Número de reportagens negativas subiu para 35,22%, contra os 23,78% registrados em 2012
AE
O estudo também mostrou que a imprensa falou menos sobre o Brasil. O
número de textos foi de 4.332, abaixo das 5.109 publicadas em 2012. O
mau humor da imprensa acompanhou o crescente pessimismo do mercado com a
economia brasileira e com o mercado financeiro ao longo do ano passado.
No período mais agudo das manifestações de rua, por exemplo, os níveis
de confiança de diversos setores e dos consumidores voltaram para o
nível de 2009, quando o mundo estava enfrentando o auge da crise
financeira.
"Esse resultado reflete uma leitura mais pessimista da imprensa
internacional sobre a desaceleração econômica e traz algumas referências
mais negativas em termos de fundamentos econômicos, além da questão das
manifestações", afirmou Ciro Dias Reis, presidente da Imagem
Corporativa. "O número de matérias positivas ainda é maior, mas, diante
dos últimos acontecimentos, existe uma tendência de a imprensa
internacional se manter num nível mais cauteloso na comparação com uma
euforia do passado." Em 2010, o porcentual de reportagens positivas
chegou a 81%.
O Boletim Brasil é elaborado desde 2009, e analisa 15 veículos
internacionais, entre eles China Daily (China), El País (Espanha),
Financial Times e The Economist (Reino Unido), The New York Times e
Washington Post (Estados Unidos).
No ano passado, segundo a publicação, houve uma piora da análise da
imprensa internacional sobretudo depois das manifestações de junho. No
terceiro trimestre, o porcentual de textos negativos foi de 42%,
justamente no período em que houve uma violência maior dos protestos.
"As manifestações serviram como um canal de expressão de uma série de
reivindicações. E são questões não plenamente resolvidas, como educação e
saúde. Houve uma concentração de temas num momento específico. A partir
desse momento a curva de coberturas mais negativas se acentuou",
afirmou Reis.
Num recorte detalhado por tema de cobertura, a desconfiança da
mídia internacional também ficou evidente. A categoria de notícias que
mais teve crescimento foi a de Vulnerabilidade, que trata das
deficiências do Brasil. Em 2013, foram 944 reportagens, uma quantidade
bem acima da verificada no ano anterior, quando foram contabilizados 480
textos. Por outro lado, uma das quedas mais acentuadas, de acordo com o
relatório, foi na categoria Local de Investimento, que soma as notícias
sobre investimentos e potencialidade de negócios. De um ano para outro,
o recuo foi de 979 para 703 em quantidade de matérias.
A categoria mais comum na mídia internacional foi a de player
internacional - textos que abordam a relevância do Brasil no cenário
mundial. Ao todo, foram 1.235 artigos.
Por veículos, o chileno El Mercúrio foi o que mais publicou
reportagens sobre o Brasil no ano passado. O jornal publicou 986
notícias sobre o País. Apesar da liderança, a quantidade de matérias
sobre o Brasil foi maior em 2012, quando foram publicados 1.321 artigos.
"O Chile - até de uma maneira discreta - tem aumentando os
investimentos no Brasil. A cobertura sobre o País tem se intensificado
por vários motivos. Recentemente, o Itaú comprou ativos no Chile e
grandes empresas chilenas estão se tornando mais presentes aqui", disse o
presidente da Imagem Corporativa.
A segunda posição foi ocupada pelo Clarín (524). Na sequência,
apareceram o Financial Times (497), o The Wall Street Journal (421), e o
Le Monde (343).
Fim do ano
Levando-se em conta o apenas quarto trimestre de 2013, o estudo
apurou que foram publicadas 995 reportagens sobre o Brasil, uma queda de
9,62% na comparação com os três meses anteriores. Foi o resultado mais
baixo desde o terceiro trimestre de 2009 (783 textos).
Nesse período, o assunto que mais repercutiu na imprensa
internacional foi a revelação da espionagem dos Estados Unidos ao Brasil
e a reação da presidente Dilma Rousseff. Foram 79 reportagens, sendo 46
negativas. A Copa do Mundo foi o segundo assunto mais comum entre os
jornais estrangeiros, com 52 reportagens - 25 negativas. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
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