Num dos mais duros discursos que
fez até agora, desde o início da crise política, a presidenta Dilma
Rousseff denunciou adversários, lembrou Leonel Brizola, a ditadura
militar e disse que não renuncia “em hipótese alguma”.
Dilma falou hoje (22) no Palácio do
Planalto diante de juristas, advogados, promotores, defensores públicos e
estudantes de Direito.
Ela comparou os que dizem que
impeachment não é golpe aos que negavam a existência de presos politicos
na ditadura, enquanto “muitos viviam dentro das cadeias”.
Para Dilma, o golpe pode surgir “de um fuzil, vingança ou da vontade política de alguns que querem chegar mais rápido ao poder”.
Ela afirmou que não cometeu crime de
responsabilidade e, assim, se for afastada pelo Congresso, trata-se de
ruptura institucional.
“O que está em curso é um golpe”, disse a presidenta.
Dilma lembrou o ex-governador Leonel
Brizola e a Cadeia da Legalidade, que foi formada para defender João
Goulart e permitiu que ele assumisse o poder quando Jânio Quadros
renunciou, em 1962.
Pode ter sido um recado de que vai até o fim na resistência.
Sem mencionar o nome do ministro Gilmar
Mendes, ela atacou os que optam “por condenar adversários ao invés de
fazer Justiça”, “abdicando da imparcialidade” e afirmou que um juiz “não
pode se transformar em militante partidário”. Gilmar barrou a indicação
de Lula à Casa Civil, em ação do PPS assinada por advogada que trabalha
na empresa da qual o ministro do STF é sócio.
Dilma também atacou o juiz Sérgio Moro.
Sem mencioná-lo pelo nome, disse que gravar e divulgar grampos da
Presidência da República sem autorização do STF “é violação da segurança
nacional”, especialmente quando as falas “não dizem respeito ao objeto
da investigação”.
O juiz Moro, como descrevemos aqui, é
missionário da Operação Mãos Limpas e, na falta de provas que levem à
condenação, defende que políticos sejam condenados ao ostracismo pela
opinião pública a partir da divulgação, pela mídia, de investigações em
andamento.
Moro divulgou uma conversa entre a
presidenta Dilma e Lula para fazer parecer que havia uma conspiração em
andamento quando o ex-presidente foi indicado para ser ministro da Casa
Civil.
Dilma terminou seu discurso dizendo que
“há uma ruptura institucional sendo forjada nos baixos porões da baixa
política”, numa possível referência ao fato de que o PMDB se prepara
para deixar o governo.
Ouça abaixo a íntegra do discurso da presidenta Dilma Rousseff:
Fonte: Viomundo
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