6.15.2013

Haddad convoca reunião com manifestantes para discutir tarifa


Encontro com participantes dos protestos será na terça-feira (18).
Grupo será convidado a expor posições para Conselho da Cidade.

Do G1 São Paulo
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 A Prefeitura de São Paulo informou nesta sexta-feira (14) que vai convocar uma reunião extraordinária do Conselho da Cidade na próxima terça (18) para discutir o transporte público em São Paulo.
Por determinação do prefeito Fernando Haddad, o Movimento Passe Livre (MPL) será convidado para fazer uma apresentação diante dos conselheiros para explicar suas propostas e visões para o setor.
A administração municipal também irá apresentar detalhes sobre a composição de preço da tarifa de ônibus, a evolução da despesa orçamentária com o subsídio e os planos para a melhoria na qualidade do sistema. Depois das duas apresentações, o debate será aberto para a participação dos conselheiros e sugestões de encaminhamento.
Reajuste
O prefeito diz que cumpriu um compromisso de campanha ao dar reajuste abaixo da inflação. As tarifas subiram de R$ 3 para R$ 3,20. “A Prefeitura fez um esforço enorme para que aumento fosse o menor possível”, declarou em entrevista nesta manhã.

Haddad afirmou que a nova tarifa dos ônibus exige o deslocamento de investimento de R$ 600 milhões de outras áreas. Caso fosse aplicado o reajuste da inflação acumulada no período pelo IPC/Fipe, o novo valor seria de R$ 3,40. De acordo com o prefeito, esse foi o menor reajuste dos últimos dez anos.
Mapa protestos SP 0h (Foto: Arte/G1)
Histórico
O protesto desta quinta-feira (13) foi o quarto de uma série iniciada em 6 de junho. A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.
Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, até o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.
Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.
Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.

Os manifestantes tentaram subir a Rua da Consolação, por volta das 19h15, e houve dispersão. Parte seguiu até a Avenida Paulista, que voltou a ser interditada por volta das 21h30. Uma parte do grupo fez barricada uma com objetos queimados na Rua Fernando de Albuquerque. A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs.
O jornal 'Folha de S.Paulo' diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial.
Um jornalista da revista 'Carta Capital' e um fotógrafo do portal 'Terra' foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram ao G1 terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.
A Anistia Internacional mostrou “preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo”. “Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”, disse em nota.

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