Vôlei feminino bate os EUA de virada e conquista o bi olímpico
Batida por 25/11 no início, seleção feminina busca forças, repete resultado de Pequim e faz de Zé Roberto Guimarães o único brasileiro tricampeão olímpico
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Se houvesse nocaute no vôlei, a final olímpica de Londres teria durado
apenas 21 minutos. Foi o tempo que as americanas gastaram para carimbar
nas brasileiras um primeiro set avassalador, com incríveis 15 pontos de
diferença. Mas a disputa não era de boxe e, além do mais, as meninas que
vestiam amarelo neste sábado conhecem muito bem a receita para ficar de
pé antes que a contagem chegue a dez. O contragolpe foi imediato na
segunda parcial, e, dali para a frente, a torcida que lotou a Arena em
Londres viu um Brasil gigante. Valente. Campeão. Bicampeão olímpico. A
vitória na final por 3 a 1 (11/25, 25/17, 25/20, 25/17) mostra que os
Estados Unidos não são imbatíveis. Que Hooker não é inalcançável. Que as
meninas não têm medo de bicho-papão. E que José Roberto Guimarães é o
único dos 200 milhões de brasileiros capaz de encher o peito e dizer que
tem três ouros em Olimpíadas. Para um grupo tão acostumado a viradas
heroicas, nada mais adequado do que festejar a conquista trocando o
tradicional peixinho por cambalhotas em série no chão da quadra, diante
de um ginásio lotado e eufórico.
Não é do feitio de Zé Roberto encher o peito para alardear qualquer
feito pessoal. Ele prefere entrar na festa com as jogadoras na quadra,
mergulhar no peixinho, extravasar no grito. Ajoelhou-se no chão, vibrou
muito com cada atleta e, enfim, respirou aliviado após sua campanha mais
dramática. Campeão em 1992 com os homens e em 2008 com as mulheres, Zé
carregou este grupo na ponta dos dedos até o título em Londres. Ficou
por um fio na primeira fase, de calculadora na mão, torcendo - ironia
das ironias - por uma vitória das americanas na última rodada para
sobreviver.
- A gente joga por amor. Sabemos que em alguns momentos a gente não conseguiu fazer o melhor e as críticas foram importantes pra gente ver que as pessoas acreditavam na gente. Não posso deixar de agradecer a esse grupo que foi incrível. Nas horas mais incríveis, a gente se uniu, se honrou - disse a líbero Fabi ao SporTV.
Nervosa, assim como a torcida, a seleção não conseguia se encontrar no início da decisão. Até fez 1/0 com uma largadinha de Sheilla, mas as americanas entraram com o pé na porta e jeitão de favoritas. Abriram 6/1 com o luxo de não precisar de nenhum ponto de Hooker. Zé Roberto parou o jogo, os ânimos se acalmaram um pouco, mas só um pouco. Se na primeira parada o placar era de 8/3, na segunda já era de 16/7. Tonto em quadra, o Brasil viu as rivais abrirem 22/8 e praticamente só conseguiam pontuar nos erros do outro lado da rede, como os dois em sequência que deixaram o placar em 22/10. Nada aconteceu além disso. Em apenas 21 minutos, fim de papo, com incríveis 25/11.
Quando pareciam mortas, as meninas de Zé Roberto renasceram do nada e abriram a segunda parcial vencendo por 3/0. Ainda viram as rivais empatando logo em seguida, mas conseguiram se manter à frente, até com certa folga. Quando Garay soltou o braço e fez 11/6, o técnico Hugh McCutcheon parou para conversar com suas atletas. Zé estava mais calmo, e o time também, a ponto de segurar a reação e abrir de novo para 18/12, em bom momento de Jaqueline. As nocauteadas da vez eram as americanas, que não acharam as bolas e viram o Brasil igualar o jogo com a autoridade de um 25/17.
Na quarta parcial, nada de apagão. Concentrado, o time brasileiro sabia que do outro lado da rede não haveria entrega, mas manteve a cabeça no lugar para chegar à primeira parada técnica com 8/6. Com a capitã Fabiana crescendo, o que já estava bom ficou ótimo nos 16/10. Zé mandou à quadra Natália, outro símbolo de reação no grupo. Quase cortada por uma lesão na canela, ficou até o fim, entrou poucas vezes, mas é tão campeã quanto qualquer outra. Àquela altura, as americanas até ensaiavam uma reação, mas já não pareciam tão ameaçadoras. E o Brasil segurou até o fim, com a pancada de Garay que imortalizou o momento: 25/17, 3 a 1, ginásio histérico.
Festa dupla para as bicampeãs Sheilla, Fabiana, Fabi, Paula Pequeno, Thaisa e Jaqueline. Festa inédita para Dani Lins, Fernanda Garay, Fernandinha, Natália, Tandara, Adenízia. Festa mais do que merecida para Zé Roberto, ou apenas Zé. O único Zé tricampeão olímpico.
saiba mais
Sobreviveu e, mais que isso, cresceu. Derrubou a Rússia em jogo
espetacular nas quartas, salvando seis match points no tie-break.
Arrasou o Japão na semi, com um 3 a 0 sem ressalvas. E marcou para este
sábado o reencontro com os EUA, quatro anos depois de batê-las em
Pequim. Desta vez, o favoritismo estava do outro lado da rede, com todos
os confrontos recentes pendendo para o lado americano. O primeiro set
arrasador deixou a torcida com o estômago na boca. Mas a reação provou
que, quatro anos depois, as brasileiras ainda são as melhores jogadoras
de vôlei do planeta.- A gente joga por amor. Sabemos que em alguns momentos a gente não conseguiu fazer o melhor e as críticas foram importantes pra gente ver que as pessoas acreditavam na gente. Não posso deixar de agradecer a esse grupo que foi incrível. Nas horas mais incríveis, a gente se uniu, se honrou - disse a líbero Fabi ao SporTV.
Fernanda Garay solta o braço: ela foi um dos
destaques do Brasil na final (Foto: Agência AFP)
Nocaute no iníciodestaques do Brasil na final (Foto: Agência AFP)
Nervosa, assim como a torcida, a seleção não conseguia se encontrar no início da decisão. Até fez 1/0 com uma largadinha de Sheilla, mas as americanas entraram com o pé na porta e jeitão de favoritas. Abriram 6/1 com o luxo de não precisar de nenhum ponto de Hooker. Zé Roberto parou o jogo, os ânimos se acalmaram um pouco, mas só um pouco. Se na primeira parada o placar era de 8/3, na segunda já era de 16/7. Tonto em quadra, o Brasil viu as rivais abrirem 22/8 e praticamente só conseguiam pontuar nos erros do outro lado da rede, como os dois em sequência que deixaram o placar em 22/10. Nada aconteceu além disso. Em apenas 21 minutos, fim de papo, com incríveis 25/11.
Quando pareciam mortas, as meninas de Zé Roberto renasceram do nada e abriram a segunda parcial vencendo por 3/0. Ainda viram as rivais empatando logo em seguida, mas conseguiram se manter à frente, até com certa folga. Quando Garay soltou o braço e fez 11/6, o técnico Hugh McCutcheon parou para conversar com suas atletas. Zé estava mais calmo, e o time também, a ponto de segurar a reação e abrir de novo para 18/12, em bom momento de Jaqueline. As nocauteadas da vez eram as americanas, que não acharam as bolas e viram o Brasil igualar o jogo com a autoridade de um 25/17.
Thaisa chega ao bicampeonato, assim como Sheilla, Fabiana, Fabi, Paula e Jaqueline (Foto: Getty Images)
"O campeão voltou", gritava a torcida em altos decibéis numa
arquibancada completamente tomada pelo amarelo, com pequenos focos de
azul, vermelho e branco. O Brasil estava em casa, e motivado. Abriu o
terceiro set vencendo por 6/2. Com autoridade, foi conduzindo bem a
vantagem e segurou uma forte reação americana na metade da parcial. Na
segunda parada, vencia por 16/13. Com Akinradewo virando todas, não foi
fácil arrastar o set até o fim. Mas deu. Com Jaque, Garay e Sheilla
largando o braço no ataque, veio o que ninguém imaginava após aquele
primeiro set: 25/20 e uma virada na raça.Na quarta parcial, nada de apagão. Concentrado, o time brasileiro sabia que do outro lado da rede não haveria entrega, mas manteve a cabeça no lugar para chegar à primeira parada técnica com 8/6. Com a capitã Fabiana crescendo, o que já estava bom ficou ótimo nos 16/10. Zé mandou à quadra Natália, outro símbolo de reação no grupo. Quase cortada por uma lesão na canela, ficou até o fim, entrou poucas vezes, mas é tão campeã quanto qualquer outra. Àquela altura, as americanas até ensaiavam uma reação, mas já não pareciam tão ameaçadoras. E o Brasil segurou até o fim, com a pancada de Garay que imortalizou o momento: 25/17, 3 a 1, ginásio histérico.
Festa dupla para as bicampeãs Sheilla, Fabiana, Fabi, Paula Pequeno, Thaisa e Jaqueline. Festa inédita para Dani Lins, Fernanda Garay, Fernandinha, Natália, Tandara, Adenízia. Festa mais do que merecida para Zé Roberto, ou apenas Zé. O único Zé tricampeão olímpico.
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