8.21.2014

Ataque a centro de isolamento liberta 20 doentes de ebola

Pacientes infectados fugiram de escola na Libéria após manifestação contra o governo

O Dia
Monrovia - Um incidente na madrugada de ontem lembrou certos filmes de terror, na triste realidade da epidemia de ebola na África. Homens armados atacaram um centro de isolamento para pacientes em Monrovia, capital da Libéria, e 20 infectados, com alto potencial de contágio da doença, fugiram do local.
Enfermeira liberiana levanta o corpo de uma mulher morta, infectada pelo vírus ebola, na área de espera do hospital ELWA, na Monrovia
Foto:  Efe
De acordo com o secretário-geral dos trabalhadores da saúde na Libéria, George Williams, 29 pacientes com o ebola recebiam tratamento antes da transferência para hospitais, e nove já teriam morrido no local. “Todos testaram positivo para o vírus”, afirmou George.
Testemunhas do incidente informaram que os agressores eram jovens e invadiram o centro, uma escola no subúrbio, armados com paus e gritando palavras hostis à presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.
Os invasores diziam que “não há ebola” no país onde a crise causada pela doença alcança seus números mais expressivos, com 413 mortos, segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em cinco meses, a epidemia já causou 1.145 mortes nos territórios de Libéria, Guiné, Serra Leoa e Nigéria. Joanne Liu, presidente da organização internacional Médicos sem Fronteiras, disse que a situação em Serra Leoa e na Libéria está fora de controle.
“É um cenário muito diferente das outras epidemias anteriores, porque ela não está isolada em vilarejos, mas se espalhando pelas cidades”, afirmou Joanna.
O especialista norte-americano T.G. Ksiasek, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que foi enviado à Libéria e já atuou em mais de dez epidemias de ebola, avaliou a situação: “Esta epidemia se espalhou muito rápido e está durando muito mais tempo que as outras, é muito preocupante porque não estamos conseguindo deter o contágio”, disse o especialista.
Aperto de mãos vetado
Em Serra Leoa, o governo decretou estado de emergência e criou medidas como a proibição do aperto de mão entre as pessoas, a recomendação para o uso de mangas compridas e o fechamento de bares, restaurantes e cinemas às 19h. Nos estabelecimentos comerciais, as pessoas lavam as mãos em baldes com água sanitária na entrada.
Na chegada e na saída do aeroporto, os passageiros têm a temperatura medida e preenchem um formulário médico. Companhias aéreas como a British Airways suspenderam voos para o país, e empresas estrangeiras, além das embaixadas, estão retirando seus funcionários.
Muitas escolas também estão fechadas, e há corredores sanitários montados nas portas de saída de cidades como Kenema e Kailahun, os locais mais afetados. A ordem é que só podem cruzar as fronteiras portadores de um passe emitido pelo Ministério da Saúde, após exame médico.

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