Descoberta desvenda mistério por trás de relatos de sobreviventes.
Experiência de 'quase morte' é acompanhada por relatos de visões.
Cientistas
desvendam mistério por trás de sobreviventes de parada cardíaca que
relatam terem experimentado visões de luz e percepções 'reais' durante
'quase morte'. (Foto: George Diebold Photography)
A descoberta, publicada esta semana na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), ajuda a elucidar o que de fato ocorre no cérebro durante as chamadas “experiências de quase morte”, frequentemente relatadas por pessoas que já passaram por paradas cardíacas. Até então, presumia-se que o cérebro permanecia praticamente inativo durante essa situação, caracterizada pela parada do coração e pela interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro.
Estudos anteriores já haviam demonstrado que cerca de 20% dos sobreviventes de paradas cardíacas relatam terem experimentado visões e percepções internas durante o período de quase morte. “Essas experiências de quase morte, relatadas em todo o mundo e em várias culturas, são descritas como altamente lúcidas e vívidas, e são percebidas como ‘mais reais do que a realidade’”, afirma o estudo.
Pesquisadores George Mashour e Jimo Borjigin,
autores da pesquisa que constatou atividades
cerebrais após parada cardíaca. (Foto:
Universidade de Michigan/Divulgação)
Para desvendar como o cérebro se comporta durante esses momentos
cruciais, os pesquisadores monitoraram nove ratos que sofreram paradas
cardíacas por meio de eletroencefalograma. Os resultados mostraram que a
parada cardíaca estimula uma série de eventos cerebrais bem ordenados,
detectados pelo exame, que duram pelo menos 30 segundos após a parada do
coração. Foram observadas atividades cerebrais semelhantes em ratos que
sofreram asfixia.autores da pesquisa que constatou atividades
cerebrais após parada cardíaca. (Foto:
Universidade de Michigan/Divulgação)
“Este estudo, feito em animais, é o primeiro a abordar o que acontece ao estado neurofisiológico do cérebro no processo de morte”, diz a principal autora do estudo, Jimo Borjigin. “Ele vai fornecer os fundamentos para futuros estudos com humanos que busquem investigar experiências mentais que ocorrem em morte cerebral, inclusive ver luz durante a parada cardíaca”, diz Jimo.
Ela observa que os resultados confirmaram a previsão de que sinais de atividades conscientes estariam presentes no cérebro durante a parada cardíaca, mas que a grande intensidade das atividades surpreendeu os pesquisadores..
O estudo afirma que a experiência de quase morte representa um paradoxo que desafia a compreensão sobre o cérebro e que já foi invocada, inclusive, como evidência de vida após a morte ou para comprovar uma base não corpórea da consciência humana, com base na crença não comprovada de que o cérebro não poderia ser a fonte de experiências vívidas e lúcidas durante a fase de morte clínica.
“Apresentando evidência de atividade cerebral altamente organizada e de características neurofisiológicas consistentes com o processo consciente na quase morte, nós agora fornecemos um quadro científico para começar a explicar as experiências mentais altamente lúcidas e ‘mais reais do que o real’ reportadas por sobreviventes”, conclui o estudo.
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