4.21.2013

Cientistas conseguem prever quando uma música nova agrada ao ouvinte


Experimento descobriu parte do cérebro que se ativa ao ouvir canções desconhecidas, e tamanho da atividade estava relacionado com vontade de pagar pela música

São Paulo -  Já é possível prever qual será a música hit do momento. Uma equipe de pesquisadores descobriu que a atividade neural em regiões do cérebro pode ajudar a prever quanto as pessoas gastariam de dinheiro para comprar uma nova música em uma plataforma digital com o iTunes.
Atividade cerebral dá a pista se ouvinte vai gostar ou não da música | Foto: Reprodução Internet
Atividade cerebral dá a pista se ouvinte vai gostar ou não da música | Foto: Reprodução Internet
No experimento conduzido na Universidade McGill de Montréal, no Canadá, 19 voluntários tiveram as atividades cerebrais monitoradas por ressonância magnética enquanto ouviam 60 partes de músicas que desconheciam. Durante a audição, eles relatavam, como se estivessem em um leilão, quanto estavam dispostos a pagar por cada música. Os pesquisadores observaram que era possível relacionar o aumento da atividade de regiões específicas do cérebro com o valor que os voluntários desembolsavam pela música. A área que foi ativada é o núcleo accumbens, que comanda as emoções e as motivações.
“Basicamente, quanto mais atividade era vista nesta área cerebral na primeira vez que eles ouviam a música, mais dinheiro eles pagavam pela música”, disse, em um comunicado, a neurocientista Valorie Salimpoor, da Universidade McGill. Valorie, que liderou o estudo publicado nesta quinta-feira no periódico científico Science, afirma que o estudo dá provas “neurobiológicas de que quando estamos ouvindo música, mesmo que seja inédita, estamos formando constantemente previsões”.
Com o estudo também foi possível descobrir que o núcleo accumbens não trabalha sozinho. Ele interage fortemente com o córtex cerebral relacionado com a audição e também com partes mais complexas e desenvolvidas do cérebro – relacionados com o reconhecimento de emoção e estímulos abstratos.
“A experiência prazerosa de ouvir música não tem nenhum valor óbvio de recompensa e não é tangível, como chocolate ou dinheiro. É algo que fica apenas nas nossas mentes. Quando a música termina ela fica apenas guardada na memória, então a música é realmente uma recompensa cognitiva”, disse.
Cada um no seu quadrado
Embora o estudo tenha mostrado que é possível prever a partir da análise cerebral quanto a música agradou. Valorie afirma que é preciso levar em conta que cada pessoa tem seu próprio gosto musical que é modelado de acordo com as experiências musicais ouvidas ao longo da vida.
Valorie explica que a parte do cérebro chamada córtex superior temporal é responsável pelo armazenamento de padrões de informação musical, em outras palavras, é responsável por como os sons são organizados no cérebro e classificados entre bons e ruins.
“Dependendo de quais estilos de música estamos acostumados a ouvir, que gênero musical somos expostos, que geração pertencemos temos nosso córtex personalizado. Outro fator importante, é que ele aparenta fazer associações emocionais prévias com alguns padrões musicais” , disse.


As informações são de Maria Fernanda Ziegler, do iG

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