3.13.2013

BOTOX PARA CURAR

A aplicação do produto vai muito além dos procedimentos estéticos. Ele auxilia no tratamento e proporciona melhor qualidade de vida para pessoas que sofrem de doenças como enxaqueca ou tiveram AVC

A toxina botulínica ganhou popularidade por causa do uso em tratamentos estéticos para eliminar rugas e linhas de expressão. No entanto, as primeiras aplicações do produto tinham finalidades terapêuticas e, até hoje, ele é amplamente utilizado na cura de diversas doenças.

Em 1950, cientistas dos Estados Unidos descobriram que essa toxina tinha o poder de reduzir espasmos musculares, por isso, deram início a pesquisas para usá-la no tratamento do estrabismo. Na década de 1980, a empresa norte-americana Allergan patenteou a toxina botulínica tipo A e apresentou o Botox, que inicialmente seria usado para ajudar pessoas com estrabismo e blefaroespasmos (piscar de maneira excessiva). Os benefícios estéticos foram observados posteriormente, eram consequência das aplicações, já que o produto agia na musculatura da face e reduzia linhas de expressão. Assim, o segmento de beleza também passou a investir nessa substância.

Os estudos para descobrir outras vantagens terapêuticas da toxina botulínica continuaram e, atualmente, ela é aprovada em 80 países para 21 indicações diferentes. No Brasil, a primeira toxina a ser aprovada pela Anvisa foi o Botox, em 1992.

Disponibilizado em secretarias de Saúde, em programas específicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e em planos privados, ele tem nove indicações no País, entre elas, auxilia no tratamento de cefaleias, ou dores de cabeça, bexiga hiperativa, estrabismo, hiperidrose (suor excessivo nos pés, mãos e axilas) e espasticidade, rigidez excessiva da musculatura – braços e pernas, principalmente – consequência de patologias ligadas ao sistema nervoso central, como os acidentes vasculares cerebrais (AVC), também conhecido como derrame, a primeira causa de morte no Brasil e a maior causa de incapacidade no mudo.

O neurologista Alexandre Longo, da unidade de AVC do Hospital Municipal São José e responsável há dez anos pelo serviço de aplicação da toxina botulínica na Clínica Neurológica, em Joinville, explica que o produto é aplicado diretamente no músculo e promove o relaxamento temporário das fibras, minimizando essas contrações involuntárias e a rigidez excessiva. “Os pacientes vítimas de AVC ficam com parte do corpo paralisado e contraído e a toxina botulínica tem a função de facilitar o movimento e melhorar a qualidade de vida”, explica. Além disso, ele diz que o medicamento também diminui a dor associada a essas contrações porque possui efeito analgésico. “Por isso ele também tem indicação para tratamento de dores de qualquer natureza”, acrescenta.

As sequelas de um AVC começam a aparecer cerca de 30 ou 60 dias depois, mas é recomendável procurar ajuda médica o quanto antes para que o tratamento tenha melhores resultados. Como a toxina tem efeito transitório, as aplicações devem ser feitas de quatro em quatro meses em média e aliadas a um programa adequado de reabilitação, com fisioterapia, terapia ocupacional, entre outros tratamentos. “Dentro do programa de reabilitação pós-AVC, o Botox é uma medicação importante que ajuda a prevenir complicações, além de ser um medicamente muito seguro”, frisa o neurologista.

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