8.21.2014

Bebê com síndrome de Down deve ser abortado

Biólogo evolucionista é ateu declarado Foto: Divulgação

O biólogo britânico Richard Dawkins, um dos principais cientistas do mundo no estudo da evolução das espécies, tornou-se o centro de um caloroso debate sobre o aborto na internet. Ele utilizou sua conta no Twitter para afirmar que uma mulher, se estivesse grávida de um feto com síndrome de Down, "deveria abortar e tentar novamente. Seria imoral para trazê-lo para o mundo, se você tem a escolha".

Ateu declarado, Dawkins é autor de diversos livros, como "Gene egoísta" (1976) e "Deus, um delírio" (2006). Nesta quarta-feira, ele publicou no Twitter, para seus mais de 1 milhão de seguidores, o link de um artigo da revista liberal "New Republic" intitulado "A Igreja Católica prefere barbárie medieval ao aborto moderno". Ao publicar, Dawkins comentou: “a Irlanda é um país civilizado, exceto em uma área", referindo-se às conservadores leis irlandesas sobre aborto.

Foi o bastante para se iniciar, então, uma discussão sobre o tema. Dawkings recebeu uma saraivada de críticas de internautas. Em uma das respostas, o católico irlandês Aidan McCourt perguntou-lhe: “994 seres humanos com síndrome de Down deliberadamente mortos antes do nascimento na Inglaterra e no País de Gales em 2012. Isso que é civilizado?”.
Dawkins respondeu: "Sim, é muito civilizado. Esses são os fetos, diagnosticados antes que eles tenham sentimentos humanos”. Mais tarde, ele acrescentou: "Aprenda a pensar em formas não essencialistas. A questão não é 'é humano', mas 'ele pode sofrer? '".

O debate se estendeu por toda a quarta-feira. Momentos depois da primeira declaração de Dawkins, outra internauta comentou afirmando que não saberia o que fazer se fosse informada que estaria grávida de uma criança com síndrome de Down, tachando a questão de um “dilema ético real”. Foi nesta ocasião que o biólogo retrucou em tom frio e seco: "Abortar e tente novamente. Seria imoral para trazê-lo para o mundo, se você tem a escolha".

PEDIDO DE DESCULPAS
Nesta quinta, no site da sua fundação, o biólogo se posicionou ao pedir desculpas pelo "frenesi" criado no feed da sua conta do Twitter. Após dar uma explicação sobre a síndrome, Dawkins afirma que geralmente os pais que cuidam de filhos com síndrome de Down formam fortes laços de afeto com eles, como fariam com qualquer criança, provavalmente tendo sido o que causou alguns dos tweets de ódio que recebeu.
Adiante no texto, ele afirma que quando a síndrome é detectada, "a maioria dos casais optam por aborto e a maioria dos médicos recomenda isso".
Em seguida, desenvolve o que teria dito para a mulher se tivesse mais do que 140 caracteres:
"Obviamente, a escolha seria sua. A quem interessar possa, minha escolha seria de abortar o feto com síndrome de Down e, assumindo que você quer ter um bebê, tentaria de novo. Tendo a chance de fazer um aborto cedo ou deliberadamente trazer a criança com Down no mundo, eu acho que a escolha moral e sensata seria abortar. E, de fato, isso é o que a grande maioria das mulheres, nos Estados Unidos e especialmente na Europa, fazem. Eu pessoalmente iria além e diria que, se sua moral é baseada, como a minha é, no desejo de aumentar a soma de felicidade e reduzir o sofrimento, a decisão de deliberadamente dar à luz o bebê com Down, quando você tem a chance de abortar no começo da gravidez, pode realmente ser imoral do ponto de vista do próprio bem estar da criança. Concordo que essa opinião pessoal é controversa e precisa ser mais discutida, possivelmente para ser afastada. Em todo caso, você provavelmente estaria condenando a si mesmo como mãe (ou como um casal) a uma vida de cuidar de um adulto com necessidades de criança. Seu filho vai provavelmente ter uma expectativa de vida curta, mas, se ele viver mais que você, você provavelmente vai ter que se preocupar com quem irá cuidar dele depois que você se for. Não me admira que a maioria das pessoas escolha aborto quando têm essa opção. Dito isso, a escolha seria inteiramente sua e eu nunca sonharia em tentar impor minha visão em você ou em qualquer outra pessoa."

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