Acaba de chegar ao país uma cirurgia guiada por computador que ajuda ortopedistas a identificar com precisão como devem ser feitos os cortes nos ossos.
O objetivo é devolver a mobilidade ao joelho em casos de lesões nas articulações. Até agora, esse cálculo era feito a partir de exames de raio-X, com chances de erro.
O desgaste na cartilagem -causado por excessos na atividade física, acidentes, má formação etc.- acaba gerando uma sobrecarga na tíbia que, sem o amortecimento da cartilagem, se deforma.
Pacientes jovens não são candidatos à prótese, porque ela limita a atividade física. Nesses casos, recomenda-se a osteotomia -um corte no osso que realinha a posição do esqueleto, jogando o peso do corpo sobre a parte saudável. Isso pode retardar a colocação da prótese no joelho em dez anos.
Esse tipo de procedimento, que libera a pressão sobre a região desgastada, tem duas indicações principais: alivia a dor, quando a pessoa já enfrenta limitações, e evita que o osso se desgaste, quando ainda não há sintomas.
Até agora, o cirurgião decidia como fazer esse alinhamento a partir de cálculos.
Na nova técnica, chamada osteotomia por navegação, um equipamento reproduz no computador a perna e as articulações do paciente.
PRECISÃO MILIMÉTRICA
Em tempo real, o equipamento vai orientando a posição dos cortes a serem feitos e os ângulos entre os ossos.
"O sistema permite calcular o alinhamento com precisão de milímetros, o que faz a diferença", diz Waldo Lino Júnior, ortopedista que lidera o grupo da Beneficência Portuguesa que fez a segunda cirurgia do tipo no país (a primeira, dias antes, foi no Rio).
Um pequeno desvio basta para deixar a perna torta ou piorar a dor do paciente. "Temos meios de saber se a informação dada pelo equipamento está certa", diz Fabiano Nunes Faria, cirurgião da mesma equipe.
"Os resultados com a cirurgia tradicional são muito bons, mas essa é uma técnica inovadora, que vai ajudar a melhorar mais ainda o procedimento", diz Denys Aragão, do comitê de joelho da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Mas, segundo ele, os pacientes devem ser muito bem selecionados: não podem ser obesos e devem ter desvio de alinhamento, por exemplo.
GABRIELA CUPANI
Folha de São Paulo
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