O pensionista Malcolm Myatt, de 68 anos, é incapaz de
ficar triste. Isto porque depois de sofer um acidente vascular cerebral,
que danificou o lobo frontal do cérebro, parte que controla as emoções,
ele não sente mais tristeza.
"Eu nunca me sinto deprimido. Além disso, ficar triste
não iria ajudar em nada mesmo. Eu realmente prefiro estar feliz o tempo
todo do que ao contrário. Na realidade, é uma vantagem. O derrame podia
ter sido meu pior inimigo, mas não foi", disse ao jornal Daily Mail.
Malcolm era saúdavel e jogava futebol até os 52 anos
quando sofreu o derrame em janeiro de 2004. Ele passou quase cinco meses
no hospital sem sentir o lado esquerdo do corpo até recuperar-se.
Há quase dez anos nesta condição, ele se diz acostumado
com seu estado e afirma que nem percebe mais que não se sente triste. Em
contato direto com o marido, Kath afirma que a constante alegria dele
não é um problema. "Ele é muito infantil agora. Quando ele começa a rir,
todo mundo na sala ri também. Ele alegra qualquer ambiente, todo mundo
sente falta quando ele não está", conta.
Apesar do lado positivo, o derrame causou traumas também
na memória receita de Malcolm, uma vez que ele se lembra perfeitamente
de eventos acontecidos há 20 anos, mas não se lembra do que fez na
semana passada.
"Isso é totalmente diferente, foi um momento assustador,
mas você tem que aprender a conviver com isso. É difícil, mas vamos
continuar", disse Kath.
Além da memória, Malcolm perdeu ainda a habilidade de
distinguir o que é apropriado ou não dizer para as pessoas. "É muito
complicado quando vamos a um funeral. Ele continua rindo e contando
piadas, quando todos estão muito tristes", diz a esposa.
"Ele fala o que ele pensa e às vezes não entende que é
rude. Se alguém está com o cabelo feio ou tem um cachorro estranho, ele
vai falar", afirma Kath.
Malcolm faz tratamento em uma sociedade especializada em
Alzheimer e o caso não é tão raro quanto parece. A especialista Dra.
Clare Walton diz que com o derrame o fornecimento de sangue é
interrompido o que causa a morte de células do cérebro acarrentando
traumas permanentes. "Cada derrame é diferente. Nunca ouvimos falar de
sobreviventes que tenham perdido totalmente a habilidade de sentir uma
emoção particular, mas muitas pessoas que sofreram derrame têm muita
dificuldade em controlar as emoções e podem rir ou chorar em situações
inapropriadas", afirma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário