8.16.2013

Células-tronco do coração combatem insuficiência cardíaca

Nova abordagem pode ser a base de tratamentos menos invasivos, além de métodos de prevenção precoce da insuficiência cardíaca

  • Os cientistas esperam começar os ensaios clínicos em 2014
O GLOBO

Imagem de células-tronco ampliadas em microscópio
Foto: King's College London/Divulgação
Imagem de células-tronco ampliadas em microscópio King's College London/Divulgação
RIO - A capacidade natural de regeneração de um grupo de células-tronco do coração foi observada pela primeira vez por pesquisadores do King´s College de Londres. O estudo conseguiu mostrar que estas células conseguem recuperar tecidos do músculo danificado por um infarto, que leva à insuficiência cardíaca. O trabalho, publicado na tarde desta quinta-feira na revista “Cell”, pode dar as bases científicas para novos tratamentos menos invasivos, além de métodos de prevenção precoce da insuficiência cardíaca.
Os pesquisadores mostram que se as células-tronco forem eliminadas, o coração torna-se incapaz de reparar os danos de um ataque cardíaco. Mas quando as células estaminais do próprio coração são reinseridas após o infarto, o órgão consegue se regenerar, podendo chegar à recuperação total, bombeando sangue para o corpo a uma taxa regular.
As pesquisas, financiadas pela European Commission Seventh Framework Programme (FP7), conseguiram resultados considerados promissores nos testes em roedores portadores de insuficiência cardíaca. Os cientistas britânicos esperam começar os ensaios clínicos no início de 2014, com o objetivo de avaliar a eficácia das células-tronco cardíacas na prevenção e no tratamento da insuficiência cardíaca em humanos.
Somente no Reino Unido, mais de 750 mil pessoas têm um coração incapaz de bombear o sangue no corpo de forma adequada. Isso provoca falta de ar e impede a realização de atividades rotineiras. Em geral, os tratamentos não atacam as causas, mas tentam evitar as suas consequências, como o infarto, promovendo mudanças de hábitos e ministrando medicamentes para regular a pressão. Nos casos mais graves, os médicos costumam indicar o transplante de coração. A esperança, agora, é que tratamentos menos invasivos, e até mesmo medidas preventivas, usem como base as células-tronco cardíacas.
Os especialistas acreditam que um coração saudável tenha células estaminais cardíacas em número suficiente para reparar o tecido muscular do coração. No entanto, em órgãos danificados, muitas destas células não conseguem se multiplicar para produzir novo tecido muscular. Nestes casos, as células-tronco cardíacas danificadas poderiam ser substituídas por outras, cuja origem está no próprio coração do paciente.
- Compreender o papel e o potencial de células-tronco cardíacas pode pavimentar o caminho para uma variedade de novas formas de tratamento e prevenção da insuficiência cardíaca – disse Georgina Ellison, a pesquisadora principal do estudo, do King´s College. - As novas abordagens envolvem manter ou aumentar a atividade das células estaminais cardíacas de modo que o tecido muscular do coração possa ser renovado com as novas células do próprio coração.

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