8.13.2013

Governo americano quer abrandar penas relacionadas a drogas

Estados Unidos

Departamento de Justiça orienta promotores a omitir quantidade de substância ilegal em casos de menor gravidade para evitar prisão mínima obrigatória

Eric Holder, chefe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos
Eric Holder, chefe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (Mark Wilson/AFP)
A administração Obama divulgou nesta segunda-feira alterações no sistema criminal que desconsideram sentenças obrigatórias mínimas para alguns casos envolvendo entorpecentes. O objetivo, segundo o secretário de Justiça, Eric Holder, é diminuir a enorme população carcerária no país e economizar bilhões de dólares. "Norte-americanos vão para prisões por tempo demais, e sem nenhuma razão realmente boa do ponto de vista do cumprimento da lei", disse Holder ao apresentar as propostas.

No Brasil


  1. Desde 2006, com a lei antidrogas sancionada pelo então presidente Lula, foi estabelecida uma distinção na punição de traficantes e usuários. Os bandidos estão sujeitos a até quinze anos de prisão. O consumidor não vai para a cadeia. Nesse caso, o juiz decide por uma advertência verbal, pela prestação de serviços comunitários ou recomenda um tratamento médico. A lei brasileira não contempla o volume máximo da droga a ser classificado como para uso pessoal.
O Departamento de Justiça orientou promotores que, ao elaborarem as acusações para certos delitos com drogas, omitam qualquer menção à quantidade de substância ilegal envolvida. Com isso, sentenças de prisão obrigatórias seriam evitadas. A orientação vale apenas para suspeitos não violentos, que não tenham antecedentes, ligações com gangues ou cartéis. O secretário defende que pessoas condenadas por crimes de menor gravidade sejam encaminhadas para tratamento e realizem trabalhos comunitários, ao invés de irem para a prisão.
Outras propostas, como a que permitiria que os juízes isentassem os réus das penas mínimas de prisão em casos de menor gravidade, exigiriam aprovação parlamentar. “Uma legislação neste sentido economizaria bilhões de dólares para o país e nos manteria em segurança”, defendeu. O custo do sistema penitenciário americano foi de 80 bilhões de dólares em 2010.
Na década de 1980, período de aumento da criminalidade e da violência associada às drogas, os EUA adotaram penas mínimas obrigatórias, impedindo os juízes de serem flexíveis na avaliação dos crimes. O secretário classificou que penas excessivas de prisão se mostraram “inefetivas e insustentáveis”. O secretário disse que a população carcerária do país aumentou quase 800% desde então, o que levou as prisões a operarem 40% acima de sua capacidade.
Holder também anunciou, durante encontro da American Bar Association, espécie de OAB americana, a proposta de ampliar a liberação de presos em circunstâncias extraordinárias. A proposta inclui a libertação de presos mais velhos que não tenham cometido crimes violentos e que já tenham cumprido boa parte da sentença. 
(Com agência Reuters)
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