Pela primeira vez, a tradicional entidade passa a pontuar os alimentos por seu valor nutricional, e não apenas de acordo com seu teor calórico
AUXÍLIO
O método dos Vigilantes ajudou Ana Carolina a escolher
opções mais saudáveis na hora de se alimentar
Os Vigilantes consagraram-se pelo método que estabelece pontos para os alimentos e os limites de pontuação que cada um poderia consumir. Pode-se comer de tudo, até alimentos gordurosos ou guloseimas, desde que respeitado o teto de pontos diários. A tabela baseada no valor calórico das comidas, porém, nem sempre encorajava a escolha saudável. Por exemplo: uma maçã ou dois bombons valiam os mesmos dois pontos na contagem diária.
Com as alterações da metodologia, isso muda. Frutas não contam mais pontos, se consumidas dentro dos limites do plano de emagrecimento. “Afinal, frutas também são fontes de carboidratos e são calóricas”, lembra a nutricionista Patrícia Davidson, do Rio de Janeiro.
Mas, como a nova equação para se calcular os pontos não leva em conta apenas as calorias, é possível fazer concessões em nome de uma vida mais saudável. Isso porque o segredo do método é considerar não apenas a energia contida em cada alimento, mas a forma como o organismo irá consumi-la. Assim, quando há grande quantidade de fibras e proteínas, que demoram mais para serem digeridas (o que significa uma sensação de saciedade mais prolongada), a pontuação do alimento é menor. Já as comidas com muitos carboidratos e gordura recebem pontuação maior.
O limite de pontos consumidos por dia também foi alterado. Antes, a contagem era feita a partir de 20 pontos. Agora é iniciada com 29. “Mas isso não significa que a pessoa pode comer mais”, diz Rodrigo Faro, presidente da entidade no Brasil. “Foi apenas um ajuste necessário para contemplar a nova fórmula.”
Com as modificações, pretende-se dar mais força a um objetivo que já vinha sendo trabalhado pelo grupo: além de quilos a menos, adquirir hábitos de vida mais saudáveis. Foi assim com a administradora Ana Carolina Kammerer, 31 anos, que entrou para os Vigilantes do Peso em agosto do ano passado, com a meta de perder 14 quilos. O objetivo foi atingido em outubro, mas o que aprendeu no período passou a fazer parte de sua rotina. “Aprendi a comer legumes e troquei a lasanha e a pizza congeladas por sopa e vegetais”, conta.
As mudanças atualizam o plano alimentar do grupo com descobertas recentes da nutrição – que já haviam sido absorvidas por endocrinologistas e nutricionistas em seus consultórios. Isso, porém, não tira o impacto da iniciativa, avalia Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. “A orientação do consultório é para um indivíduo. Nos Vigilantes do Peso, será para milhares de pessoas”, diz.
Para os brasileiros que se interessaram pelo novo método, porém, é preciso paciência. Pelas contas dos Vigilantes do Peso, ainda serão necessários cerca de seis meses para finalizar a adaptação das tabelas para os ingredientes e alimentos consumidos por aqui.
O poder da imaginação
Todo mundo sabe: pensar em um alimento delicioso no momento da fome faz a boca salivar e aumenta o apetite. Agora, pesquisadores americanos descobriram que a imaginação pode ser usada para ajudar quem precisa perder peso. Como? Os cientistas defendem que a pessoa deve criar imagens mentais de si mesma devorando com prazer a iguaria que vai comer dali a minutos. “Imaginar-se comendo o alimento várias vezes reduz seu desejo por ele quando estiver em frente ao prato”, diz Carey Morewedge, da Universidade Carnegie Mellon, que liderou o trabalho. Mas atenção: é necessário visualizar a comida que você vai comer para dar certo. Não pode ser qualquer uma.O trabalho que dá base a essas afirmações foi publicado pela revista científica “Science”. Participaram do estudo 51 pessoas. Uma parcela dos voluntários imaginou-se colocando 33 moedas em uma máquina de lavar. O segundo grupo idealizou-se despejando 30 moedas, uma a uma, em uma máquina de lavar e teve direito a pensar-se comendo três chocolatinhos M&Ms. Já o terceiro colocou apenas três moedas e pôde sonhar que comia 30 M&Ms. Depois, foram servir-se livremente de uma tigela com os confeitos coloridos. “Quem imaginou que comia 30 doces comeu menos do que os outros”, diz Carey. Os pesquisadores repetiram três vezes o teste. A descoberta, no entanto, está sendo vista com reservas. “É uma perspectiva interessante, porém mais pesquisas são necessárias para investigar essas possibilidades”, afirma o renomado endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo.
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