à criação de medicamentos e terapias.
"Fiquei impressionada com o nível dos trabalhos apresentados pelos pesquisadores brasileiros", disse em entrevista.
O curso foi o primeiro de uma série iniciada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que no começo de 2011 trará para Campinas dois "professores" de peso: os prêmios Nobel Ada Yonath (Química, 2009) e Albert Fert (Física, 2007).
"A ideia é ter cem estudantes de doutorado, 50% da América Latina e 50% de outras partes do mundo. Queremos mostrar a eles domínios que avançaram muito nos últimos anos", diz o físico francês Yves Petroff, diretor científico do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), que abrigará o curso.
"TAX-FREE"
Segundo Petroff, o Brasil tem um atrativo insuspeito para estudantes estrangeiros: o valor alto das bolsas. Aqui, diferentemente da Europa, elas são isentas de impostos, afirma.
O valor da bolsa de doutorado paga pela Fapesp começa em R$ 2.053 e termina em
R$ 2.541,30.
No pós-doutorado, a bolsa da Fapesp é de R$ 5.028. "O Brasil precisa de pós-doutorandos", analisou.
NA ROTA
Batizados de "Escola Fapesp", os minicursos de inverno e verão -sete aprovados até agora- fazem parte de uma política recente da fundação, voltada a atrair estudantes de pós.
Cursos do gênero são uma realidade bem conhecida em países como os EUA. Um exemplo famoso são as escolas de verão do Laboratório de Biologia Marinha, em Massachusetts, que reúne vários prêmios Nobel.
O evento coordenado por Petroff será realizado no LNLS de 16 a 25 de janeiro.
"Radiação é uma área multidisciplinar. É importante que os estudantes, antes de terminarem seu doutorado, tenham contato com estudantes de outras áreas e de outros países", diz o francês.
O minicurso do A.C.Camargo, que foi decisivo para a bióloga Amorim decidir fazer doutorado no Brasil, também é uma das propostas aprovadas pela Fapesp. O evento reuniu 40 professores, metade estrangeiros.
MULTINACIONAL
Dentre os estudantes participantes, foram 66 brasileiros e 49 de países como Holanda, Japão, Dinamarca, Portugal e Estados Unidos.
"Pesquisamos problemas complexos, como câncer e neurociências. Precisamos de pessoas que tragam novos pontos de vista e temos de criar condições para isso", disse o coordenador do evento, Emmanuel Dias Neto, do Centro de Pesquisas do Hospital A.C. Camargo.
Folha de São Paulo
SABINE RIGHETTI
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