Educação
Entre as armas para formar os futuros líderes está a aposta (e o investimento) na capacitação dos atuais gestores - e na parceria com as escolas de negócio
Segundo dados da Fundação Dom Cabral (FDC), especializada na educação de executivos, os programas customizados têm crescido numa média de 28% ao ano, nos últimos cinco anos. Só em 2007, na instituição mineira, foram desenvolvidas cerca de 250 soluções educacionais. E a expectativa é de que este número chegue a 300 esse ano. E a demanda não é intensa apenas para a FDC: FGV-RJ, Ibmec São Paulo, UFRJ e outras escolas de renome são cada vez mais consultadas e contratadas para ajudar empresas a qualificar seus executivos de alta gestão. É a preocupação com a futura liderança rodando o mundo corporativo, sobretudo o RH.Para comprovar como isso vem tirando o sono dos gestores de pessoas, basta lembrar uma pesquisa mundial feita pela IBM Global Business Service e pelo IBM Institute for Business Value que revela que 75% dos profissionais de RH afirmaram estar preocupados com a capacidade da empresa em que atuam em desenvolver futuros líderes (veja mais na edição 241, de dezembro do ano passado).
Para vencer esse desafio, muitas empresas buscam parcerias com instituições de ensino e não têm medo de investir em programas com essa finalidade. Como lembra Maria Teresa Casagrande, gerente administrativa do Grupo Random, de Caxias do Sul (RS), trata-se de um investimento que, além de trazer retorno para a empresa em forma de melhores práticas, também gera maior comprometimento das pessoas que participam desses programas.
Um projeto recentemente criado pela empresa é o Programa de
Desenvolvimento de Gestores de Negócios (PDGN), elaborado em parceria
com uma renomada instituição de educação executiva. Dele participam 17
gerentes e 28 coordenadores, estes últimos do banco de talentos
potenciais do Programa de Sucessão de Gestores.
"Empresas centradas em aprendizagem organizacional são as que têm apresentado melhor resultado nos últimos anos", Manuela, da EDS: empresa subsidia MBAs e mestrado, desde que, entre outras razões, o programa esteja dentro do plano de desenvolvimento individual do executivo |
E um dos segredos dessa parceria entre empresas e instituições de
ensino, na avaliação do professor da FDC, é o alinhamento entre as
soluções educacionais e os resultados da empresa. "A função educacional
passa, assim, a ter um nível de complexidade muito maior, o que passamos
a chamar de 'intervenção educacional'", explica. Nesse conjunto de
fatores de sucesso, há um outro item que não pode ser ignorado: a busca
de alternativas que não sejam tão acadêmicas que não possam ser
aplicadas na organização e nem tão práticas que não tragam conhecimento
de ponta.
Adriana, da Confenar: oferecer programas focados nas necessidades do executivo |
No PDPC, os alunos exercitam habilidades como negociação, comunicação, trabalho em equipe e, principalmente, a lidar com a diferença como uma complementaridade de características. Além de todo aprofundamento acadêmico, Eva acredita que o autoconhecimento e o autodesenvolvimento são recursos preciosos para toda a carreira. "O importante é saber em que perfil de líder o executivo se encaixa. Porque, se for atender a tudo o se diz hoje em dia, precisamos de um super-homem! E até ele tinha a criptonita como fraqueza!", brinca a professora.
No caso da Confederação Nacional das Revendas AmBev (Confenar) e das Empresas de Logística da Distribuição, a preocupação não era formar um super-herói, mas preparar gestores. Por lidar com empresas espalhadas pelo Brasil, a Confenar resolveu apostar na criação de um MBA em parceria com uma instituição de ensino que pudesse oferecer um conteúdo de qualidade e que fosse oferecido em datas que possibilitassem a presença de pessoas de todo o país.
Como lembra Adriana Neves, diretora da Confenar, duas turmas de 45
pessoas já passaram por esse curso e o sucesso foi tão grande que já
existe a possibilidade de ser criado mais um grupo. Além disso, ela
percebe outros resultados: "Sentimos que o nível das discussões aqui
mudou de patamar. E o fato de convivermos com colegas de trabalho de
forma intensiva criou um network interno, com benchmark, o que trouxe
troca de experiências e mais afinidade entre os participantes".
Outro reflexo do sucesso desse MBA é que alguns de seus módulos deram origem ao Programa de Desenvolvimento Borroni, do Ibmec - São Paulo: trabalhando de consultoria especializada |
A busca de uma instituição de ensino para formatar um programa de
educação para executivos pressupõe um maior trabalho por parte da
escola. É o que se pode inferir da experiência do Ibmec - São Paulo,
onde os programas customizados representam 95% dos cursos oferecidos. De
acordo com Luca Borroni, responsável pelos programas customizados da
instituição, os docentes vão a campo para conhecer profundamente tanto
os processos quanto a cultura da empresa, praticamente como um caráter
de consultoria especializada. Eles podem ficar por um período dentro de
uma agência bancária ou no chão da fábrica para desenvolver um programa
específico.
Goret, da FGV - RJ: as pessoas têm assumido cargos de liderança cada vez mais jovens |
Os executivos da EDS que optam por MBAs e mestrados contam com o
programa de Tuition, que prevê o pagamento pela empresa de uma parcela
significativa de cursos de pós- graduação, desde que haja elegibilidade
aos pré-requisitos, como por exemplo, o profissional ter uma performance
que exceda as expectativas e que o programa esteja dentro do seu plano
de desenvolvimento individual.
Coutinho, da FDC: investir em educação é um negócio altamente sustentável |
Há dez anos o jornal britânico Financial Times publica o ranking das melhores escolas de negócio em todo o mundo a partir de uma avaliação dos programas oferecidos por essas instituições para alunos em geral e dos programas customizados. Outros aspectos, como campus, corpo docente, posição dos alunos no mercado de trabalho e diversidade também fazem parte da avaliação. Este ano, ficaram empatadas em 1º lugar a americana Harvard Business School e a suíça IMD. A Fundação Dom Cabral (FDC), de Minas Gerais, figura na 16ª posição. Outra brasileira bem colocada é o Ibmec - São Paulo, que ocupa o 34º lugar, quando são avaliados os programas feitos sob medida.
Fabíola Lago
As 10 mais | ||
1 | Harvard | (EUA) |
2 | IMD | (Suíça) |
3 | Duke University | (EUA) |
4 | Northwestern University | (EUA) |
5 | IESE | (Espanha) |
6 | University of Chicago | (EUA) |
7 | University of Pennsylvania | (EUA) |
8 | Creative Leardership | (EUA) |
9 | Columbia | (EUA) |
10 | Stanford | (EUA) |
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