No plano comercial, com a assinatura de mais de 20 acordos de cooperação em diversas áreas até agora, a viagem da presidenta Dilma Rousseff a China é um indiscutível sucesso. Não se registra o mesmo êxito, porém, no plano político, em questões como a intenção do Brasil de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e o reconhecimento, pelo nosso país, da China como economia de mercado. Não houve apoio explícito da China à candidatura do Brasil nem à reforma da ONU que defendemos. Com o anúncio de investimentos aqui, os chineses procuram aplacar resistências brasileiras às suas práticas comerciais.
Não se registra o mesmo êxito no plano político, em questões como a intenção do Brasil de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e o reconhecimento, pelo nosso país, da China como economia de mercado.
Não houve apoio explícito de Pequim à candidatura do Brasil à vaga no Conselho nem à reforma que defendemos na Organização. "A China atribui alta importância à influência e ao papel que o Brasil, como maior país em desenvolvimento do Hemisfério Ocidental, tem desempenhado em assuntos regionais e internacionais, e compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas".
No plano político, declaração vaga
A declaração é parte do comunicado chinês a respeito, divulgado durante a visita. Reconheçamos, é vaga, ainda que o Itamaraty a interprete como um "bom sinal", às pretensões do Brasil. Nosso país, por seu lado, não reconheceu o status da China como economia de mercado. A questão está pendente desde 2004, quando o governo Lula admitiu a possibilidade do reconhecimento.
A cobrança e insistência da China para que haja esse reconhecimento constitui uma excelente oportunidade para o Brasil negociar, estabelecer suas condições para fazê-lo, prática mais do que comum nas relações entre dois países.
Nosso país pode perfeitamente aproveitar e condicionar, ou melhor negociar que esse reconhecimento se faça mediante um compromisso da China de analisar e revogar sua forma de comércio em relação a nós, a concorrência predatória de seus produtos, e a prática do dumping por parte deles.
Chineses procuram aplacar resistências
Com os anúncios de investimentos que fizeram e programam fazer no Brasil (leiam post abaixo), os chineses procuram exatamente aplacar a resistência brasileira a esta concorrência predatoria e/ou dumping, produto de seu câmbio (yuan valorizado) e do avanço tecnológico que já atingiram.
Já o interesse do Brasil para além das questões cambiais e políticas é - e deve continuar a pautar nossas negociações - a abertura do mercado chinês para investimentos brasileiros, como no caso bem sucedido da EMBRAER, autorizada a produzir aviões lá.
Blog Zé Dirceu
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