1.27.2011

Exposição ao barulho pode causar derrame

O ruído do tráfego em rodovias pode aumentar o risco de derrame, segundo estudo dinamarquês

sxc.hu
Não está claro como o ruído das estradas pode aumentar o risco de AVC, mas sabe-se que ele é um fator determinante
A exposição ao barulho de rodovias pode aumentar o risco de derrame, particularmente em pessoas com mais de 65 anos. É o que diz um estudo dinamarquês publicado nesta terça na edição online do European Heart Journal. Este é o primeiro trabalho científico que investiga a ligação entre a poluição sonora do trânsito ao acidente vascular cerebral.
A pesquisa foi feita com 51.485 participantes e a equipe descobriu que, a cada 10 decibéis a mais, o risco de uma pessoa ter um derrame aumenta 14%. Quando os pesquisadores analisaram os dados mais detalhadamente, descobriram que para as pessoas com menos de 65 anos não houve aumento significativo de risco de acidente vascular cerebral. No entanto, aumentou em 27% para cada 10dB a mais de ruído nas pessoas com 65 anos ou mais.
Segundo Mette Sørensen, que liderou a pesquisa e é do Instituto de Epidemiologia do Câncer, estudos anteriores já associavam o barulho do tráfego com o aumento da pressão sanguínea e ataques cardíacos, e um outro relacionava o mesmo fator à causa de uma série de doenças cardiovasculares. Com a nova pesquisa, fica clara a necessidade de reduzir a exposição das pessoas ao ruído do trânsito.
Para chegar à descoberta, os pesquisadores usaram um estudo dinamarquês amplo sobre dieta, câncer e saúde que recrutou 57.053 pessoas com idades entre 50 e 64 anos nas cidade de Copenhagen e Aarhus, entre 1993 e 1997. O histórico médico de 51.485 delas foi avaliado durante um período de 10 anos, e examente 1.881 sofreram derrame nesse período.
Dados sobre os participantes e o local onde viviam foram ligados a um programa de cálculo de ruído que tem sido usado para mapear os níveis de ruído em vários lugares da Escandinávia há anos. Esse programa leva em conta a composição do tráfego e velocidade, tipo de estrada (auto-estradas, estradas rurais etc) e superfície, construções e a posição e altura das casas acima das rodovias.
Entre os participantes, 35% estavam expostos a ruídos maiores do que 60dB e 72% morou no mesmo endereço durante o período do estudo. A menor estimativa de ruído dos pesquisadores foi 40dB e, a maior, 82dB.
"Uma estimativa de 8% de todos os casos de AVC e 19% dos casos em pessoas com idade acima de 65 anos poderiam ser atribuídos ao ruído do tráfego rodoviário", diz Sørensen. No entanto, grande parte da população do estudo morava na região urbana e não estava exposta aos barulhos de rodovias. O pesquisador diz que, "se tomarmos a distribuição de todas as moradias na Dinamarca em conta, descobrimos que, por ano, cerca de 600 novos casos de AVC podem ser atribuídos ao ruído do tráfego rodoviário", afirma. O país tem 5,5 milhões de habitantes e um total de 12.400 novos casos de derrame por ano, incluindo todas as causas.
Como o estudo é epidemiológico, ele não pode demonstrar que o ruído do tráfego rodoviário é a causa do aumento do risco de acidente vascular cerebral, só que as duas coisas estão associadas. O mecanismo como a poluição sonora oriunda do trânsito pode aumentar o risco de uma série de problemas cardiovasculares ainda não está claro.
Segundo Sørensen, é possível que o som influencie da mesma maneira que nos casos de hipertensão e ataques cardíacos. Ou seja, o barulho atua como um agente estressante e perturba o sono, o que resulta num aumento da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos, bem como aumenta o nível dos hormônios do estresse. "Tomados em conjunto, esses problemas podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares", diz. "Além disso, pessoas mais velhas tendem a ter um sono mais fragmentado e são mais suscetíveis a distúrbios do sono. Isso poderia explicar por que a associação entre o ruído e o risco de acidente vascular cerebral prevaleceu maior entre os idosos".

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