8.17.2013

Irmandade Muçulmana e os protestos no Egito

Para conter o protesto, Exército destacou dezenas de veículos blindados nas principais ruas do Cairo

O Dia
Cairo - A Irmandade Muçulmana anunciou que os protestos desta sexta-feira serão encerrados depois da reza muçulmana de Isha. "Aliança anti-golpe confirma que os protestos de hoje acabam com a oração de Isha", postou o porta-voz da Irmandade, Gehad el Haddad, em sua conta no Twitter. Segundo o Ministério da Saúde, 17 pessoas morreram e 182 ficaram feridas. Já os islamitas falam em aproximadamente 100 mortos.
Nesta sexta-feira, partidários do presidente deposto Mohammed Mursi saíram às ruas pedindo um "Dia de Ira". Eles protestaram contra o ataque das forças militares a dois acampamentos de manifestantes da Irmandade Muçulmana que resultou na morte de 638 pessoas e deixou, pelo menos, 3.994 feridas na última quarta-feira. A organização islâmica exige a demissão do comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, e a reintegração do primeiro presidente eleito democraticamente na história egípcia. Para conter o protesto, o Exército destacou dezenas de veículos blindados nas principais ruas do Cairo, e o Ministério do Interior disse que a polícia usaria munição letal contra qualquer ameaça a instalações governamentais.
Manifestantes vão à rua em "Dia de Ira"
Efe


Três dias de terror
Após o pior derramamento de sangue dos últimos anos, o governo provisório declarou na quinta-feira estado de emergência com validade de um mês e impôs um toque de recolher noturno na capital e em dez províncias. Essa providências devolvem ao Exército poderes de prender suspeitos indefinidamente, algo que vigorou durante décadas no Egito até a rebelião popular que derrubou o governante autocrata Hosni Mubarak, em 2011 e elegeu democraticamente o presidente deposto Mohammed Mursi.
O Exército, no entanto, diz não desejar manter o poder, e alega que interveio para destituir Mursi em julho atendendo ao forte clamor popular pela renúncia dele. O governo provisório instalado depois da deposição prometeu realizar novas eleições em cerca de seis meses, mas os esforços para restaurar a democracia no Egito estão sendo ofuscados por uma crise política que polarizou o país entre grupos pró e anti-Mursi.
Em resposta à repressão do governo e ao elevado número de mortos, o vice-presidente egípcio e ganhador do Nobel da Paz em 2005, Mohamed ElBaradei, renunciou ao cargo. "Ficou difícil para mim continuar a ter responsabilidade por decisões com as quais eu não concordo e cujas consequências eu temo. Não posso carregar a responsabilidade por um derramamento de sangue", escreveu em carta na quarta-feira.
Obama condena ação do governo
Na quinta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama condenou "categoricamente os passos tomados pelo Governo interino e pelas forças de segurança" para reprimir os protestos, e lembrou que a cooperação com o Egito está "no interesse da segurança nacional" dos EUA. "Mas a cooperação tradicional não pode continuar como de costume quando civis estão sendo mortos nas ruas e tendo seus direitos restringidos".
O líder americano anunciou o cancelamento de exercícios militares conjuntos previstos com o Egito e a avaliação de outras medidas perante o aumento de violência no país. "O povo egípcio merece algo melhor do que o que vimos nos últimos dias. O ciclo de violência deve parar", advertiu.
Com Reuters e EFE

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