São Paulo -  Quem é Giselle Itié? Brasileira, mexicana, italiana? Bem, tempero latino é o que não falta na atriz nascida na Cidade do México, onde morou até os cinco anos, criada em São Paulo e que passa tranquilamente por uma bella donna romana. “Os americanos amam esse meu tipo latino. Mas é engraçado que as pessoas com quem eu convivi em Hollywood achavam que eu era italiana; então, quase sempre vinham conversar comigo em italiano. Resposta inevitável, ‘Io non parlo italiano, niente, niente!’ (risos)”, disse ela, relembrando a temporada que passou estudando em Los Angeles no ano passado.
                  
Prestes a estrear no papel de uma prostituta de luxo em “Máscaras”, próxima novela da Rede Record, Giselle chega desconfiada para a entrevista. Mas logo se enturma e mostra seu lado bem brasileiro; solícita e amigável com a reportagem. Enquanto era maquiada, devorou sem culpa uma porção de batata-frita de uma famosa rede de fast food. Mas disse que tal extravagância é uma exceção, assim como o creme de avelã Nutella, uma de suas taras. Em ótima forma para o papel de Manuela, Giselle dá a receita: aulas de pilates e muito chá.

Acompanhada de sua mãe, Sandra Itié, Giselle posou de lingerie para as lentes do iG. Ela aproveitou o cenário de um ristorante em São Paulo para desfilar sua simpatia e beleza sem qualquer pudor. Escancarou sua sensualidade ao lado de um genuíno nonno que parece ter saído de um filme de Fellini. Por uma dessas felizes coincidências da vida, seu Miguel surgiu por acaso na sessão de fotos de Giselle e topou fazer parte da cena. Apesar da naturalidade com que mostrou suas curvas para a câmera, a atriz é categórica em afirmar que não posaria nua para nenhuma revista masculina. “Só se rolasse uma tragédia na minha vida e eu precisasse de dinheiro desesperadamente. E precisar fazer as fotos chorando sangue. Mas como isso não vai acontecer, definitivamente, não. Acho que eu gastaria (todo o dinheiro) em terapia.”
Giselle Itié fotografa com nonno italiano | Foto: Portal IG
Giselle Itié fotografa com nonno italiano | Foto: Portal IG
Como era sua vida em Los Angeles?
Giselle Itié: Se eu for voltar a estudar fora, definitivamente não vai ser em Los Angeles. É um lance de energia, senti que o povo de lá é muito fechado. Mas profissionalmente foi ótimo, conheci várias pessoas bacanas, estudei com coachs legais, professores de canto, de voz. Cresci muito. Agora para viver...

Mesmo morando em um apartamento grande e bem localizado não era legal?
Giselle Itié: Pois é, mas quando eu fiquei oito meses em Nova York, morava num quartinho e fui muito feliz. Nova York é diferente, são várias culturas, é uma cidade do mundo, tudo acontece ali. Fazia tudo de metrô. Eu gosto dessa coisa de trocar, de sair de casa e conversar com as pessoas.

Você tem essa imagem latina, naturalmente sensual. Isso abre portas em Hollywood?
Giselle Itié: Muito, muito, os americanos amam! Mas é engraçado que todo mundo achava que eu era italiana, então as pessoas vinham falar italiano comigo. ‘Io non parlo italiano, niente, niente!’ (risos). Sobre abrir portas, eu acredito que tudo na vida a gente tem que focar para ter algo. Foquei muito nos meus estudos lá, mas não tive foco em testes, por exemplo. Talvez porque não me senti muito à vontade lá, eu tenho essa coisa de querer me sentir em casa. É o mínimo para conseguir conquistar qualquer coisa.

Você teve que voltar para o Brasil porque foi obrigada pela Record?
Giselle Itié: Eu não fui obrigada, a Record sempre me deixou à vontade. Tanto que ano passado eu estava em L.A. e eles me chamaram para fazer uma novela e eu disse: ‘Não, me deixa ficar um pouco mais aqui, eu preciso sentir mais a cidade. Preciso ficar um tempo respirando; a ‘Bela, a Feia’ foi uma personagem que eu fiquei um ano e pouco fazendo. Quero respirar um pouco mais antes de ficar um ano dentro de um estúdio’. Então, eles me deram total liberdade. Estou superfeliz com ‘Máscaras’, o texto do Lauro (César Muniz) é genial, é quase só decorar. Você nem precisa colocar muita coisa, é muito completo, muito natural.

Como tem sido seu laboratório para fazer uma prostituta de luxo? Onde busca referências?
Giselle Itié: Conversei com meninas em São Paulo. É uma vida difícil, elas têm esse sonho de conquistar algo. Uma delas, a faculdade. Ela falou: 'Giselle, eu poderia pagar a faculdade de outra maneira? Sim, mas em uma loja eu não iria conseguir o dinheiro que eu preciso'. Elas conseguem muito dinheiro em pouco tempo, mas não dizem que estão felizes e que querem isso para o resto da vida. Ser puta de luxo a vida toda? Não, é imediato: quero conquistar isso, essa faculdade e depois eu quero sair. Assim como a minha personagem, a Manuela, não quer ficar. Ela já sai dos Estados Unidos por causa da recessão, porque não está bem de grana, não está faturando muito, então ela decide voltar para o Brasil e abrir uma loja.

Em “Bela, a Feia “ você podia estar mais relaxada com a imagem, o oposto da Manuela. Como enxerga esses dois momentos em relação a cuidados com a aparência?
Giselle Itié: Era bem mais fácil. Eu podia ter insônia a noite toda e de manhã ir gravar a ‘Bela, A Feia’ e estava tudo certo. Agora não, eu tenho que acordar e colocar gelo no olho porque o instrumento da Manu é o corpo, é o rosto. Querendo ou não, ela vive em uma grande competição e ela tem que estar bonita.

E você tem isso, de sempre querer estar bonita?
Giselle Itié: Eu tenho. Se eu durmo, com esse meu olho amendoado puxadinho, eu acordo chinesa, japonesa. Sou apaixonada por comida trash: de Nutella até batata frita. Então não é sempre que eu posso exagerar. E faço pilates. Tive que fazer na época da ‘Bela’ porque ela era corcunda, então o médico me pediu pra fazer e eu me apaixonei por pilates. Dá uma noção, uma estrutura, uma consciência corporal incrível.

O que você tem da Manuela?
Giselle Itié: A Manu é uma pessoa muito do bem. Várias horas ela diz: ‘Não é porque eu sou prostituta que eu sou drogada ou vou fazer suruba com mulher. Prostituta é prostituta. Puta e drogada é outra coisa. Eu também estou adorando o figurino, ela é superdesencanada no dia a dia. E ela é muito solar, assim como eu.

Você foi dez anos da Globo e a agora está na Record. Enxerga isso como um retrocesso? Mesmo o melhor Ibope da Record ainda é menor que o pior da Globo.
Giselle Itié: Nunca! É bom estar dentro de uma casa que está crescendo, é muito doido você poder trocar com a casa. Dizer: ‘Gente, isso não é legal!’ E ver a casa crescendo. E ao mesmo tempo eu tenho a minha vida paralela, a minha vida não é dentro da televisão. Tenho os meus projetos e para mim é maravilhoso ter esse domínio. A Record me dá essa liberdade e a Globo também. São casas diferentes. Estou hoje na Record, mas de repente posso estar amanhã na Globo. Ou em nenhuma das duas e fazendo cinema, exposição. Fui muito feliz esses pelos dez anos na Globo e estou muito feliz nesses dois anos na Record. Acho que eu sou muito nova também; não sou casada, não tenho filho, então eu tenho essa liberdade de ir e vir. Também de ir e nunca mais voltar.

Têm atrizes que não estão nem aí para contratos na TV, querem fazer teatro, produzir. Outras como Carolina Dieckmann e Juliana Paes criam uma imagem para fazer publicidade. Como são seus contratos publicitários?
Giselle Itié: Não gosto da fama efêmera, da fama vendida. Do tipo, vou vender a minha vida pessoal: vou ficar grávida daqui a dois anos, vou aparecer na capa de revista vendendo a minha gravidez, vendendo a vida de uma pessoa que nem nasceu. Ela não tem nada a ver com isso. Não gosto dessa mídia barata, mas também não tenho preconceito. Mas não é o meu jeito. Gosto de conteúdo, de poder falar alguma coisa interessante. Semana passada, chegou uma criança no cabeleireiro para mim: ‘É você que é a celebridade?’ E eu disse: ‘Não, não sou a celebridade!’ (risos)  Quando eu era pequena, eu queria ser palhaça, palhaça mesmo. Aí aos 11 ou 12 anos percebi que a base do ator era palhaço. Então eu pensei, quero sensibilizar as pessoas, eu quero tocar as pessoas. Não porque eu estou namorando X e é isso que é legal.
Giselle Itié posa de lingerie em restaurante italiano | Foto: Portal IG
Giselle Itié posa de lingerie em restaurante italiano | Foto: Portal IG
Como fazer dinheiro como atriz no Brasil?
Giselle Itié: Ter um bom contrato na Record (risos). É isso, eu estou bem, não posso reclamar. Eu tenho as minhas coisas, posso me sustentar, ter as minhas regalias, ajudar a minha família e fazer meu trabalho.

Quem foi o grande amor da sua vida?
Giselle Itié: É o Rodrigo (Gimenes) e não porque estou namorando ele. É porque está sendo um grande encontro, estou crescendo bastante com ele. É uma pessoa muito especial.

Tem vontade de casar e ter filhos?
Giselle Itié: Sinto que eu preciso crescer muito como pessoa, como profissional. Tem muitas coisas que eu quero fazer e não só como atriz. Futuramente poder dirigir; quero voltar para a faculdade, voltar a estudar. Acho que daqui a sete anos eu posso exercer o papel de mãe.

Com o que você sonha? Em termos de conquistas e também em relação a sonhos recorrentes.
Giselle Itié: Engraçado, tem épocas que eu lembro todos os dias dos meus sonhos. E outras vezes, fico dois meses sem sonhar, ou sem lembrar. Também tem vezes que sonho e depois de um mês acontece. Aí eu falo: ‘Caramba, o que está acontecendo?’ Com pessoas que nem são próximas. Amigo do amigo. Tipo: sonhei que aquela sua amiga estava grávida e depois de dois meses eu descubro que ela está grávida. Então tenho que começar a anotar. Quanto a conquistas, tenho tantos sonhos que às vezes eu me sinto meio em vão. Às vezes eu queria pegar uma mochila e ir para a Amazônia ajudar as pessoas de lá. Ou queria pegar uns cadernos e alfabetizar quem não sabe ler. Por isso que às vezes me sinto meio em vão, meio: ‘Nossa, será que eu estou fazendo o que eu queria fazer?’

Quais são seus defeitos?
Giselle Itié: Sou supergeniosa. Até o primeiro momento, um pouco desconfiada.  Desconfiada no primeiro momento também pode ser positivo, porque você se protege, é uma precaução. Você toma tanto na cabeça que acaba querendo saber: ‘quem é essa jornalista?'. Sou teimosa e ciumenta. E não só com namorado. Se a gente virar superamigas e chegar alguém e seu foco mudar, eu logo digo: ‘E eu, Rê?’ Isso desde pequena. Bem pequenininha eu falava: ‘y jo? y jo?’ Ah, está bom de defeitos. Não precisa todo mundo saber meus defeitos.

Já posou para a “VIP”. Posaria para nua a “Playboy”?
Giselle Itié: Não. Poderia posar nua para uma exposição, algo realmente artístico. Mas “Playboy” e “Sexy”, não. Só se rolasse uma tragédia na minha vida e eu precisasse de dinheiro desesperadamente. E precisar fazer as fotos chorando sangue. Mas como isso não vai acontecer, definitivamente, não. Acho que eu gastaria tudo em terapia.
As informações são da repórter Renata Reif, do IG