Apesar de fartos dados e análises mostrando a importância do programa, o jornal insiste em atacá-lo. Não é a primeira vez.
Segundo a reportagem, o valor de R$ 70 per capta adotado para erradicar a miséria extrema no país não é suficiente para comprar alimentos de uma dieta mínima. O jornal faz algumas comparações para sustentar o que diz.
O problema é que a Folha esquece – ou não sabe – que o efeito do Bolsa Família é também social e familiar. O programa aumenta a autoestima e a esperança das famílias que passam a buscar oportunidades de estudo e trabalho.
Não é um número e um valor apenas. É um recomeço para milhões de brasileiros que, com esse mínimo, tem condições de ir à luta.
Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social lembra que uma série de fatores foi levada em consideração para definir o valor. Entre estão, estudos nacionais e internacionais e linhas regionais de extrema pobreza.
Em artigo na mesma Folha, o sociólogo Arilson Favareto cita o Nobel de Economia Amartya Sen, para quem a pobreza não pode ser definida pela quantidade de dinheiro no bolso. Ela inclui também a privação de capacidades para participar da vida social e de fazer escolhas. Isso tudo depende do contexto e da região. "O valor de R$ 70 mensais não dá para tomar o metrô duas vezes ao dia em São Paulo, mas pode ser crucial para uma pessoa no interior do Nordeste comprar medicamentos ou material escolar", diz Favareto.
Por isso, o sociólogo critica limitar o debate ao valor repassado. É preciso ir além: "A sociedade brasileira aceita fazer um pacto em torno de uma iniciativa mais ousada para a superação duradoura da pobreza e pagar por ele?".
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