11.06.2011

Banhos perigosos

Anvisa proíbe drogas usadas em sais de banho que causam alucinações
Sais de banho proibidos têm efeito alucinógeno RIO - Tomar uma ducha ou relaxar numa banheira pode ser um hábito alucinante. Principalmente depois que sais de banho alucinógenos foram encontrados no mercado americano. Os produtos, vendidos em lojas e na internet, ameaçam desembarcar no Brasil. Aparentemente inofensivos, eles causam alucinações e delírios, seguidos de depressão profunda. Tanto que a Drug Enforcement Administration (DEA), agência americana que controla drogas, proibiu a venda dos sais Bliss, Wave Purple, Vanilla Sky e Wave Ivory. Todos imitam os efeitos de metanfetamina.


Os verdadeiros sais de banho, aprovados para este fim, agem como energizantes, esfoliantes suaves, espumantes e aromatizantes. Já os produtos proibidos, além dos efeitos alucinógenos, causam aumento de pressão arterial e agressividade impulsionada por surtos de paranoia. Isso porque contêm mefedrona, methylenedioxypyrovalerone (MDPV) e methylone. Os sais estão na categoria mais restritiva da DEA - a de substâncias com alto potencial de abuso e vetadas, sem supervisão médica. O problema é que os sais perigosos são similares aos cosméticos, vendidos em pó ou cristais. E, apesar de não serem aprovados pela Food and Drug Administration, órgão americano que controla fármacos e alimentos, eles se tornaram populares, sobretudo entre jovens.
- São ameaça à saúde - diz Michele Leonhart, da DEA.
Eles custam entre US$ 25 e US$ 50, 50 miligramas. E alguns levam um estimulante orgânico chamado khat, comum em países árabes e do leste africano. Este também é ilegal nos Estados Unidos.
Os usuários podem ter paranoia durante meses, e há relatos de casos de violência extrema entre consumidores. Um usuário invadiu um mosteiro e esfaqueou um padre na Pensilvânia. Em outro episódio de surto paranoico, uma mulher em West Virginia cortou o próprio corpo várias vezes.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz que, desde agosto, a mefedrona é tratada no país como droga ilícita, de uso e venda proibidos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, atendendo a pedido da Polícia Federal. A Anvisa diz que a "mefedrona - usada em droga sintética - causa euforia e delírios, além de levar seus usuários à dependência química em curto espaço de tempo". Por isso, a mefedrona está classificada, na Portaria 344/1998, na categoria de drogas proscritas, e vender, manipular ou consumi-la é crime. Quanto à methylenedioxypyrovalerone (MDPV) e à methylone, elas não podem ser usadas em fórmulas de sais de banhos por causar riscos à saúde, ainda que não levem à dependência, de acordo com a Anvisa.

Depois da euforia, vem a agressividade

O professor André Silva Pimentel, coordenador de graduação em Química da PUC-RJ, lembra que mefredona, methylone e MDPV são estimulantes sintéticos muito usados nos EUA por serem de fácil acesso. Lá, são encontrados também em incensos. Seus efeitos são similares aos de maconha, cocaína e outros entorpecentes ilícitos.
- A methylone afeta o sistema nervoso central, desencadeando euforia, ansiedade, insônia e psicose, além de taquicardia, hipertensão, aumento de temperatura e suor, anorexia, náusea e vômito. A mefedrona causa efeitos parecidos com os de ecstasy e cocaína, tais como euforia, aumento de desejo sexual, deturpação da visão, aumento dos níveis de alerta, sudorese exagerada e sede. E a MDPV age como cocaína e anfetaminas, e causa taquicardia, hipertensão, insônia, náusea, cólica, problemas digestivos, excesso de suor, dilatação da pupila, dor de cabeça, tontura, dificuldade de respirar, agitação, paranoia, ansiedade extrema e comportamento violento, com tendência suicida em alguns casos - diz Pimentel.
A professora Camilla Buarque, também do Departamento de Química da PUC-RJ, chama a atenção para o perigo desses sais:
- Por serem estruturalmente semelhantes às anfetaminas, eles levam seus usuários à dependência química em curto tempo, mesmo em baixa dose, se o uso for cumulativo - diz a pesquisadora. - Além disso, diversas interações medicamentosas podem ocorrer, sem que o usuário perceba. A associação com o álcool ou outros depressores do sistema nervoso pode matar.

O Globo.

Um comentário:

Penélope disse...

Acho tão estranho que coisas que foram criadas para relaxar, para causar bem estar e melhorar a qualidade de VIDA a num certo momento se desviam do curso original de sua criação e passam a ser do mal.
Coisas do HOMEM...
Meu amigo, sempre grata pela sua valiosa participação em minhas páginas.
Grande abraço e excelente domingo.