7.29.2010

Veja que cuidados tomar antes de assinar o seguro do carro

'Esperteza' ao preencher questionário pode resultar em dor de cabeça.
Especialistas falam da importância de entender cláusulas com clareza.

Foto: Roney Domingos/G1 Frequência da utilização do veículo é um detalhe importante (Foto: Roney Domingos/G1) Escolher o melhor seguro para o carro não é uma tarefa tão simples. Falta de informação, más indicações e desatenção ou “esperteza” ao preencher o questionário das seguradoras podem render uma boa dor de cabeça. O primeiro passo para não assinar o contrato de uma verdadeira roubada é procurar mais de um corretor ou bancos que prestam este tipo de serviço e pesquisar bem os produtos oferecidos no concorrido mercado de seguros.

O corretor Ragime Torii, da CRJ Corretora de Seguros, aconselha aquele que queira fazer um novo seguro, ou até mesmo o primeiro, pedir indicação a amigos de confiança que já tenham um contrato. “Há muito ‘picareta’ neste ramo, é preciso tomar cuidado e ter boas referências”, afirma.

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Com as referências, o interessado deve pesquisar os diversos planos das seguradoras com mais de um corretor de seguros ou bancos, de preferência, comparar pelo menos quatro planos diferentes. “O consumidor deve procurar o corretor para escolher o seguro que mais se adeque ao seu perfil”, diz a Superintendente da área de Automóveis da SulAmérica Seguros, Simone Sartor.

Em caso de dúvidas o corretor é importante, em especial, para o esclarecimento do questionário das seguradoras, usado para traçar o perfil dos clientes e calcular o valor da apólice. “É preciso ser claro e exato nas respostas. A veracidade garante a cobertura. É um contrato”, observa Simone em relação a possíveis "mentirinhas" usadas para diminuir o preço do contrato.

E a clareza na resposta está ligada à interpretação correta da pergunta. O corretor Ragime Torii fala de um caso em que o proprietário do veículo não mentiu, porém se equivocou com a pergunta. “A pessoa morava em uma casa estilo americana, sem muro, com um portão na frente, gramado e uma corrente delimitando o terreno. Ele achou que o espaço para o carro podia ser considerado uma garagem, mas não era. Quando roubaram o carro, o seguro não pagou, porque no questionário o proprietário dizia que tinha garagem e a empresa constatou que não tinha”, conta Torii.

Franquia e assistência
Seja feito por meio de um corretor ou por um banco, a superintendente da SulAmérica Seguros também destaca a importância do valor da franquia e da assistência prestada pela empresa. Segundo ela, é preciso esclarecer detalhes como a frequência da utilização do veículo, o que engloba o serviço de assistência 24 horas, se há equipamentos no veículo que também precisam ser segurados etc. “A agilidade na regulação do sinistro e o atendimento 24 horas são pontos importantes”, ressalta.

“A quilometragem que o guincho pode percorrer para pegar o carro é algo muito importante. Se ele não cobre a área de distância onde o seu carro quebrou, imagina, você terá de arrumar o carro em um lugar estranho, em uma oficina estranha, onde todo mundo sabe que você não é daquele lugar. Se o serviço não for bem feito, você terá de brigar com a oficina à distância”, exemplifica Torii.

Terceiros e catástrofes naturais
Falhas mecânicas, colisões isoladas, roubo e furto são riscos que boa parte das apólices cobrem, já quando há envolvimento de terceiros, não. Por esse motivo, Simone Sartor alerta para a importância da inclusão deste item. “Isso é se proteger de uma perda financeira que você não sabe quanto é de antemão”, diz. Ou seja, em um acidente não dá para escolher bater em um carro mais barato que o seu.

Outro ponto a ser checado na hora de assinar o contrato é a cobertura em caso de catástrofes naturais, seja para a indenização integral quanto para reparação. “O cliente deve estar atento a isso e conversar com o corretor para saber quais seguradoras oferecem este tipo de serviço”, comenta a superintendente da área de Automóveis da SulAmérica Seguros.

No caso específico de alagamentos, desde 2004, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que fiscaliza as operações de seguro, determinou que todos os planos básicos – com cobertura contra colisão, incêndio e roubo – se responsabilizem também por submersão total ou parcial do veículo em água doce, inclusive se ele estiver guardado no subsolo.

Quando não vale a pena fazer o seguro?
Os valores do seguro variam de acordo com a idade dos usuários do veículo, o sexo, a freqüência da utilização e o nível de segurança do local onde o segurado mora ou trabalha. Outro fator que influencia é o modelo do veículo. Assim, Simone Sartor, recomenda comparar o valor da indenização com o valor do seguro. “Se o valor da indenização estiver próximo ao valor do seguro o proprietário mesmo paga o risco. Isso pode acontecer com carros muito antigos, porque os valores de indenização e das peças podem ser muito altos, inviabiliza a contratação”, explica.

“O seguro é a referência de um risco para qual o segurado passa para a seguradora. O importante é ver até que ponto a pessoa pode absorver o risco daquela perda sozinha ou transferir o risco para a seguradora”, acrescenta.

Na prática, Ragime Torii, aponta dois modelos que não valem a pena colocar no seguro: o Volkswagen Gol antigo e o Fiat Mille. Devido à visibilidade desses modelos para roubos e furtos, o valor da apólice sobe. Segundo ele, o seguro do modelo antigo do Gol chega a ser 50% mais caro de que modelos do mesmo preço em casos de que o segurado é um homem de 50 anos – perfil em que a cobrança do seguro costuma ser menor.

Embora o custo seja alto, se o carro não tem seguro nem está protegido de acidentes que envolvam terceiros, o prejuízo no carro será somado aos danos causados ao outro ou aos outros veículos envolvidos em um acidente.
Priscila Dal Poggetto
Do G1, em São Paulo

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