2.15.2011

Aids: 40% das mortes são causadas por diagnóstico tardio

Cerca de 40% da mortalidade por Aids no Brasil tem relação com o diagnóstico tardio da doença. A conclusão é de um estudo coordenado pelo pesquisador da USP Alexandre Grangeiro. O trabalho também revelou que uma pessoa que inicia tardiamente o tratamento tem um risco 49 vezes maior de morrer do que aquele que recebe o diagnóstico mais cedo.

Para realizar a pesquisa, Grangeiro acompanhou dados de mortalidade de pacientes atendidos nos serviços públicos do País entre 2003 e 2006. Dos 115.369 pacientes analisados, 43,6% iniciaram tardiamente o tratamento — 12% morreram nos primeiros 20 dias da chegada ao serviço de saúde.

“O fim do diagnóstico tardio poderia gerar uma redução na mortalidade equivalente à registrada com o início do uso do coquetel anti-HIV. A identificação de pacientes poderia ter poupado a vida de 17 mil pessoas em quatro anos”, diz o médico. Em 2009, foram registradas 6,2 mil mortes a cada 100 mil habitantes.

Segundo o estudo, o diagnóstico tardio é mais frequente entre homens, pessoas com mais de 40 anos e moradores do Norte e Nordeste. Uma das causas é a dificuldade de acesso a serviços de saúde.
O Dia

Brasil terá genérico contra Aids e hepatite

Brasília - A partir da semana que vem, o Brasil vai passar a produzir o tenofovir, medicamento usado para combater a Aids e todos os tipos de hepatite, que até hoje é importado. O remédio genérico continuará sendo distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a 64 mil pacientes com Aids e 1,5 mil de hepatites, que atualmente fazem uso da droga. O medicamento será fabricado no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), do governo de Minas Gerais.

Hoje o Brasil importa o tenofovir do laboratório americano Gilead. A última compra do medicamento foi feita no ano passado e o estoque importado vai durar até maio deste ano. O primeiro lote do tenofovir produzido no Brasil estará disponível para os pacientes no final de março.

Segundo o secretário substituto de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Zich Moyses, com a produção nacional, a economia estimada é de R$ 65 milhões por ano. "A princípio, o comprimido do remédio custará R$ 4,02 para o SUS, mas já há um compromisso de reduzir o custo para R$ 3,06. Na última compra do medicamento, o Brasil pagou R$ 180 milhões. Na primeira compra que fizemos do laboratório da Funed, pagamos R$ 116 milhões", disse. Até o fim de 2011, a Fundação Ezequiel Dias vai entregar 36 milhões de comprimidos ao Ministério da Saúde.

Segundo o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério, Dirceu Greco, com o início da produção nacional do tenofovir, 10 dos 20 medicamentos antirretrovirais distribuídos pelo SUS passam a ser produzidos no Brasil. "A partir do momento que o remédio é produzido aqui, todo o que é gasto é investido aqui, gera empregos aqui, e não lá fora. Além disso, a tecnologia trazida para cá facilita que outros medicamentos possam ser produzidos aqui", declarou.
Em 2008, o Ministério da Saúde declarou interesse público do tenofovir. Em junho do mesmo ano, o pedido de patente foi indeferido. A partir daí, o Brasil começou a investir na produção nacional do medicamento e o produto foi aprovado em todas as etapas de qualidade determinadas pela Anvisa.
Com informações do Terra

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