com amor, feliz recomeço.
Amar é paciência e virtude, mas meu peito adora a sensação de corromper a perfeição. Quem liga para os dogmas da boa paixão? Sentimento bom mesmo é aquele que não tem medida, que não tem ensaio e nem mesmo espaço para previsões concretas. Temer, duvidar e sentir o corpo arrepiado é a mais exata tradução do sentimento que menos se revela em linguagens. Não daquelas ditas, pelo menos. São os sinais que revelam sua imensidão, e sinais muitas vezes são mais visíveis do que ditados. Ama-se pelos olhos, pela pele, pelo corpo em si. Ama-se quando se tem saudades, quando se anseia a presença, quando estende-se o minuto da espera. Ama-se quando se quer, quando não é permitido, quando é bizarro e quando é simplesmente normal. E ama-se mesmo com discussões, gritos e choros escondidos. Eis sua singularidade mais explicita : amar é compartilhar até as coisas mais difíceis de serem divididas, é conviver com os opostos mais longínquos e com as idéias mais reversas. É ser livre, mesmo vivendo em conjunto. A liberdade ganha sim uma nova conotação...e a vida ganha novos sabores. Mudam-se as rotinas, as convivências, as metáforas. E mudar é algo que envolve além do que se vê ou quer. E é por isso que é difícil, pois encaixar tanta pluralidade em um sentimento tão singular exige mais do que se imagina. É preciso muito mais que amor para se amar, e a imaginação as vezes exige perfeição demais. E ninguém é perfeito, aliás, alguém quer ser estritamente perfeito nessa vida ? A perfeição exige demais, exige sempre viver na espreita dos limites. E viver em espaços delimitados é extremamente irritante e monótono. É por isso que o horizonte está sempre nos convidando a atravessá-lo, sabe se lá quantas histórias há por detrás de onde o sol surge. Sabe-se lá quantas facetas podemos usufruir ao cruzar o desconhecido. Novidade, é isso que inspira. E, ainda mais por isso, que o amor precisa ser descoberto a cada dia. Não é preciso inúmeras declarações decoradas ou presentes dados por dar. É preciso somente que aja contato, seja este evidenciado por sinais ou pela alegria da partilha. É preciso não se esquecer que nada é simples, mas nada também é impossível. Depende somente do quanto nos arriscamos por algo, pois para o interessado sempre há um modo de fazer a coisa certa, mesmo que o certo seja algo que as aparências ditam como errado ou incoerente. Pois não há máscaras para os sentimentos, não há escapatórias quando a sinceridade preenche o nosso peito com porções dessa magia que é não compreender exatamente o que de fato se sente. E isso é incrivelmente belo. Não compreender significa que algo ultrapassa os limites do que pode ser explicado, que é além dos sinais, que é amor. E nesse fim de ano, eu desejo amor para todos. Um amor puro e explícito que preencha todas as lacunas e dignifique ainda mais quem o sentir. Que aja um sentimento que permita emoções, alegrias, raivas, arrepios e falta de léxico. Que falte o ar, o chão, a riqueza de explicação e o apego a certos detalhes.E que a vida seja repleta dos mais distintos momentos, pessoas e experiências e que ela seja vivida com total vigor e energia. Que haja paz, esperança e luz, mas que acima de tudo que possamos decidir por nós mesmos o nosso futuro. Que aja amigos e risos. Que aja espaço para arrependimentos e boas decisões, para as desculpas e para novos erros, novas descobertas e também histórias. E que cada ano seja sempre o melhor ano das nossas vidas...eis o que eu desejo com todo o meu amor.
Datilógrafa Ambulante
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