1.27.2011

Encontro com o passado


Que bom não ter mais nada a ver com ele
Nem sempre o passado provoca nostalgia. Às vezes, dar de cara com ele só traz alívio.
O sujeito está lá, feliz com a sua vida, quando recebe pela internet a foto de uma ex de olhos siderados, copo na mão, enroscada num cara no meio da balada. Ao ver as formas e o rosto conhecido, ele instantaneamente leva a mão à boca, num gesto de susto e autocomiseração.
Mas isso dura menos de um segundo.
É tempo suficiente para ele lembrar que não tem mais nada a ver com aquilo - que aquele furacão de álcool e extravagância já não é mais da conta dele.
Com um suspiro de gratidão indefinida, ele observa a imagem na tela enquanto lembra que a moça, embora linda e arrebatadora, era uma dor de cabeça que não dói mais nele.
Quem é capaz de se identificar com essa história?
Eu sou. E acho que muitos serão.
Cada um de nós já teve experiências de convívio carregadas de ambiguidade. Você gosta da pessoa, às vezes ama, mas, junto com as coisas que você deseja ou admira nela, percebe traços de personalidade, manias ou comportamentos que são simplesmente insuportáveis. É bom livrar-se deles, embora não seja gostoso separar-se do que você ama nas pessoas.
Eu, por exemplo, não suporto gente intolerante, arrogante, belicosa. Mas já convivi com isso bem de perto, numa pessoa que tinha qualidades admiráveis. Foi traumatizante. Desde que essa relação acabou, faço questão de acordar ao lado de gente com menos certezas e pedras na mão. Tem sido bom assim.
Com as mulheres acredito que acontece o mesmo.
Uma delas me dizia outro dia como foi chegar na casa de um amigo e dar de cara com o ex- namorado embriagado se comportando como um escroto na frente da nova namorada – exatamente como fazia com ela. “Deu raiva dele, deu pena da garota, mas a alegria de estar livre daquilo foi bem maior”, me disse a amiga.
Nem sempre é assim tão claro.
Saiba mais
Às vezes o que está errado numa pessoa é como certos barulhos no carro que vão e voltam. Algo está lá, incomodando, mas você não consegue perceber o quê, exatamente. Apenas meses ou anos depois, já na condição de amigo, ou pelo menos de ex, fica claro, repentinamente claro, qual era a origem do ruído.
Você olha para a aquela mulher encantadora e falante e percebe a crônica incapacidade dela em se mover em qualquer direção.
Ou então se dá conta da tristeza, quase depressão, que emana dela e que pairava sobre a relação de vocês como uma névoa.
Ou então nota, por trás da polidez, a insistência dela em falar de si mesma, como se ninguém mais importasse.
Ou a frequência exasperante com que ela menciona fulano, um antecessor que já era antigo ao seu tempo, mas que parece não ter sido esquecido.
Nessas ocasiões, a gente entende por que acabou, por que não deu certo, por que não tinha de ser.
O tempo ajuda a perceber sutilezas. Ele nos ajuda a ver através das pessoas e raramente o mito delas resiste a esse olhar objetivo e desapaixonado.
É bom que seja assim.
Se o seu ex era um controlador ególatra ou um quarentão indolente que precisa de mãe, é importante perceber. Ajuda a olhar para frente. Faz com que a vida ande. Permite entender que as coisas que aconteceram no passado tinham lá seus motivos. Permite olhar para a foto da ex na internet e dar uma boa gargalhada - sem o menor sentimento de perda.
(Ivan Martins- revista Época)

COMENTARIOS AO ARTIGO DO IVAN:
Encontro com o passado 
Neste encontro com o passado, vejo que muitos jovens quererem esconder a imaturidade,própria da idade. Muitos chegam a ficarem paralisados com medo de se mostrarem imaturos ,tornando-os engraçados ou então artificiais.
Depois , Aos 40,50 por algum problema ou crise de qualquer tipo vêem como eram chatos e iludidos em acharem que eram maduros em tudo, quando diante de algum problema deixam à vontade seu lado menino, choram, as lágrimas contidas e reprimidas por tanto tempo.É bom ser criança, voltar a ser criança, ser descompromissada com o que os outros vão pensar das tuas lágrimas, das tuas indignações, tuas carências,Quem não as tem?Não as tem, até o momento que um dia se deparam com alguma experiência que as fazem refletir mais sobre a vida e desta forma tirando de vez aquela roupa empertigada, aquele cabelo bem arrumadinho,aquela ordem toda ,aquele controle,quando deixamos o controle como sentimos leves e solto,voltamos a ser jovens, imaturos e nem aí com o que o outro dirá da imaturidade,chorando ou se descabelando.Desde que não mate o outro, não prejudique o outro, não há porque não expôr sua sensibilidade e fragilidade. Não acho fraqueza alguém expôr suas fragilidades aos outros,pode ser que haja pessoas que brinquem , usem isso para algo não tão bom, mas aí penso que isso sim é imaturidade e a pior das imaturidades.Chorar, expressar sentimentos de paixão, amor, carinho ao outro não é imaturidade, é sensibilidade,mesmo que esse alguém não nos sensibilize. Encontro com o passaSempre desconfio um pouco quando uma pessoa aponta defeitos no outro, sempre penso que isso também é sinal de uma certa imaturidade,ver defeitos somente nos outros.Reitero que é uma forma de proteção de enxerga em si mesmo falhas e até imaturidade outras.Todas as pessoas tem pontos que por mais que queiram camuflar, demonstrar que não tem lá suas imaturidades na vida, tem momentos na suas vidas que são verdadeiros bebês de colo,pode ter 30,40 ou 80 anos.Estamos sempre em amadurecimento até a morte.Uns podem ser mais maduros em algumas coisas, outros em outras.Só se a pessoa tem algum problema neurológico possa ter uma imaturidade crônica em tudo.Mas certamente deve haver algo nela que supera em maturidade, o que é não sei.Algo que o seu problema neurológico impeça que os outros vejam a sua maturidade.Aí a imaturidade está somente dos olhos que não percebe o óbvio.
Acho que mais imaturidade é alguém com pouca idade achar que já é madura e por isso pode dizer que o outro de 40 ano é imaturidade, quanta imaturidade.Só chegando aos 40 anos ,depois de passar por coisas na vida é que dá para dizer fulano é realmente imaturo.Senão é pura imaturidade. | 
Ex é sempre exEsses quarentões... Estou na casa dos vintes anos a pouco tempo e sempre preferi os mais velhos. Mas é engraçado como a gente encontra pessoas que julgamos maduras por causa da idade e na verdade não o são. O último "ex" (nem sei se chegou a ser alguma coisa...) no alto dos seus 40 anos dizia que precisava de mim, que sentia minha falta e outra meninices após 3 encontros e 15 dias que havia me conhecido.Hoje. sinto-me aliviada.

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