2.07.2012

Para nova ministra, aborto é questão de saúde pública

Eleonora Menicucci de Oliveira, a nova ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, disse que pessoalmente é a favor do direito ao aborto, mas que como ministra vai seguir a linha do governo

AGÊNCIA BRASIL

A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci (esq.), e a ex-ministra Iriny Lopes (dir.), durante entrevista coletiva (Foto: Elza Fiúza/ABr)
A socióloga Eleonora Menicucci, indicada pela presidenta Dilma Rousseff para assumir a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), participou da primeira entrevista coletiva após a indicação abordando um tema polêmico: a legalização do direito ao aborto, que segundo a ministra, deve ser considerado uma questão de saúde pública. “Não é uma questão ideológica, é uma questão de saúde pública, como o crack e outras drogas, a dengue, o HIV e todas as doenças infectocontagiosas”, afirmou nesta terça-feira (7) a futura ministra.
Eleonora disse que, pessoalmente, é a favor da legalização do aborto, porque a prática por meios clandestinos é atualmente a quarta causa de mortalidade materna no Brasil. No entanto, Eleonora ressaltou que, a partir do momento em que aceitou o convite para a SPM, passou a assumir a posição do governo em relação ao assunto, e que sua opinião "não interessa".
A posição do governo é de que o tema da descriminalização do aborto não é um assunto do poder Executivo, e portanto não pode ser aprovado pela presidente ou os ministros. Ou seja, para o governo, definir se o aborto pode ou não ser legalizado é um assunto do Congresso, e só poderia ser aprovado por meio de projeto de lei na Câmara e Senado. “A matéria da legalização ou descriminalização do aborto é uma matéria que não diz respeito ao Executivo, mas ao Legislativo”, afirmou.
Segundo Eleonora, uma das prioridades da pasta será dar continuidade ao combate à violência doméstica e sexual. Ela defendeu, entre outras medidas, a punição de estupradores, mesmo quando a vítima não procurar a delegacia para fazer a queixa. O assunto será apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-fera (8).
Eleonora deve tomar posse na próxima sexta-feira (10). Ela assume a secretaria no lugar de Iriny Lopes, que deixa o governo para concorrer à prefeitura de Vitória (ES) nas eleições municipais de outubro. Eleonora é pós-doutora e lidera o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Mulher e Relações de Gênero na UNiversidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além disso, foi companheira de prisão da atual presidenta Dilma Rousseff, quando foram presas pela ditadura militar.
Balanço da gestão Iriny Lopes
A ministra Iriny Lopes também participou da coletiva e fez um balanço de sua gestão no ano de 2011. Segundo ela, 100% do orçamento destinado à SPM foi executado. “Nenhum ministério acha suficiente os recursos que tem. Porém, não fomos afetados”, disse. Para este ano, estão previstos R$ 107 milhões.
Sobre a sucessora, ela avaliou que Eleonora tem experiência na área administrativa e na defesa dos direitos das mulheres e, por essa razão, foi escolhida por Dilma para o cargo. “Saio para cumprir essa tarefa [concorrer à prefeitura de Vitória], com a concordância e o apoio da presidente. Isso foi amplamente discutido com ela e foi o que motivou a decisão da minha saída. Farei o que é natural fazer nesses processos. Retomo meu mandato de deputada federal e, dentro do prazo que a lei eleitoral permite, intensificarei as conversas, os diálogos com os partidos no meu estado e na minha cidade”,

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