2.06.2012

O melhor das novas restaurações

Dentistas e a Tecnologia

Sem metal, blocos e coroas duram mais tempo e causam menos problemas
SEM PROTÉTICO: Não há molde a ser enviado para um protético nem restaurações provisórias. O dentista escaneia a boca do paciente, determina como vai ser a prótese e envia os dados para a fresadora, que modela um bloco cerâmico.
TEMPO: Em dez minutos, sai pronto o bloco a ser cimentado na boca do paciente. Com isso, em vez de cerca de quatro sessões, pode-se resolver tudo numa só.
PRECISÃO: A máquina analisa imagens da região a ser trabalhada, da sua antagonista (o lado esquerdo da arcada inferior, se o dentista for trabalhar na superior esquerda, por exemplo) e da mordida (oclusão). Não erra, e ainda corrige o operador que a programar erroneamente.
AJUSTE: Não há intervalos entre os dentes, que ficam bem próximos um dos outros, como os naturais, e ajustes são incomuns.
SEM METAL: Em vez de amálgama ou ouro, as próteses levam zircônia, alumina ou silicato de lítio. A retração da gengiva é menos comum, e a durabilidade da prótese aumenta.

Já não é preciso ir várias vezes ao consultório para colocar uma prótese: bastam 90 minutos


O DENTISTA Julpi Tuchinski mostra a imagem tridimensional de uma prótese: ela será confeccionada em dez minutos, com uma máquina alemã de fresagem
Foto: Marcelo Piu
O DENTISTA Julpi Tuchinski mostra a imagem tridimensional de uma prótese: ela será confeccionada em dez minutos, com uma máquina alemã de fresagem Marcelo Piu
V ocê está prestes a viajar e uma coroa simplesmente cai da boca. Ou tem pouco tempo disponível e descobre que vai precisar de uma ponte. Ou tem horror de dentista, e, quanto menos tempo no consultório, melhor. Em qualquer destas situações, uma tecnologia diferente, que permite substituir uma prótese antiga ou instalar uma nova em uma única consulta, pode ser útil. Trata-se do Cerec, um equipamento alemão, composto de um escâner intraoral e uma máquina de fresagem, e de uma técnica suíça que, juntos, permitem ao dentista confeccionar restaurações no consultório, sem precisar enviar um molde para um laboratório. O tratamento custa de 10% a 20% mais que o convencional, mas os profissionais das poucas clínicas que já o utilizam no Rio — são menos de dez — dizem que, além da praticidade, há outras vantagens: as próteses têm medidas mais precisas, não levam metal e duram mais que as antigas.
— Conseguimos chegar ao “day clinic”: confeccionamos uma coroa de cerâmica em dez minutos, e, em uma hora e meia, concluímos todo o trabalho, do preparo à colocação — diz Fabio Browne de Paula, da Clínica Browne de Paula, no Centro da Cidade, uma das que já têm o tratamento. — Com esta técnica, podemos criar até pontes com três, quatro dentes. A aceitação tem sido ótima, porque não tem nada mais chato do que ir e voltar várias vezes ao dentista para fazer o molde, colocar um provisório, provar o bloco, fazer ajustes...
Na Clínica Browne, o método é usado desde novembro, e já conquistou a maioria da clientela, que prefere pagar entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil por uma coroa cerâmica, em vez de R$ 1,8 mil a R$ 2 mil, e resolver o problema num só dia. O preço varia de acordo com o número de dentes e o tamanho das próteses, que podem ser feitas de materiais como zircônia, silicato de lítio e alumina.
Na técnica convencional, o dentista diagnostica o problema, faz um molde da prótese e o envia para um laboratório protético. Depois, prepara a região da boca onde será inserida a prótese e coloca ali uma restauração provisória. Quando a definitiva chega ao consultório, retira a provisória, coloca-a no lugar da antiga e faz os ajustes. Com sorte, cimenta-a a seguir e pronto. Mas é comum ter de enviá-la novamente ao protético para adaptações, e depois testar outra vez o resultado com o paciente. Tudo isso leva cerca de quatro sessões.
Com a técnica suíça, o procedimento é rápido e preciso: o dentista faz a imagem tridimensional da região a ser trabalhada com um escâner e prepara o paciente para receber a prótese. Depois, num computador, determina os padrões que a prótese terá, inclusive a cor. Pode fazê-lo recorrendo a um banco de imagens com mais de dez mil opções ou estabelecer parâmetros individuais para aquele cliente. O programa calcula exatamente as dimensões do modelo, corrige possíveis erros e envia os dados à máquina de fresagem. O dentista, então, insere um pequeno bloco prensado de cerâmica na fresadora e, dez minutos depois, tira-o de lá, esculpido e pronto para ser cimentado na boca do paciente, quase sempre, sem necessidade de ajustes. Para aprender a técnica, Browne fez um curso na Alemanha.
O equipamento exige um investimento de cerca de R$ 300 mil. Para o dentista José Umberto De Luca, da Clínica De Luca, no Leblon, pioneira da técnica no Rio, o número de profissionais que usa esta tecnologia só tende a crescer.
— As medidas dos blocos na técnica 3D são mais precisas. e, no futuro, todo mundo vai ter uma máquina dessas no consultório. Tanto é que a Sirona, subsidiária da Siemens que a fabrica, abriu escritório em São Paulo no ano passado, apostando no aumento das vendas. E outros fabricantes vêm investindo em equipamentos semelhantes. Com isso, os preços do tratamento para os pacientes vão cair —– aposta.

O Globo

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