7.29.2010

Felicidade tem preço. A todas as mães coragem

CRISTIANE SEGATTO colunista da Revista Veja

Mas não é exatamente aquele que você imagina
Quanto custa a felicidade contida numa fatia fina de bolo de fubá?
E se ela for acompanhada de um café expresso dos mais bem tirados? Em São Paulo, num lugarzinho charmoso, a felicidade custa R$ 7. Foi exatamente o que paguei por ela um pouco antes de começar a escrever esse texto. Fui muito feliz vendo o garfo afundar lentamente na massa cremosa, cercada de canela em pó. Quando, na minha boca, o café amargo se juntou ao creme adocicado, fechei os olhos para perder de vista todo o resto.

Fazer uma pausa no meio da tarde para tomar um café num jardim precioso é um privilégio. Um privilégio acessível, digamos assim. Cada um de nós pode abrir espaços na rotina para encaixar pequenos prazeres. Basta querer. Não acredito na felicidade plena, total, irrestrita. Acredito nos pequenos nacos de felicidade que andam espalhados por aí. A grande arte é saber agarrá-los.

Acho que a vida fica mais leve quando a gente é capaz de criar umas brechas por onde a felicidade pode se esgueirar e nos surpreender. Para ser feliz é preciso dar chance à sorte. Foi o que eu fiz quando passei na frente daquele café. De fora, ele parecia uma floricultura. A placa discreta não dava muitas pistas sobre o que eu encontraria ali. Resolvi arriscar. E me dei muito bem. No fundo do quintal comprido e florido, encontrei uma casa de tijolinhos com uma varanda acolhedora.

Se estivesse com meu laptop, teria escrito essa coluna lá mesmo. Ao ar livre, debaixo de uma árvore forrada de flores brancas e ouvindo o barulhinho da água correndo num canto do jardim. Amo o jornalismo, mas não sou muito fã de redações. Gosto de estar do lado de fora delas - trabalhando na rua ou escrevendo minhas matérias num canto sossegado, longe do agito improdutivo.

A fórmula da felicidade não existe, mas cada um de nós sabe o que nos aproxima dela. Essa é uma habilidade tão particular que parece não ter muita relação com ambiente cultural e condição sócio-econômica. Sempre acreditei que a felicidade não tem preço, mas nesta semana li um estudo que me fez repensar algumas das minhas crenças.

Ontem (01/07) foi divulgado um artigo científico baseado nos resultados do maior estudo já realizado no mundo sobre a relação entre renda e bem-estar. A pesquisa conduzida pelo Instituto Gallup foi realizada com 136 mil moradores de cidades e vilarejos remotos de 132 países. Os voluntários foram entrevistados por telefone nas áreas urbanas e pessoalmente nas regiões distantes e menos desenvolvidas. Os pesquisadores concluíram que o dinheiro pode, sim, comprar a felicidade. Pelo menos um determinado tipo de felicidade. Aquela que está relacionada à satisfação em relação às condições de vida.

"Tudo depende da forma como definimos felicidade", diz Ed Diener, professor de psicologia da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e coordenador do estudo. "Se levarmos em consideração a satisfação do sujeito em relação à vida (como ele avalia sua vida de uma forma geral), há uma forte relação entre renda e felicidade", diz Diener. Quanto mais elevada é a condição econômica do país e das famílias, mais elevados são os índices declarados de satisfação em relação à vida. Faz sentido. Se o sujeito tem emprego, moradia decente, saúde, descanso e lazer, maior é a probabilidade de que ele se sinta satisfeito.

O dinheiro parece ter pouca relação com um outro tipo de felicidade. Aquela relacionada aos sentimentos positivos, como sentir-se respeitado, ter suporte social, autonomia e um trabalho desafiador.

"O dinheiro faz as pessoas felizes. O efeito da renda sobre a satisfação em relação à vida é muito forte e universal", diz Diener. "Mas o dinheiro faz as pessoas se sentirem mais satisfeitas do que as faz se sentirem bem. Os sentimentos positivos são menos influenciados pelo dinheiro e mais afetados pelas coisas que as pessoas fazem no dia a dia."

Uma análise de grande parte dos dados da pesquisa será publicada na edição deste mês do Journal of Personality and Social Psychology. Os Estados Unidos, país com a maior renda per capita entre as nações analisadas, aparece em 16o no ranking de satisfação em relação à vida e em 26o na lista dos países cujos habitantes têm mais sentimentos positivos.

O Brasil participou da pesquisa, mas não foi incluído entre os dezoito países analisados no artigo científico de Diener. Mas é possível encontrar no site do Instituto Gallup várias informações sobre os brasileiros (e compará-las com os cidadãos de outros países). Se você quiser se divertir com esse brinquedinho, basta acessar o link. É preciso preencher um cadastro, mas o acesso é gratuito.

Os dados contrariam o estereótipo de que o povo brasileiro é mais feliz que a média internacional. Durante a pesquisa, 20% dos brasileiros disseram ter sentido tristeza no dia anterior. É o mesmo índice encontrado na Inglaterra, quase o mesmo verificado nos Estados Unidos (21%) e no Canadá (21%). É um índice melhor do que o apurado em Portugal (30%) e na Bolívia (33%).

O Brasil saiu-se melhor quando a pergunta era: "Você sentiu amor ontem?". Entre os brasileiros, 82% responderam sim. Um pouco mais do que nos Estados Unidos (80%), na Dinamarca (80%) e em Portugal (79%).

Esses dados sugerem que felicidade tem menos a ver com PIB e mais com postura pessoal em relação à existência. O sujeito pode ser milionário e escolher levar uma vida sem graça. Pode ser pobre e escolher a riqueza dos pequenos momentos felizes. "O dinheiro nos faz sentir bem, mas a ação dele é limitada", diz a psicóloga Barbara Fredrickson, da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill. "Sentimentos positivos, como a capacidade de se divertir, podem fazer muito mais por nós".

Quanto mais emoções positivas uma pessoa sente a cada dia, diz Barbara, mais acentuada é sua capacidade de se recuperar de situações difíceis ou estressantes. "Pequenos momentos de prazer fazem florescer as emoções positivas. Elas nos tornam mais abertos", diz ela. "E essa abertura para o mundo nos ajuda a construir recursos que favorecem a recuperação diante da adversidade, nos mantém longe da depressão e nos permite continuar a crescer."

É por isso que Barbara diz que é tão importante cultivar "micromomentos de prazer". Há um ano, escrevi uma coluna sobre a importância deles. De lá para cá, assim como na maior parte da minha vida, venho tentando abrir espaços para que esses micromomentos aconteçam.

Celebrar a vida mais vezes, com direito a bolo de fubá naquele cafezinho charmoso, está nos meus planos. Para quem quiser conhecê-lo, ele se chama Flores na Varanda e fica na Rua Camilo, 455, na Vila Romana. Não interprete essa recomendação como propaganda. Os donos do lugar não me conhecem e nem imaginam que estive lá. A dica é de coração. Acho que os meus leitores (pelo menos os que moram em São Paulo) merecem viver uns minutinhos de felicidade naquele lugar. Quem mora em outros estados e no Exterior pode me contar o que anda fazendo para ser feliz. Quem sabe, uma hora dessas, não apareço por aí? Minhas férias estão chegando...E eu sigo firme e forte no meu propósito de ser um pouquinho feliz a cada dia.
Cristiane Segatto

A todas as mães coragem
De onde vem a força das mulheres que têm filhos especiais?

“Conheça a vida selvagem: tenha filhos”. Sempre me divirto quando vejo esse adesivo colado no vidro de algum carro. Essa frase é a mais pura verdade. A maternidade nos aproxima das fêmeas de todas as espécies. Em nenhuma outra fase da vida percebemos tão claramente o papel animalesco que a natureza nos reserva.Viramos leoas que se desdobram para cuidar da cria, alimentá-la, protegê-la e – principalmente – amamentá-la.

Sim. Não importa se a mulher é uma executiva empertigada, uma intelectual inatingível, uma operária calejada. Quando o filho nasce, ela vira um peito. Ou melhor: dois. Nada do que a mulher fez na vida ou ainda pretende fazer tem importância diante da função especialíssima de ser a única fonte de alimento de um ser que acabou de chegar. Um ser que vai crescer, ajudar a povoar o mundo e tocar em frente a grande aventura do Homo sapiens.

Quando eu amamentava a Bia (hoje uma moça de 10 anos) eu me sentia um par de peitos. Nas primeiras semanas, ela mamava a cada hora e meia. Eu vivia para isso. Minha função nesse mundo – de manhã, de noite, de madrugada – era amamentar. E, claro, trocar fralda, embalar, acalmar o choro, dar banho, lavar roupa etc, etc, etc. Quando ela mamava e dormia, eu ganhava uns 90 minutos de folga. Aí não sabia o que fazer com eles. Tomar uma ducha? Almoçar? Colocar as pernas para cima?

Eu era tão “sem noção” que três dias antes da Bia nascer fui à livraria comprar Guerra e Paz. Achava que a licença-maternidade fosse uma espécie de período sabático, o momento ideal para ler aquelas 1.349 páginas que faziam tanta falta na minha cultura geral. Tolinha. Só fui conseguir preencher essa lacuna quando ela completou três anos.

Os primeiros tempos da maternidade foram, sem dúvida, a fase mais selvagem da minha vida. Acordava cheia de energia, pulava da cama e, quando a Bia deixava, tomava um banho revigorante. Às 7 horas tomava um café da manhã reforçado enquanto assistia ao Bom Dia Brasil. Depois passava o dia inteiro em função da cria. Decidi que nos primeiros meses não pediria ajuda a mãe, sogra ou babá. Queria ser mãe em tempo integral. Queria ter liberdade para errar, acertar, aprender.

Naquele inverno de 2000, meus dias eram amamentar. Nos intervalos, corria para o tanque (que ficava no quintal, ao ar livre) e lavava na mão, com sabão neutro, a montanha de roupinhas frágeis de bebê. O vento gelado batia no meu rosto, mas eu tinha uma disposição para cuidar das coisas da minha filha que só a natureza pode explicar. Meu gasto calórico devia ser brutal. Almoçava pratos gigantescos e, ainda assim, só emagrecia. No Spa da Selva, perdi rapidamente mais de 10 quilos.

À noite, a pilha acabava. Às 22 horas, estava exausta. Dormia profundamente e mal conseguia abrir os olhos durante a mamada da meia-noite. Eu e o pai da Bia desenvolvemos uma técnica animal. Eu levantava um pouco o tronco e recostava no travesseiro. Ele segurava a Bia e acoplava a boca dela no meu peito. Ela mamava, eu dormia. Ele ficava com ela no colo por um tempo e depois a devolvia no berço. Nessa hora eu já estava no melhor do sono. Às quatro da manhã, me sentia recuperada. Pronta para a maratona de mamadas e afazeres de mais um dia. Pronta para sobreviver na selva e garantir a sobrevivência da minha cria.

Com o tempo, as obrigações mudam. Mas a vida selvagem dura pelo menos até a criança completar três anos. Aos poucos fui recuperando várias liberdades que haviam sido confiscadas pela maternidade. Hoje, com uma filha de dez anos, estou praticamente alforriada. Aproveito para respirar profundamente. Afinal, há quem diga que a verdadeira vida selvagem começa quando o filho chega à adolescência. Será mesmo? Que venha a nova selva, então. No lugar da leoa incansável, ela vai encontrar a leoa maleável. Muito mais do que era a moça que pariu aos 30 anos. A natureza é mesmo sábia.

Por tudo isso (e muito mais), sempre me considerei uma mãe dedicada. Eu me achava uma ótima mãe até conhecer a mãe do Idryss Jordan. Perto do que ela faz pelo filho, o que fiz pela minha é uma espécie de passeio no parque, com direito a pipoca e algodão doce. Vida selvagem não é a minha. É a dela. Posso ser uma mãe dedicada. Ela é mãe coragem.

Idryss Jordan tem 11 anos. É autista. Não é um daqueles autistas portadores da síndrome de Asperger (que falam, avançam nos estudos e podem até chegar ao mestrado, como eu contei numa reportagem publicada em ÉPOCA há dois anos). Idryss é um autista de baixo rendimento. Não fala, usa fralda, precisa ser vestido, trocado, alimentado e cuidado 24 horas por dia. Muitas vezes se debate e se torna agressivo.

Saiba mais


Aos 39 anos, Keli Mello, a mãe coragem, já precisou consertar os dentes da frente. Eles foram quebrados pelo filho. Se você acha que a criança que tem em casa lhe dá trabalho demais, espere até conhecer a história de Keli, uma gaúcha de Três de Maio que vive há duas décadas em São Paulo. Não sei de onde ela tira energia para enfrentar o que enfrenta. Por sorte (ou por destino), Keli é casada com Silvio Jerônimo de Teves, um pai coragem.

A dedicação e o amor incondicional que esse casal oferece ao filho fazem qualquer um se arrepender de algum dia ter dito que criança dá trabalho demais. Quem tem um filho saudável não sabe o que é trabalho. Keli e Silvio vivem para o filho (e para a filha Hyandra, de 5 anos, que não tem a doença). Não podem trabalhar fora de casa. Quando o autismo do filho se manifestou, Keli abandonou o trabalho de auxiliar de fisioterapia.

Virou artesã. No período em que Idryss está na escola, Keli faz panos de prato e toalhas. Silvio prepara o almoço e o jantar. Idryss não aceita comida esquentada. Se ela não for fresquinha, ele percebe e não come. Depois de cuidar da alimentação da família, Silvio sai para entregar as encomendas do artesanato que Keli produz. São movidos pelo amor e acreditam que o garoto é capaz de senti-lo e retribuí-lo. “Autista não é robô. Ele sabe amar. Se peço um beijo, Idryss me dá o rosto”, diz Keli.

Nos momentos de grande agitação – quando Idryss se morde e pode agredir quem estiver perto – a única coisa que o acalma é o metrô. Isso mesmo. Ele tem fixação pelo metrô. Quando não consegue controlar o garoto, o que Keli faz? Pega o metrô na estação Tucuruvi e vai até o Jabaquara. Depois volta até o Tucuruvi. Se precisar, vai novamente ao Jabaquara e retorna ao Tucuruvi.

Cruza São Paulo de norte a sul (são 23 estações em cada trecho) para acalmar Idryss. Na bolsa, leva o almoço do garoto acondicionado num pote plástico. Quando ele fica menos agitado, saltam na estação Parada Inglesa. Keli procura duas cadeiras vazias na beira dos trilhos, com vista privilegiada para o trem. Abre o pote, retira uma colher da bolsa e alimenta Idryss. A plataforma do metrô é sua sala de jantar.

Conheci essa família há alguns dias quando fazia uma reportagem sobre o trabalho da dentista Adriana Gledys Zink. Ela será publicada amanhã (10/07) na edição impressa de Época. As famílias dos autistas enfrentam todo tipo de desassistência. Não encontram vagas em escolas preparadas para lidar com o problema, não encontram atendimento médico adequado e, como é de se imaginar, não encontrar dentistas dispostos a atender autistas. Quando essas crianças precisam de tratamento odontológico (mesmo que seja uma simples limpeza) costumam ser internadas num hospital para receber anestesia geral.

“Mesmo quem pode pagar, não encontra dentistas dispostos a cuidar de autistas. Eles sequer vêem o paciente. Simplesmente informam que não os atendem”, diz Adriana. Ela decidiu tentar fazer diferente. Depois de se especializar em pacientes especiais na Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD), frequentar reuniões de famílias autistas e estudar os métodos de aprendizagem disponíveis, ela criou algumas técnicas que lhe permitem se aproximar desses pacientes. Na maior parte dos casos, ela consegue cuidar dos dentes dessas crianças (e também de adultos) no consultório, sem anestesia geral.

O processo é longo. Exige extrema dedicação das famílias e da dentista. Às vezes, ela precisa de quatro sessões (ou mais) só para conseguir levar a criança até a cadeira. Quando isso não é possível e o procedimento necessário é simples (uma limpeza, por exemplo), atende a criança no chão. O entusiasmo de Adriana surpreendeu a família de Idryss. “Essa dentista não existe. Acho que estou sonhando. Ela senta no chão com meu filho, tenta de tudo e não olha no relógio para ver se a sessão acabou”, diz Keli.

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho especialíssimo que Adriana e o marido (o dentista Marcelo Diniz de Pinho) realizam, acesse o blog. Para ver Adriana em ação e conhecer Keli e Idryss, assista a esse vídeo: http://www.youtube.com/user/zinkpinho#p/a/u/1/ou7PVTWnfoA

Keli, Idryss e Adriana me deram uma lição de vida. Agradeço todos os dias por ter uma profissão que me permite encontrar gente tão especial. Saio de cada reportagem melhor do que entrei. Graças à enorme generosidade dessa gente que confia em mim e divide tanto comigo. Muito obrigada a todos – mães e pais coragem, entrevistados e leitores. Saio de férias hoje. Essa coluna volta no dia 06 de agosto. Espero voltar com as baterias recarregadas e os sentidos bem calibrados para mais um semestre de intensa troca com vocês. Até lá.

Comentários dos leitores

Andréa Romero | MG / Lambari
Filha adolescente.
Sou mãe de uma adolescente de 16 anos. Extremamente amiga, companheira, estudiosa,obediente,porém, adolescente, com direito a mudanças de humor, quando está na TPM, com direito de sonhar com o prínciipe encantado, com direitos que toda adolescente precisa ter, no entanto desde que a Bárbara nasceu meu coração não bate da mesma forma, o mundo está ai, apesar dessa cumplicidade que temos, não posso impedir que ela viva a vida dela, mas confesso que a cada dia que passa sinto muito por todas as jovens que na idade dela ou até mesmo com menos idade já estejam cuidando de outras crianças, ou dependendo das drogas, ou se prostituindo. São problemas que devemos debater com mais profundidade. Aprender a respeitar o tempo dos nossos filhos, não impor, mas educar, principalmente os princípios básicos, amor, respeito mútuo, sintonia, olho no olho, aconchego, diálogo, proteção, amizade, companherismo e principalmente valores morais.

Ione Nadu | SP / São Paulo |
Ela me dá coragem...
Sou mãe de uma linda princesa, portadora da Síndrome de Down, Kamilly de 5 anos, uma menina "Up". E vem dela toda a coragem de que preciso. Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos. Abraços à todas as mamães coragens que conheço.

jeronimo | SP / São Paulo |
autismo
sou pai de uma criança autista,conheço o casal kelly e silvio, dou meus parabens pela reportagem

Cristiane Segatto
Colunista da Revista Veja

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