TUDO QUE O PSDB E SEUS ALIADOS PRECISAM É DE UMA MARINA SILVA TRANSFORMADA EM VÍTIMA E DE UMA CRISE FABRICADA ATRÁS DA OUTRA ATÉ 2014 PARA PODEREM SONHAR...
Joaquim Barbosa, Renan Calheiros, Dilma Roussef e
Michel Temer. Crise? Que crise?
Logo após o primeiro turno da eleição presidencial em 2010,
quando ficou definida a disputa entre Dilma Roussef e Serra, em uma das
minhas
caminhadas no mercado municipal de Campinas parei em uma pastelaria e
pude
ouvir a conversa de dois evangélicos que também frequentavam a
pastelaria. Eles
conversavam sobre religião e política, com destaque para o desfecho da
eleição presidencial, com a ida de Serra para o segundo turno
e não de Marina Silva, a candidata deles. Percebi na
conversa deles que não existia a menor possibilidade votarem em Serra,
pelo
que ouvi ficou claro a identificação do candidato tucano com o tempo de
FHC e a situação de miserabilidade que tinham vivido, fiquei por perto e
eles continuaram
comentando que apesar de admirarem muito o então Presidente Lula, não
nutriram
a mesma confiança em relação a sua candidata Dilma Roussef,
principalmente pelo fato de que não conheciam a candidata bem e também
porque tinham ouvido falar na igreja deles
e na Internet que Dilma poderia ser perigosa por ser ex-guerrilheira e
“ser a
favor do aborto e não ter religião” (na opinião deles).
Eles tinham votado em Marina Silva no Primeiro Turno, mas relevaram
que se Dilma Roussef tinha ido para o Segundo Turno e de acordo com a conversa deles isso
foi “a vontade de Deus”, então Dilma não era aquilo que tinham achado,
nesse caso o voto deles no segundo turno seria de Dilma.
Ora, todo mundo sabe que Dilma Roussef e Michel Temer foram
alvos de ataques, principalmente na Internet, orquestrados na campanha de José
Serra em 2010. A confusão criada na cabeça dos eleitores mais religiosos
provocada por ataques apócrifos ficou evidente. Em nenhum momento
a campanha eleitoral de Serra assumiu os ataques, mas que eles vinham do
candidato tucano, que para isso até contratou um profissional, não resta a
menor dúvida.
Por isso mesmo afirmo e de forma categórica que essa idéia
de que Marina Silva é uma candidata muito forte a Presidência da República tem
que ser mitigada porque a conjuntura de 2010 não será a mesma de 2014. A
realidade esta sempre em movimento.
O que se observa hoje, a mais de um ano da eleição
presidencial é que devido ao fato da Presidenta Dilma Roussef gozar de altos
índices de popularidade, na casa dos 80% de aprovação, mesmo que o Brasil
esteja inserido em um cenário de crise mundial com crescimento menor, a
aprovação do Governo continua em alta com grandes possibilidades de reeleição
da presidenta.
Mantida esta conjuntura as chances da oposição ficam
reduzidas, pois não existirão as condições básicas e objetivas para que
ela
vença o debate político. Ou seja, guardadas as devidas proporções,
estaremos na
mesma situação de 2010, o que significa que será necessário um clima de
crises, uma acontecendo após a outra, para modificar a perspectiva de
conjuntura.
Por isso mesmo, a partir de agora qualquer crise será bem
vinda para a oposição e seus aliados, principalmente na mídia
tradicional, para criar um clima onde a emoção transcenda a razão para
que uma
candidatura Marina Silva possivelmente alçada a condição de vítima de
seus
adversários possa ser resgatada no imaginário popular para cumprir seu
papel,
ou seja, provocar novamente um segundo turno em 2014. É com isso que
sonha a
oposição.
Para o PSDB e seus aliados, Marina Silva é
colírio nos olhos, precisa ser transformada em vítima, pouco importa se a
emenda do Deputado Federal Edinho Araújo poderá significar um avanço rumo a tão
sonhada reforma política, Marina e seu Rede precisam ser defendidos a qualquer
preço.
E Eduardo Campos? Bem esse é um caso sério porque na
realidade fica cada vez mais difícil para ele explicar porque esta vestindo a
casaca de oposicionista se é tão identificado com o projeto político que
governa o Brasil desde 2003 e nesse caso o risco que ele corre é de se diluir
no processo sendo absorvido pelo fato de não conseguir ser nem governo e nem oposição.
Assim, voltando aos evangélicos do inicio deste texto, fica
a impressão de que Marina Silva, o PSDB e seus aliados e, até mesmo Eduardo
Campos, na realidade enxergam esses eleitores apenas como simples massa de
manobra e nada mais.
Flávio Luiz Sartori - flavioluiz.sartori@gmail.com
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