3.23.2016

Trabalhadores da Ford prometem lutar contra o golpe

Adonis Guerra: <p>Trabalhadores na Ford aprovam adesão ao Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, durante assembleia na fábrica. Acordo também garantiu o retorno de 203 companheiros demitidos. 18.09.15. Foto: Adonis Guerra</p>
Trabalhadores e trabalhadoras da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, decidiram lutar contra o golpe e em defesa dos direitos trabalhistas. A decisão foi votada em assembleias realizadas na manhã desta terça, dia 22. A fábrica emprega 4 mil pessoas.
As assembleias aconteceram entre 9h e 11h. A primeira foi realizada na unidade de caminhões e estamparia. A segunda, na planta de montagem de carrocerias e pinturas.
VermelhoDirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC debateram com os trabalhadores e trabalhadoras os riscos de quebra da ordem institucional, caso Dilma perca seu mandato sem provas de ter cometido crime e Lula continue sendo perseguido pela Justiça – também sem provas.
"O golpe já está acontecendo", afirmou o secretário-geral da CUT-SP, metalúrgico João Cayres. "Se ele se consumar, o passo seguinte será o ataque aos nossos direitos trabalhistas e individuais", completou.
Cayres lembrou que já existem no Congresso Nacional projetos que pretendem generalizar a terceirização no mercado de trabalho, entre outros, e que representantes da oposição vêm sistematicamente defendendo a redução do salário mínimo e a flexibilização das leis trabalhistas. Com o golpe, o caminho para a concretização desses ataques estará livre, argumentou Cayres.
"Corremos o risco de 'mexicanização' de nossa produção", alertou o dirigente, em referência a processo ocorrido no México, onde as multinacionais tornaram os operários meros apertadores de parafusos, tendo como consequência um rebaixamento brutal de salários em relação ao Brasil. Isso ocorreu em virtude de alinhamento acrítico do México à política externa dos Estados Unidos.
Lula ministro
O presidente do sindicato, Rafael Marques, discorreu também sobre a situação de Lula. "Ele não queria aceitar o convite para se tornar ministro, porque achava que ia parecer que estava com medo de alguma ação na Justiça. E disso ele não tem medo. Nós aqui do sindicato é que insistimos para ele se tornar ministro, pois nosso ex-presidente é muito respeitado em todos os setores da sociedade e pode contribuir muito na articulação política e fazer o governo retomar a iniciativa."
Durante a assembleia, Cayres comentou a Lava Jato. "Esta é uma operação que foi perdendo o foco à medida que foi crescendo, tornou-se instrumento de perseguição a um único grupo político e agora inviabiliza o trabalho de um setor inteiro da economia, ao paralisar as empresas que atuam em petróleo e gás."
Ao final da assembleia, foi colocada em voto a seguinte resolução: "Vocês querem lutar contra o golpe e em defesa dos direitos trabalhistas?". A resposta veio na forma de milhares de mãos erguidas e vozes em uníssono.
A partir de amanhã, haverá assembleias como esta em todas as fábricas da base do sindicato.

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