Como a escola mudou a vida de meninas em 9 países
Ao terem acesso à escola, elas quebram ciclo de pobreza, diz produtor.
Filme retrata histórias em países como Haiti, Peru, Afeganistão e Etiópia.
As
nove protagonistas do filme: Senna, Wadley, Suma, Amina, Sokha,
Ruksana, Mariama, Yasmin e Azmera (Foto: Divulgação/Girl rising)
Um documentário lançado em março deste ano nos Estados Unidos sobre os
efeitos transformadores que a educação tem na sociedade foi exibido pela
primeira vez no Brasil nesta quarta-feira (14) em uma sessão na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). O filme "Girl rising"
("A ascensão da garota", em tradução livre do inglês) retrata a história
de nove meninas de 7 a 16 anos que vivem em comunidades de países
pobres e recebem a oportunidade de ir à escola.De acordo com Justin Reever, um dos produtores do documentário, o filme mostra que dar às garotas acesso à educação é uma maneira de "quebrar ciclos de pobreza, acabar com longas tradições de injustiça e educar filhos e filhas de maneira igualitária".
Nele, são contadas as histórias de garotas como Azmera, uma etíope que, aos 13 anos, se recusou a casar à força, Ruksana, uma menina que vivia nas ruas da Índia e cujo pai se sacrificou para garantir educação à filhas, e Wadley, uma menina de 7 anos que mora no Haiti e, mesmo sendo rejeitada pelos professores, volta à escola todos os dias para exigir seu direito de estudar.
Cena do documentário 'Girl rising'
(Foto: Divulgação/Girl rising)
As outras protagonistas do documentário são Senna, uma poeta do Peru,
Sokha, uma órfã do Cambódia, Suma, uma música do Nepal, Yasmin, uma
pré-adolescente do Egito, Mariama, uma radialista de Serra Leoa, e
Amina, que vive no Afeganistão.(Foto: Divulgação/Girl rising)
Solução para quebrar ciclos
Em entrevista ao G1, Justin, que trabalha como diretor de parcerias do The Documentary Group, produtora do documentário, afirmou que, apesar de as histórias mostrarem vidas difíceis e impactantes, o filme traz uma mensagem de esperança.
Segundo ele, a ideia do filme surgiu há mais de cinco anos, antes do ataque contra Malala Yousafzai, uma garota paquistanesa que foi baleada na cabeça pelos radicais do Talibã por defender seu direito à escola e trouxe à tona o debate sobre a discriminação de gênero na educação em diversas partes do mundo.
Em uma pesquisa em vários países, os produtores de "Girl rising" visitaram diversas comunidades empobrecidas para entender as causas da miséria e as alternativas e soluções para o problema.
"Em comunidades presas em situações de pobreza, o que a gente encontrava é que havia muitas maneiras de acabar com esse problema, mas uma solução simples era educar as garotas", contou ele. Foi assim que surgiu a ideia de encontrar e retratar histórias de meninas que ajudaram a transformar sua comunidade depois de receberem a oportunidade de ir à escola.
Capítulo sobre Wadley, a garota do Haiti
(Foto: Divulgação/Girl rising)
A partir daí, a equipe formou parcerias com sete ONGs de setores como
promoção da saúde, construção de bibliotecas e mobilização
internacional, e visitou nove países selecionados e conhecer dezenas, às
vezes centenas, de meninas. Depois de passar alguns dias com elas, os
produtores pré-selecionavam cerca de cinco garotas com histórias ou
características que chamavam sua atenção.(Foto: Divulgação/Girl rising)
A escolha final das nove protagonistas foi feita pelas nove escritoras contratadas como autoras de cada capítulo. Elas também eram dos mesmos países e foram escolhidas para produzir os roteiros. As filmagens aconteceram entre 2010 e o fim de 2012.
Ainda de acordo com Justin, o diretor Richard Robbins usou nove técnicas cinematográficas diferentes para dar a cada história um toque específico. O capítulo de Senna, a adolescente peruana estimulada por seu pai a se dedicar aos estudos, foi filmado em preto e branco, por exemplo. Ao contar a história da radialista Mariama, foram usados efeitos de animação.
Para narrarem os capítulos, a produtora convidou atrizes como Meryl Streep, Anne Hathaway, Salma Hayek e a cantora Alicia Keys, que doaram suas vozes ao projeto.
Desde o lançamento do documentário, em março, mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,3 milhões) já foram arrecadados para as ONGs que apoiam as protagonistas e outras garotas pelo mundo que ainda não têm acesso à escola.
No Brasil, o documentário ainda não tem previsão de lançamento nas salas de cinema. Além do evento na USP, a Intel, que financiou a produção do filme, pretende organizar exibições em Campinas, no fim de agosto, e no Rio de Janeiro, ainda sem previsão. Segundo Justin, pelo site oficial do filme é possível agendar exibições pontuais, e uma campanha está sendo feita para que diversos apoiadores transmitam o filme no mesmo dia, em 11 de outubro, quando se celebra o Dia Internacional da Menina.
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