Conheça melhor as muitas formas de manifestação da ansiedade
"Da
próxima vez que estiver a braços com um dilema
que implica tomar ou não as rédeas de si
próprio, faça a si mesmo esta pergunta "Quanto
tempo estarei morto?". Tendo em mente esta
perspectiva eterna, poderá então fazer a sua
escolha e deixar as preocupações, os medos, a
questão de poder ou não fazê- la e a culpa a
cargo daqueles que vão estar vivos para sempre."
Wayne W. Dyer
O que é a Ansiedade
Não há quase ninguém que não
ande preocupado, de vez em quando: é a nossa
reacção a situações de ameaça. Há várias
teorias que pretendem explicar a origem da
ansiedade: a psiquiatria explica-a devido a
alterações químicas no cérebro, que provocam os
sentimentos de medo e de pânico, aconselhando a
droga certa para tratar este problema. Muitas
pessoas estão mesmo convencidas que a ansiedade
é uma questão médica. A teoria psicanalítica
acredita que a ansiedade teve a sua origem em
experiências infantis reprimidas e não
resolvidas... As perturbações de ansiedade são
muito vulgares, afectando cerca de 4% da
população, especialmente adultos jovens.
A perspectiva da abordagem
cognitiva diz-nos que a ansiedade tem a
origem nos nossos pensamentos: nós interpretamos
os acontecimentos e as situações, dando-lhes
significados que nos fazem sentir nervosos e
preocupados.
A
ansiedade é positiva, até um certo grau, porque
nos permite preparar e ultrapassar alguma
situações difíceis. Por exemplo, o atleta que
aguarda o sinal de partida numa corrida fica
mais atento para o início da prova. Quando
experienciamos ansiedade, é difícil especificar
aquilo que a provoca: ela é uma resposta a um
perigo vago, distante ou mesmo irreconhecível. A
ansiedade afecta todo o organismo: é uma reacção
fisiológica, comportamental, emocional e
psicológica. A um nível fisiológico, os
sintomas podem ser desde batimentos acelerados
do coração, tensão muscular, transpirar nas
palmas da mãos e pés, respiração rápida e boca
seca e dores de cabeça ; a um nível
comportamental, a ansiedade pode prejudicar
e afectar bastante o nosso comportamento, como a
expressão oral ("ter uma branca"), o desempenho
desportivo e escolar ou lidar com situações
simples do dia-a-dia. Psicologicamente, é
um estado subjectivo de apreensão, medo ou
preocupação, que em casos extremos pode levar a
pensamentos como "medo de morrer" ou "medo de
enlouquecer".
Quando a ansiedade e
stresse são prejudiciais
Existem muitas situações do
quotidiano em que é razoável e indicado agir com
alguma ansiedade. Se não sentir nenhuma
ansiedade em resposta a desafios que envolvam
uma potencial perda ou perigo ("ex: atravessar
uma rua movimentada"), poderá haver outro
transtorno, como a depressão.
O problema surge quando a
ansiedade é excessiva (devido à sua
intensidade, frequência e duração no tempo)
,acabando por bloquear o raciocínio e o
desempenho nas situações e perturbar as
actividades quotidianas. Neste caso, pode
provocar sofrimento, um pior desempenho das
actividades diárias ("algo horrível vai
acontecer", "não me consigo concentrar") e
prejudicar o sono e as relações pessoais. Um
acto relativamente inofensivo como entrar para
um elevador ou estar perto duma varanda num
andar elevado pode ser vivido com muita
intensidade e sofrimento para quem experimenta
um transtorno de ansiedade porque avalia a
situação com uma elevada probabilidade de
ocorrência de um acontecimento negativo ou mesmo
catastrófico.
Enquanto
que o medo pode ser uma reacção adaptativa do
organismo quando nos prepara para um perigo real
(por exemplo, se virmos um urso a caminhar na
nossa direcção, o coração começa a bater mais
rapidamente, bombeando mais sangue, para
melhor podermos fugir dessa situação) e desta
forma protegemo-nos dos perigos reais, na
ansiedade patológica há uma avaliação exagerada
de um perigo em situações relativamente
inofensivas: um simples encontro social vai ser
interpretado pelo fóbico social como uma
situação humilhante, embaraçosa e vivida com
muita ansiedade e apreensão.
Quando o nosso corpo é sujeito
a ameaças ou perigos, dão-se um conjunto de
respostas fisiológicas. Os agentes stressores
podem provocar então uma activação do sistema
nervoso simpático e do eixo hipotalâmico-
pituitário- adrenocortical (HPA), que é um
circuito que liga o corpo ao cérebro. Como
resultado deste processo, há a libertação de
algumas hormonas, que provocam as sensações
físicas típicas da ansiedade ( batimento
cardíaco acelerado, formigueiro, suor, tonturas,
etc). Os agentes stressores psicológicos (ex:
falar em público, desemprego, dificuldades num
relacionamento...) relacionam-se com níveis
altos de glicocorticóides, epinefrina e de
norepinefrina, e que consequentemente, estão
ligados a muitos transtornos físicos (Salovey e
cols, 2000). Assim, a activação prolongada
destes sistemas (ou stress crónico) aumenta a
probabilidade de desenvolvimento de algumas
doenças (úlceras gástricas, enfarte do
miocárdio, desordens mentruais, infecções
virais, artrite, cancro, depressão) (Dougall,
2001).
Muitos estudos também
relacionam os efeitos do stress crónico sobre o
sistema imunológico. Ou seja, o stress também
aumenta a susceptibilidade a infecções,
devido aos seus efeitos sobre os sistemas córtex
supra-renal- adeno- hipófise e simpático da
medula adrenal.
A ansiedade pode
assumir múltiplas formas, desde o medo
por falar em público, de andar de elevador ou
por entrar num avião. Outras vezes, a ansiedade
pode vir repentinamente, num ataque agudo e com
sintomas físicos como falta de ar, ondas de
calor e dores no peito, constituindo um ataque
de pânico. A ansiedade pode ser sentida em graus
muito variados, desde um ligeiro desconforto até
ao terror intenso de um
ataque de pânico,
mas sempre com a sensação que
algo de mau vai acontecer, mesmo não havendo um
perigo real:
- Preocupações Crónicas:
preocupar-se constantemente sobre a sua
saúde, família, trabalho, carreira, finanças,
etc. Há uma vaga ideia de que algo de mau está
para acontecer, mas não sabe o quê.
- Medos e Fobias:
medo da interacção social, medo de estranhos,
medo de lugares altos, de elevadores, sangue, de
conduzir, de aranhas, de voar, de cães, de
trovoada ou mesmo de ficar fechado em lugares
fechados.
- Ansiedade de Desempenho:
Quando há uma preocupação excessiva em
relação ao desempenho de uma tarefa: sentir a
cabeça em branco quando tem de fazer um teste,
realizar uma actividade em frente a outras
pessoas ou mesmo competir num evento desportivo.
- Medo de falar em público:
sentir ansiedade sempre que tem de falar em
frente de um grupo de pessoas. Nesta situação
podem aparecer pensamentos do género "Vou
começar a tremer e as pessoas vão perceber como
eu estou nervoso" ou " Vou-me esquecer do que
tenho para dizer", "Vou ter uma branca e vou
fazer uma figura ridícula", " Todas as pessoas
vão olhar para mim e perceber como sou
neurótico"...
-
Ataques de Pânico:
Sentir um
ataque repentino, súbito, que parece vir do
nada, no qual o coração começa a bater depressa,
o corpo treme, sente que não consegue respirar e
que pode sufocar, o peito aperta e onde podem
aparecer tonturas ou vertigens. Nesta situação
podem aparecer pensamentos como " Eu devo ter um
ataque cardíaco, será que vou viver ou morrer?",
"não consigo respirar, acho que vou morrer
sufocado", " e se eu perder o controle?", "acho
que vou enlouquecer". À medida que estes
sintomas vão desaparecendo, é frequente as
pessoas sentirem-se assustadas, humilhadas
e com vergonha do que aconteceu. Fica a pensar
no que aconteceu e quando e onde é que isto pode
acontecer de novo. Ver também
transtorno de pânico
-
Transtorno do Stresse Pós- Traumático: É
inundado por memórias ou imagens mentais de um
acontecimento terrível que aconteceu há meses ou
anos.
-
Agorafobia: Ficar
ansioso por ficar longe de casa porque acredita
que algo de mau pode vir a acontecer- como um
ataque de pânico- e não vai haver ninguém que o
possa ajudar. Sentir medo em lugares abertos,
pontes, túneis, em lojas apinhadas de pessoas ou
andar de metro ou transportes públicos. Ou seja,
há um medo em relação a lugares ou situações dos
quais seja difícil escapar ou sair.
- Obsessões e Compulsões:
É inundado por pensamentos
obsessivos que não consegue evitar ou tirar da
cabeça, e impulsos (que não consegue evitar)
para fazer rituais, que supostamente controlam
os medos. Por exemplo, pode ser consumido pelo
medo de germes e tem um impulso irresistível
para lavar as mãos continuamente (comportamento
compulsivo), ao longo do tempo. Ou um impulso
para verificar se as portas estão bem fechadas,
mesmo depois de ter acabado de verificar.
Ver também
transtorno obsessivo- compulsivo
- Preocupações em relação
ao aspecto físico (Transtorno Dismórfico
Corporal): É consumido pela sensação de que
há algo de errado ou anormal com o corpo ou com
qualquer aspecto da imagem corporal ou da face,
mesmo quando os amigos e familares dizem que
está tudo óptimo. Por exemplo, pode haver uma
preocupação com o nariz porque se acha que
é grande ou deformado ou que o corpo nunca está
suficientemente musculado, apesar de anos de
ginásio e de as outras pessoas o verem como
bastante musculado. Esta preocupação causa
sofrimento e o indivíduo pode recear actividades
sociais ou evitá-las, com medo de o corpo ser
exposto ou para manter a sua dieta ou
exercícios. Frequentemente, há uma inibição
social e muito tempo e dinheiro é gasto em
cremes de beleza, suplementos alimentares e
mesmo em frente a espelhos, tentando corrigir um
hipotético defeito, pois há uma excessiva
valorização do corpo e de que ele não satisfaz
as expectativas.
Na Vigorexia ou Síndroma
de Adónis existe um preocupação excessiva
com a musculatura, o corpo e o exercício físico.
Existe uma distorção do esquema corporal porque,
por mais exercício físico que façam e mesmo
tendo um corpo muito grande e musculado, estas
pessoas vêem-se como fracas e débeis. Esta
obsessão com o corpo pode levar a dietas muito
ricas em proteínas e a despender largas horas no
ginásio e até ao consumo de esteróides e outras
substâncias proibidas. Este transtorno provoca
sofrimento, gerando ansiedade, depressão, fobias
e comportamentos compulsivos (ex: olhar muitas
vezes no espelho). Existe uma relação entre
introversão, dificuldades de relacionamento
interpessoal, timidez e mesmo fobia social, com
este transtorno. Ao mesmo tempo, pode haver uma
grande necessidade de aprovação social, mas
sentindo insatisfação e complexos com o próprio
corpo. Da mesma forma que existe uma
distorção do esquema corporal com a
anorexia, em que o indivíduo nunca se vê
suficientemente magro (ainda que na realidade
excessivamente magro), na vigorexia o indivíduo
vê-se como fraco, apesar de ser muito musculoso.
Muitas vezes, a única forma de quebrar este
ciclo é através da terapia cognitivo-
comportamental que realizamos, e
pretende, entre outros aspectos, modificar
os esquemas distorcidos, melhorar a auto-estima
e reduzir os comportamantos obsessivo-
compulsivos.
Como existem tantos sintomas
diferentes relacionados com a ansiedade, ela faz
parte de um conjunto de perturbações
relacionadas, como os ataques de pânico, o
transtorno de ansiedade generalizada, as fobias,
a perturbação obsessivo- compulsiva e o Stresse
pós- traumático. Cada um destes problemas tem um
conjunto específico de sintomas, mas também há
sintomas comuns entre eles, nomeadamente um medo
intenso, de que algo negativo pode vir a
acontecer.
Sintomas
Alguns
dos sintomas mais habituais da ansiedade
são batimentos cardíacos mais fortes ou
acelerados, aperto no peito, alterações
respiratórias (inspirar e expirar ar em
excesso), dores de cabeça, dores nas costas,
tensão muscular, sensação de cansaço e
incapacidade de descontracção. Também são
frequentes os tremores, sudação, rubor, palidez,
diarreia e dores abdominais.
Os sintomas psicológicos
são constituídos por sentimentos de medo, de que
algo de mau está para acontecer a si próprio
e/ou familiares e amigos, medo de perder o
autocontrole, ter uma preocupação constante,
medo de ter uma doença desconhecida, impressão
de não se reconhecer a si próprio, impressão de
se sentir estranho numa ambiente familiar, etc.
Não havendo muitas hipóteses de relaxar, isto
pode conduzir a perturbações do sono. Um dos
distúrbios de ansiedade mais frequentes é a
ansiedade generalizada, sendo um sintoma básico
de vários transtornos de ansiedade...
Transtorno da Ansiedade
Generalizada
A definição deste transtorno
tem sofrido bastantes alterações nos últimos
anos. Alguns dos critérios que permitem
definir este transtorno são:
- Existência de ansiedade e
preocupação excessivas ( a preocupação sentida é
desproporcional à hipotese de ocorrência da
situação temida), que ocorrem na maior parte dos
dias, durante um mínimo de 6 meses.
- O indivíduo têm dificuldade
em controlar a preocupação
- A ansiedade está associada
com outros sintomas: inquietação, fadiga fácil,
dificuldade de concentração (sensações de
branco), irritabilidade, tensão muscular e
perturbações do sono.
(a confirmação deste
transtorno deve ser feita pelo psicólogo,
através de entrevista diagnóstica)
O tratamento psicológico
Cognitivo- comportamental
Nos últimos anos foram
desenvolvidas novas técnicas e procedimentos no
tratamento psicológico de vários transtornos de
ansiedade, cuja eficácia vem sendo confirmada.
Assim, seguindo as técnicas mais recentes e
eficazes, a nossa terapia psicológica
para tratamento da ansiedade generalizada incide
sobre os seguintes aspectos:
- Avaliar o seu perfil
de preocupação, através de
questionários para avaliar como lida com as
preocupações, os domínios de preocupação, grau
de tolerância à incerteza e crenças pessoais.
- Compreender como
está a reagir e a comportar em função
dos acontecimentos e dos estímulos do mundo. Ao
tornar claro o ciclo vicioso entre situações,
pensamentos automáticos, emoções e
comportamentos, o cliente pode perceber como
certos padrões de pensamento podem estar a
contribuir para este ciclo. Por exemplo, muitas
pessoas com ansiedade crónica costumam pensar em
termos de
"preciso de ter o controlo das coisas a todo o
tempo; preciso de tudo para agora; é importante
ter a aprovaçao de toda a gente; não consigo
deixar de fixar o
pensamento em acontecimentos banais", "é difícil
relaxar, ficar calmo até me põe nervoso", etc.
- Refutar, mudar,
restruturar padrões de pensamento e construir
formas de pensar mais eficazes, produtivas e
satisfatórias: identificar erros de
pensamento, aceitar a realidade, suspender os
julgamentos inúteis sobre os acontecimentos,
treinar a tolerância à incerteza, aprender um
imperfecionismo eficaz, etc
- Aprender técnicas de
relaxamento, como a visualização,
respiração abdominal, mindfulness e meditação.
- Aplicar formas de
preocupação produtiva e desaprender
formas de preocupação improdutivas.
- Aprender técnicas de
gestão de tempo
- Aprender técnicas de
assertividade e de afirmação pessoal.
Com frequência, uma parte de ansiedade
relaciona-se com padrões de interacção pessoal
pouco assertivos (ter uma atitude passiva ou
agressiva).
Como parte do tratamento
cognitivo do TAG, o cliente deverá compreender
que são as interpretações que faz das situações
e não devido às situações em si, que fazem
sentir um conjunto de sentimentos negativos. Uma
parte do tratamento passa pelo desafio que o
cliente colocará aos pensamentos e predições
"catastróficos" em relação a uma série de
situações.
Para os outros tipos de
ansiedade específicas (fobias, obsessões,
pânico) e para a
ansiedade social, são aplicadas técnicas
mais específicas.
Os medicamentos
(ansiolíticos) apenas proporcionam um alívio
temporário dos sintomas de ansiedade, mas não
tratam as causas da ansiedade, para além de
muitos destes medicamentos poderem provocar
habituação. Na maior parte dos casos, o
tratamento dos problemas psicológicos mais
profundos que estão na origem da ansiedade são
tratados com maior eficácia através de
psicoterapia. Segundo Barlow (1988), "os
tratamentos farmacológicos, apesar de
frequentemente testados, são surpreendentemente
impotentes".
Por vezes, as pessoas que tem
melhorias através de ansiolíticos acreditam que
o seu problema foi ultrapassado, quando isto
muitas vezes é uma ilusão provocada pela
melhoria temporária; quando a toma dos
medicamentos é interrompida os sintomas podem
reaparecer (os ansiolíticos são a classe de
medicamentos mais vendida em Portugal). Esta
cura aparente pode desmotivar algumas pessoas a
iniciarem um processo de psicoterapia, o que
proporcionaria uma compreensão de si próprio e
do processo psicológico que desencadeia a
ansiedade. Certamente que em Portugal existe um
número excessivo de pessoas a tomar
psicofármacos e por períodos de tempo demasiado
longos, quando muitas das vezes as terapias
psicológicas teriam efeitos mais eficazes,
duradouros e sem efeitos secundários ou de
habituação, como acontece frequentemente com os
medicamentos.
Terapia Psicológica Versus
Medicação
Na grande maioria dos casos, a
ansiedade e a depressão podem ser tratados com
sucesso sem o recurso a medicamentos. Existe um
número cada vez maior de estudos científicos que
demostram que a terapia psicológica cognitivo-
comportamental pode ser tão ou mais eficaz que
os medicamentos.
A partir dos resultados de
muitos estudos clínicos, vários autores
(DeRubeis et al, 2005; Watanabe et al, 2007;
Westra and Stewart, 1998, etc) concluem que a
terapia psicológica é muito eficaz para a
ansiedade, a médio e longo prazo. Pelo
contrário, as benzodiazepinas (Xanax, Valium,
etc) dão um alívio, mas durante um curto período
de tempo e tendem a perder a sua eficácia ao
longo do tempo. À medida que estas drogas
vão deixando o organismo (algumas horas depois
de as deixar de tomar), é muito frequente que se
volte a sentir nervoso (a). Se tomar estas
drogas durante várias semanas, pode experimentar
efeitos secundários quando as tentar largar. Os
sintomas mais comuns que pode sentir quando
larga estes medicamentos são: ansiedade,
nervosismo e sono alterado. Ou seja, podem
aparecer os sintomas que o fizeram tomar as
drogas. De seguida pode pensar que ainda precisa
de tomar estes medicamentos e voltar a tomá-los.
É deste forma que se desenvolve e mantém o
padrão de dependência destas drogas.
Outro grande inconveniente
destes medicamentos é que as pessoas podem
pensar que os medos que possuem são realmente
perigosos e devem ser evitados, o que faz com
que não aprendam a lidar com o medo de uma forma
realista e adaptativa. Podem continuar a evitar
as situações/ estímulos que provocam o medo,
perpetuando-o. Isto é exactamente o oposto que
se pretende com a terapia cognitivo-
comportamental !
Com a terapia psicológica, as
pessoas descobrem que os seus medos não são
realistas. As modificações na forma de enfrentar
o medo não são conseguidas com medicamentos.
Terapia Psicológica-
Exemplos
Pânico
Como exemplo prático, vamos
ver algumas formas distorcidas de pensamento
que aparecem no transtorno de pânico. Quando
as pessoas estão ansiosas, tendem a ter
pensamentos ansiosos e são estes pensamentos que
ajudam a manter o transtorno:
"Da próxima vez que tiver
pânico, eu terei um ataque cardíaco"
" Se eu entrar em pânico, vou
enlouquecer e magoar os outros"
" Vou asfixiar e morrer"
Estes
são alguns exemplos de pensamentos irracionais.
É uma forma de pensar que exagera ou superestima
o risco, pois isto é altamente improvável de
acontecer. O pânico é inofensivo para o
organismo, apesar dos sintomas desagradáveis. É
frequente as pessoas com transtorno de pânico
realizarem exames médicos e verificarem que não
possuem problemas cardíacos, mas mesmo assim
acreditam que podem ter um ataque fatal. Neste
caso, poderá colocar algumas questões a si
próprio:
- O que penso é um facto ou
uma hipótese?
- Tenho alguma prova de que
isto vai acontecer ou penso isto devido ao meu
medo?
- Quantas vezes tive este
pensamento ansioso e quantas vezes é que ele
ocorreu, na realidade?
Provavelmente irá chegar a
ideias alternativas bastante diferentes, para
estes e para centenas de outros pensamentos!
Este é apenas um pequeno exemplo de um dos
componentes da terapia psicológica do pânico.
Preocupações
As
pessoas que se preocupam constantemente possuem
algumas crenças/ atitudes/ ideias que provocam e
mantêm a ansiedade. Alguns exemplos de crenças
sobre as preocupações que, com frequência, são
encontradas em consulta :
- "Preocupar-me ajuda a
resolver os problemas" .
É claro que a simples
preocupação não modifica ou melhora nenhum
problema. O problema é que esta ansiedade inútil
pode paralisar a acção ou o pensamento
necessários para lidar com os problemas.
- " O mundo é perigoso e não
sou capaz de lidar com ele"
Os preocupados "crónicos"
acreditam que o mundo está cheio de
oportunidades de falhar, de rejeição e de
perigos. Mas na realidade, em 79% das vezes, os
preocupados lidam melhor com as situações do que
o que estavam à espera. O pessimismo crónico faz
as coisas parecerem muito pior do que aquilo que
são.
- " Preocupar-me ajuda a
dar-me uma ilusão de controlo sobre as coisas"
Há muitos aspectos da vida que
simplesmente não controlamos, mas insistimos
(irracionalmente) que devemos ou temos de
possuir algum controle sobre a questão.
- "Preocupar- me é uma forma
de reduzir a incerteza"
Um dos componentes da terapia
relaciona-se com a mudança de crenças
prejudiciais que mantêm as preocupações. Mas
apenas mudar as ideias não chega; é necessário
modificar alguns comportamentos e iniciar
outros, aprender a gerir melhor o tempo e as
emoções, identificar as áreas de preocupação,
etc
Se considera ter vários
sintomas de ansiedade, durante a maior parte do
tempo, há mais de 6 meses e que estes estão a
afectar a sua vida pessoal e profissional,
marque a sua consulta.
PARA MAIS
INFORMAÇÕES, VER TAMBÉM:
Bibliografia Consultada
(básica):
- Dougall, A.L.
, & Baum, A. (2001). Stress, health, and
illness. In A. Baum, T. A. Revenson, and J. E.
Singer (Eds.), Handbook of Health Psychology
(pp. 321-337). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.
- Pinel , P. J. (2003).
Biopsychology, Fifth Edition. Allyn and Bacon
Publisher.
-
Leahy, R. L. (2005) Worry Cure: Seven Steps to
Stop Worry from Stopping You
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