6.28.2011

Mundo Zen

Ioga melhora força, equilíbrio, resistência e acalma. Foto: Carlos Ivan RIO - Nos Estados Unidos, o número de praticantes de ioga alcança 25 milhões e movimenta um mercado de US$ 6 bilhões. Aqui no Brasil, segundo estimativas, são cerca de 5 milhões em diversas modalidades, e o número continua a crescer. Mas como escolher a linha adequada ao seu perfil diante de tantas opções, da hatha, a clássica, à asthanga, que exige um bom condicionamento físico? Quem nunca praticou, dizem instrutores, deve experimentar uma aula de cada para ver com qual se identifica mais. Porém, qualquer que seja a escolha, o resultado será um corpo mais forte, resistente, flexível, energizado, e com sensação bem-estar e paz interior, garantem.
BENEFÍCIOS: As diferentes técnicas de posturas (asanas), exercícios de respiração (pranayama) e meditação desenvolvem a consciência corporal, o equilíbrio, a postura e aliviam o estresse, diz o professor Coaracy Nunes Neto, diretor da Blyss Yoga, em Ipanema. E Thiago Leão, diretor da Academia Hermógenes (o pioneiro na prática de hatha e ainda dando aulas aos 90 anos, no Centro da cidade) recomenda prática diária, porque ioga não é apenas uma ginástica, mas filosofia de vida.
QUEM PODE PRATICAR: Qualquer pessoa, afirma a professora Deborah Weinberg, do Espaço Bellini, em Ipanema. Ela comenta que ainda há o conceito errôneo entre muitas pessoas, que acham que é preciso ser flexível para fazer as posturas, ou que a ioga é uma atividade monótona, parada. Coaracy reforça que indivíduos de todas as idades podem praticar ioga, mas a atividade deve ser adaptada às características de cada uma. Por exemplo, para crianças a atividade é lúdica, para atletas desafiadora, afirma. Já Thiago só recomenda a ioga como prática mais séria depois dos 11 anos. E Carolyna Aguiar, do Gestos, no Jardim Botânico, ensina que uma mesma aula não é igual para todos.
Algumas modalidades exigem grande flexibilidade e concentração e podem ser mais difíceis para que está há muito tempo sem se exercitar. Foto: carlos Ivan NO INÍCIO: Deborah sugere que as pessoas experimentem todas as modalidades. Ela explica que os métodos power e asthanga exigem mais das articulações e, portanto, são difíceis para quem sente dores ou está começando. E Coaracy acrescenta que não se deve forçar o corpo em nenhuma postura. O aluno deve aprender a seguir e a respeitar o seu próprio ritmo, ou seja, é importante adaptar a prática às suas características pessoais, como nível de alongamento, força muscular etc. Já Thiago diz que a escolha da modalidade dependerá do que a pessoa espera da ioga. Por exemplo, há pessoas que buscam melhorar o aspecto estético, outras usam a ioga como ferramenta de controle do estresse, e há ainda quem está mais interessado em estudar a filosofia da ioga e praticá-la no dia-a-dia. Ele dá uma dica: "observe a postura do instrutor; se ele é coerente com o que ensina nas aulas. Então veja se esta se sentindo melhor e só depois faça sua escolha."
HATHA: A hatha é a forma clássica, que usa posturas e exercícios respiratórios para melhorar a flexibilidade, o equilíbrio, a concentração e a capacidade relaxamento, proporcionando a sensação de paz interior. É indicada para todas as idades, diz Carol.
VINYASA: É mais dinâmica e intensa que a hatha, com maior fluidez nos movimentos. Além de todos os benefícios da ioga clássica, fortalece o corpo, deixa-o mais flexível e aumenta a capacidade cardiovascular e a resistência. Coaracy explica que o método exige bastante do aluno e que a temperatura ambiente é em geral alta para promover a desintoxicação por meio da transpiração. É indicada para pessoas que gostam de exercícios mais puxados e atletas.
ASTHANGA: Modalidade muito dinâmica que requer um bom preparo físico, já que exige sequências fixas de posturas e exercícios de respiração. Carol lembra que uma aula pode durar uma hora e meia e requer força e flexibilidade.
IYENGAR: Este tipo enfatiza respiração, postura e desenvolvimento do equilíbrio e do alinhamento físico, diz Coaracy. Para ajudar aos alunos nas posturas, são usados acessórios como cintos, blocos, almofadas e bolas, podendo ser praticada por indivíduos com diferentes limitações. Ele lembra que a iyengar é conhecida pela grande atenção ao detalhe e o alinhamento preciso de posturas, sendo indicada para pessoas de todas a idades. Carol diz que está aula requer alto nível de concentração e é muito procurada por pessoas que já trabalham muito o corpo, como bailarinas.
Carol orienta alunos numa aula de hatha ioga. Foto: Marcelo Carnaval POWER: Assim como os outros métodos, vem da hatha e é também é dinâmica. Os exercícios são variados e a modalidade reforça a musculatura, aumenta a flexibilidade, melhora a respiração, a força, o equilíbrio, a capacidade de concentração e a resistência. Geralmente é indicada para pessoas que querem uma prática mais intensa, como pessoas que frequentam academia, mas também se preocupam em trabalhar a concentração e a respiração.
JIVAMUKTI: Combina uma prática física vigorosa com uma base forte nas tradições espirituais antigas da ioga, diz Coaracy. Cada aula se concentra num tema, que é desenvolvido através do cantar em sânscrito, leituras, referências a textos sagrados, com sequência intensa de posturas e práticas de respiração iogue. Bom para pessoas que querem uma modalidade intensa e muita informação sobre os textos sagrados.
FREQUÊNCIA: Thiago diz que a filosofia iogue deve ser praticada diariamente, mas para as posturas, como a hatha, duas ou três vezes por semana já proporcionam resultados. Deborah também afirma que a prática diária traz benefícios enormes, tanto físicos quanto mentais. E Coaracy lembra que quanto mais se pratica ioga mais fácil fica, porém se o aluno estiver tempo sem se exercitar, pode começar com duas ou três vezes por semana e aumentar a frequência aos poucos. E afirma: "a prática de ioga não cansa, e sim energiza".
POR CONTA PRÓPRIA: Há vídeos que ensinam a praticar ioga, porém a maior parte das pessoas que compram os vídeos acaba não assistindo ao material, pois não tem o estímulo que um grupo com professor proporcionam, afirma Deborah. Ela diz que o DVD acaba esquecido, a não ser que seja um aluno altamente disciplinado e motivado. Para Coaracy, o ideal é assistir a aulas com professores antes de se guiar por um vídeo. Isto porque há risco de o aluno não ter uma boa base das posturas e se machucar em casa. E diz que alguns vídeos mostram professores com décadas de prática em posturas difíceis ou quase circenses, que podem desestimular o iniciante. As posturas de cabeça para baixo, por exemplo, devem ser feitas com o grau máximo de segurança

O Globo

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