Foram 57 arrastões em 157 dias, segundo levantamento feito pelo G1.
Restaurantes sofreram 32 assaltos; nove condomínios foram alvo de ações.
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Apesar de não aparecer oficialmente como modalidade criminosa nos índices criminais da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o termo arrastão é uma denominação recorrente utilizada por policiais civis e militares para assaltos praticados por um ou mais criminosos contra várias vítimas num mesmo local.
O levantamento indica que os criminosos preferem invadir restaurantes e bares. De 1º de janeiro até 6 de junho, 32 arrastões (ou 56% do total) ocorreram nesses estabelecimentos, sendo que 18 deles aconteceram na Zona Sul da cidade, principalmente em bairros nobres como o Itaim Bibi, Morumbi e Moema. Em comparação, o levantamento aponta que no ano passado inteiro foram 73 arrastões na capital, sendo 49 em bares e restaurantes.
O caso mais recente aconteceu na noite de quinta-feira (6), por volta das 22h30, quando três criminosos roubaram dez clientes do Quiosque Brahma da Rua Santa Justina, na Vila Olímpia, bairro da Zona Sul.
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Os ataques aos restaurantes ocorreram principalmente à noite, em dias
do começo da semana. Foram 23 casos no período noturno, 8 deles por
volta das 23h. Nove de todos os ataques ocorreram às segundas-feiras.
Prédio na Al. Lorena, nos Jardins, foi roubado em
abril (Foto: Rafael Sette Câmara/G1)
Nesta semana, muitos casais deverão procurar restaurantes em São Paulo
para comemorar o Dia dos Namorados. Nos últimos dois anos, a PM divulgou
que reforçaria a segurança nas ruas e em torno dos estabelecimentos
comerciais. Para isso, anunciou o aumento do efetivo policial durante as
rondas ostensivas. Na quinta (6), o G1 procurou a assessoria de imprensa da PM para comentar o assunto, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.abril (Foto: Rafael Sette Câmara/G1)
Também ocorreram 14 roubos a pedestres praticados por grupos de criminosos. Os casos mais emblemáticos aconteceram nas 24 horas da Virada Cultural, em maio, quando 12 arrastões foram registrados pela PM na região central da cidade. Durante o evento, duas pessoas morreram, seis foram baleadas e outras quatro, esfaqueadas.
Na madrugada de quarta-feira (5), dois arrastões contra pedestres foram registrados no Capão Redondo, periferia da Zona Sul da capital. As vítimas eram trabalhadores que esperavam ônibus em pontos. Doze foram assaltadas por ladrões armados com revólveres que saíram de um carro preto. Os casos foram registrados no 47º Distrito Policial.
No fim de março, três assaltantes invadiram uma igreja evangélica no Jardim Esmeralda, na Zona Sul de São Paulo, e recolheram dinheiro, cartões e celulares dos fiéis. A Polícia Militar foi chamada e os suspeitos foram presos ainda dentro do templo.
Condomínios
Onze condomínios foram alvos de arrastões nos cinco primeiros meses deste ano. Em nove desses prédios os bandidos conseguiram roubar as vítimas. Dois outros condomínios sofreram tentativas de assalto.
As quadrilhas preferem atacar às terças-feiras. O último caso que se tem conhecimento ocorreu em 28 de maio, quando moradores de um condomínio residencial no Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Sul, foram roubados por assaltantes.
Segundo especialistas em segurança ouvidos pela equipe de reportagem, medidas simples dificultam a ação dos assaltantes. Aparelhos como câmeras que gravam até no escuro e cercas eletrificadas podem ajudar a coibir esse crime, mas de nada adiantam se não houver conscientização dos moradores e dos funcionários.
De acordo com o presidente da Associação das Administradoras de Bens, Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), Rubens Carmo Elias Filho, pequenas regras diminuem significativamente a possibilidade de o prédio ser invadido. Como exemplos, ele cita o cadastro de veículos e de visitantes na portaria e a checagem de prestadores de serviço, como funcionários de companhias telefônicas e de corretores de imobiliárias.
"Mas sem o apoio do condômino não adianta", disse. "Se ele não aceitar as normas impostas, passando por cima delas, desestimula o funcionário do prédio a segui-las". A associação, em conjunto com uma empresa de segurança, criou um manual com dicas para moradores e trabalhadores de edifícios.
Os porteiros também precisam de treinamento. Sair da portaria para pegar uma encomenda ou para tirar dúvida de um desconhecido no portão, por exemplo, deixa o funcionário vulnerável à abordagem de bandidos. Conhecer os moradores é fundamental. No começo do ano, um prédio na Rua Vitório Fasano, nos Jardins, bairro nobre da capital, foi facilmente invadido por dois assaltantes porque o porteiro os confundiu com condôminos.
Polícia
Nem todos os casos foram registrados na Polícia Civil. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) alerta para o fato de que sem o registro do boletim de ocorrência não é possível elaborar políticas públicas eficazes.
Uma das maiores armas da Polícia Civil para tentar esclarecer a autoria dos arrastões são as câmeras de segurança. A partir das análises e divulgações das imagens é possível identificar suspeitos e chegar à prisão dos criminosos. Por isso, os policiais aconselham a instalação de sistemas de monitoramento como uma maneira de inibir os assaltos, principalmente na entrada ou na portaria. Posicionadas estrategicamente, os aparelhos podem gravar a fuga dos assaltantes, que geralmente escapam em carros ou motos.
Em maio, o governo paulista criou a Delegacia de Investigação sobre Crimes Patrimoniais de Intervenção Estratégica, subordinada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Entre suas atribuições está a apuração de crimes sazonais, como arrastões a restaurantes.
Atualmente três inquéritos foram abertos e uma quadrilha foi presa. Além disso, os investigadores estão monitorando as demais ocorrências para identificar mais suspeitos.
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